Com mais de 500 mil mortos e cerca de 10 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo até o momento, o coronavírus segue avançando e causando vítimas em números cada vez maiores, o que, para especialistas e pesquisadores do mundo inteiro, vem sendo agravado pelo precipitado afrouxamento das medidas de distanciamento social em países onde a evolução da pandemia ainda não atingiu um cenário de estabilidade. Os países com maior número absoluto de óbitos pela covid-19 são, por ordem, Estados Unidos (125.714), Brasil (57.070), Reino Unido (43.634), Itália (34.738) e França (29.781).

Em relação ao número de pacientes recuperados de covid-19, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos, tornando-se o país com maior número de pessoas recuperadas no mundo. Aqui, 660.469 pacientes já se recuperaram, contra 656.161 pacientes dos EUA e 374.557 pacientes da Rússia. Esses números foram divulgados na última semana pela Universidade Johns Hopkins, que tem monitorado a pandemia do novo coronavírus a partir de dados fornecidos por cada país.

Apesar de perspectivas cada vez melhores para a obtenção de uma vacina contra a covid-19 no curto prazo, o fato é que a doença ainda não tem cura e por isso a única alternativa para evitar um aumento descontrolado nas taxas de disseminação e óbitos é a continuidade das medidas de distanciamento social, com monitoramento diário por parte de governos.

Capitais brasileiras que relaxaram no isolamento social tiveram que retomar medidas restritivas

No Brasil, onde o número de infectados pelo novo coronavírus já ultrapassou a marca de 1,3 milhão de pessoas, a flexibilização das medidas de distanciamento social adotada em muitas capitais está sendo considerada como precipitada por cientistas e especialistas em saúde. Na semana passada, três capitais brasileiras que haviam relaxado na adoção do isolamento social — Belo Horizonte, Florianópolis e Porto Alegre — tiveram que retomar as medidas restritivas anteriormente adotadas, em face do aumento das taxas de contaminação e do número de novos casos.

No Rio de Janeiro, onde nas últimas duas semanas a prefeitura adotou a flexibilização do isolamento social, a taxa de contaminação pela covid voltou a subir. É o que aponta estudo elaborado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo o estudo, na terceira semana de junho o índice já havia aumentado, de moderado para alto. Mas, nos últimos dias, a contaminação subiu de 1,39 para 1,46 na cidade. Em termos de disseminação, isto significa que duas pessoas doentes podem infectar quase três. Entre as medidas de flexibilização adotadas por Marcelo Crivella, e criticadas duramente por especialistas em saúde, estão a volta do funcionamento de academias de ginástica, salões de beleza, shopping centers, público nos estádios de futebol e em igrejas.

Em entrevista ao jornal O Globo, o médico infectologista Roberto Medronho, um dos autores do estudo da URFJ, criticou a reabertura, que classificou de ‘precipitada’. “Os critérios para a reabertura precisam ser revistos.

É necessário que não sejam antecipadas algumas medidas. Os dados precisam ser transparentes”, afirmou.

Em dois meses, a Covid-19 provocou um terço dos óbitos no Rio de Janeiro e matou mais que o pior ano da violência no estado.

‘Pandemia está longe de ter terminado’, afirma diretor-geral da OMS

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou nesta segunda-feira (29) que a pandemia do coronavírus está longe de ter terminado. Segundo ele, o “pior ainda está por vir”.

Aos principais jornais do mundo, Tedros disse: “embora muitos países tenham feito algum progresso globalmente, a maioria das pessoas permanece suscetível e o vírus ainda tem muito espaço para se movimentar”.

A OMS já havia alertado, na semana passada, para o recrudescimento de infectados na Europa, onde muitos países avançaram na retomada das atividades econômicas e relaxamento das medidas de distanciamento social.