“É esta empresa [Grupo Conceição] que vai trabalhar aqui. Se esta empresa não te interessa, não é aqui o seu lugar”. Com este tom agressivo, intimidatório e ameaçador, foi assim que o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Gilberto Barichello, dirigiu-se aos servidores e servidoras que, na última quarta-feira (23/10), lotaram o auditório do prédio da maternidade do Hospital de Bonsucesso (HFB) para conhecer o “modelo de governança” da empresa gaúcha.
A inaceitável e agressiva fala de Barichello foi pronunciada na frente da nova diretora-geral do HFB, Elaine Lopez, que nada fez diante de tamanho assédio moral contra os trabalhadores e trabalhadoras do Hospital de Bonsucesso.
“Os servidores do Hospital Federal de Bonsucesso não podem ser obrigados a trabalhar para uma empresa pública de direito privado, como é o Grupo Conceição. Eles devem ter resguardado o seu direito de pedir para sair do Hospital de Bonsucesso. Para isto, no entanto, o Grupo Conceição vem criando dificuldades. Primeiro, disse que em até 90 dias os servidores que o desejassem poderiam manifestar o desejo de sair do hospital. Depois, o Grupo Conceição aumentou este tempo para 170 dias. É absurdo”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev/RJ que denunciou ao Ministério da Saúde a tentativa de intimidação promovida por Gilberto Barichello contra os trabalhadores e trabalhadoras do HFB. “Cobrei da coordenadora-geral de gestão de pessoas do Ministério da Saúde, Etel Matielo, que tome providências contra esta situação inaceitável. Na próxima terça (29/10), em reunião com o Ministério da Saúde, vamos exigir que os servidores possam sair imediatamente e que não sejam obrigados a trabalhar sob a batuta assediadora do Grupo Conceição, uma empresa que inclusive responde a centenas de ações trabalhistas e também deve o pagamento de tributos federais, explicou.
Dirigente do Sindsprev/RJ com forte atuação no Hospital Federal de Bonsucesso, Sidney Castro também fez duras críticas à agressiva fala do presidente do Grupo Conceição. “Foi um verdadeiro absurdo, uma prática óbvia de assédio contra os trabalhadores e trabalhadoras do HFB, que têm todo o direito de apresentar suas críticas às práticas autoritárias do Grupo Conceição, uma empresa que pretende se apropriar da experiência e da expertise dos servidores do Hospital de Bonsucesso para, depois, chutá-los e se desfazer deles. É esta empresa arrogante e que desrespeita os trabalhadores que agora o Ministério da Saúde está impondo no Hospital de Bonsucesso. Não aceitaremos estas práticas típicas de governos de extrema direita, mas que infelizmente o PT parece ter também assumido como suas, o que é lamentável e inconcebível”, afirmou ele.