Apesar dos seguidos ataques e acusações descabidas do procurador Alessandro Stefanutto à crescente paralisação nacional, o Comando Nacional de Greve dos Servidores do INSS-Fenasps retomou, nesta quarta-feira (11/9), pela manhã, as negociações interrompidas pelo governo Lula após ver sua proposta rebaixada ser rejeitada pela Plenária Nacional dos Servidores realizada em 21 de agosto. No encontro — a princípio com o ministro da Previdência, Carlos Lupi, e Stefanutto —, estava prevista a entrega de uma pauta mínima de reivindicações dos servidores em greve.
Apesar de estar prevista no acordo proposto pelo próprio presidente do INSS ao CNG — para pôr fim à ocupação da Presidência do Instituto que reverteu o corte do ponto em 5 de setembro —, a reunião só aconteceu devido à pressão das manifestações dos servidores que vieram de todo o país e cercaram o prédio do INSS, no Bloco ‘O’ da Esplanada dos Ministérios, desde a segunda-feira (9/9).
Houve atos nos estados, como o da Gerência Executiva de Petrópolis (RJ), e o cortejo fúnebre nas ruas do Centro de Porto Alegre (RS). Também foi fundamental a intermediação dos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Sâmia Bonfim (PSOL-SP), que se reuniram na terça-feira (10/9) com Lupi. Na ocasião, o ministro se comprometeu a receber o CNG nesta quarta-feira (11/9).
A proposta feita no segundo dia da ocupação ao CNG por Stefanutto era de que as reivindicações (veja no final da matéria) fossem negociadas como aditivo ao acordo considerado espúrio pelo CNG, assinado pelo governo com uma única entidade sindical, a CNTSS, sem a consulta prevista em lei às assembleias de base dos servidores. O compromisso de Stefanutto era o de negociar e acolher todas as questões que estivessem na alçada do INSS e do MPS, e de enviá-las com o aval destes órgãos ao Ministério da Gestão e Inovação (MGI).
Até a publicação desta matéria, a reunião não havia terrminado.
Stefanutto usa prática bolsonarista para atacar a greve – O procurador Stefanutto vem usado e abusando de ataques os mais diversos para tentar sem sucesso esvaziar e desqualificar a greve nacional dos servidores. Este comportamento vem aumentando a sua rejeição entre os funcionários do Instituto.
Nesta quarta-feira, dia do encontro com o CNG, o presidente do INSS mostrou o seu total desespero e despreparo para negociar com trabalhadores em campanha salarial, ao dizer, em entrevista ao site Metropoles, que a greve era coisa de bolsonaristas infiltrados. “Dentro desses grupos eu vejo sinais claros de participação de bolsonaristas que não querem o governo. Não quero politizar, como eles estão politizando, a greve, mas esse movimento agora de cercar as pessoas não vai ao encontro da democracia”, disse, numa referência à vigília dos servidores em Brasília.
Esta informação, partindo de um gestor público que negocia diretamente com o movimento sindical há anos, mostra que, ao contrário, é ele quem usa de práticas bolsonaristas, como a da fake news, que consiste na disseminação de informações falsas para desqualificar um adversário, como fizeram a Operação Lava Jato com Lula, os golpistas que derrubaram a presidente Dilma Roussef, bem como o ex-presidente Bolsonaro e seus apoiadores.
Veja os principais pontos da pauta entregue pelo CNG-Fenasps
Os principais pontos da pauta continuam sendo o cumprimento do acordo de greve de 2022; incorporação da GDASS ao vencimento básico; carreira típica de Estado; alteração de ingresso de técnico do seguro social para nível superior; revogação das instruções normativas do MGI, nº 24/2023, 52/2023 e 21/2024.
E ainda: condições de trabalho e reestruturação dos processos de trabalho para todos os servidores da Carreira do Seguro Social, independente da modalidade de trabalho; jornada de 30 horas de trabalho para todos e cumprimento das jornadas estabelecidas em lei (assistente social, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, dentre outros); reconstrução dos serviços previdenciários (Serviço Social e Reabilitação Profissional), diante do desmonte realizado nos últimos anos, fim do assédio moral institucional; adicional de qualificação (AQ); que a greve de 2022 seja considerada compensada; e os dias da greve deste ano, sejam devolvidos.