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sábado, novembro 23, 2024
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Golpistas apoiados pelo agronegócio tentam invadir Esplanada dos Ministérios

O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu suspender a sessão desta quarta-feira (8/9), às 16 horas, que julgaria o marco temporal para demarcação de terras indígenas. A tese, que altera diretamente os critérios para demarcação, com prejuízos a populações tradicionais, é encampada pelo governo Bolsonaro e pela bancada ruralista no Congresso. Fux declarou que a suspensão, incomum para o horário, ocorreu para que os magistrados pudessem cuidar de outras demandas dos gabinetes antes de que se iniciasse a análise do mérito do tema relacionado aos povos tradicionais. O julgamento teria passado para esta quinta-feira.

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O motivo, no entanto, foi outro: mais de cem caminhões ocuparam a Esplanada dos Ministérios para pressionar pela derrubada do bloqueio que dá acesso ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Congresso Nacional. Segundo o jornal Folha de S. Paulo o movimento tem o dedo de empresas do agronegócio de Goiás, Santa Catarina e São Paulo.

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A maioria dos caminhões estacionados no canteiro central e nas vias da Esplanada traz a identificação delas.

Veja as imagens do bloqueio clicando aqui.

Autogolpe

A movimentação é mais um passo em direção a um autogolpe que Bolsonaro tenta colocar em curso, com o objetivo de implantar uma ditadura no Brasil. “A política de confronto de Bolsonaro tem assumido cada vez mais uma afronta à democracia e seus valores fundamentais, como a coexistência das diferenças. E essa política terá prosseguimento contando ele com grupos capazes de criar embaraços aos poderes da República”, afirmou o cientista político Lincoln Penna, autor do livro “O capitão, o cabo e o capitalismo” que compara as trajetórias de Jair Bolsonaro, Adolf Hitler e como ambos são instrumentos do capitalismo e sua opressão sobre os trabalhadores.

Para Vladimir Safatle, professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, o golpe já começou. Em artigo pulicado no jornal espanhol El País, ele afirma: “Aqueles que se comprazem acreditando que o verdadeiro apoio de Bolsonaro é 12% são os que normalmente fazem de tudo para que nós não façamos nada. Mas para quem quiser de fato encarar o que está a ocorrer no Brasil, não há nada mais a dizer do que “o golpe começou”. Sfatle frisa que a manifestação do 7 de setembro marcou uma clara ruptura no interior do governo Bolsonaro. “De fato, acerta quem diz que o governo acabou. Mas isso significa apenas que Bolsonaro pode agora abandonar a máscara de governo e assumir a céu aberto o que esse “governo” sempre foi, desde seu primeiro dia, a saber, um movimento, uma dinâmica de ruptura que se serve da estrutura do governo para ampliar-se e ganhar força”.

Clique aqui para ler o artigo do professor da USP.

Trânsito bloqueado

O trânsito seguia bloqueado e, até o começo da tarde de quarta-feira (8), havia uma grande quantidade de manifestantes bolsonaristas em frente aos ministérios. O clima é de hostilidade a jornalistas e aos policiais militares que fazem a barreira que impede o acesso ao STF e ao Congresso.

O Supremo é o principal alvo de Bolsonaro e de seus apoiadores que compareceram às manifestações em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os manifestantes que seguem em Brasília, a bordo de caminhões, falam abertamente em invasão ao STF, em fechamento da Suprema Corte e em prisão dos ministros, dando sequência ao discurso golpista de Bolsonaro.

Os manifestantes chegaram a tentar invadir o Ministério da Saúde na manhã desta quarta. Funcionários ficaram assustados com a violência empregada pelos apoiadores do presidente, que tentaram agredir jornalistas.

Crime de responsabilidade

O presidente Jair Bolsonaro cometeu uma série de crimes de responsabilidade, durante seus discursos na última terça-feira (7). De acordo com juristas, entrevistados pelo G1, Bolsonaro afrontou princípios constitucionais, como dizer que não vai cumprir decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Em seu discurso na Avenida Paulista, no centro de São Paulo, Bolsonaro afirmou que não vai mais cumprir as decisões de Moraes, voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro, outros integrantes do STF e governadores e prefeitos que tomaram medidas de combate ao coronavírus.

Os especialistas afirmam que as palavras proferidas por Jair Bolsonaro e as ameaças aos ministros do STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afrontam diretamente a Constituição Federal de 1988. De acordo com Gustavo Binenbojm, doutor em Direito Público e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), os discursos são passíveis de impeachment contra o presidente.

*Com informações da Folha de S.

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Paulo e agências de notícias.

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