Deputados da bancada do PT enviaram na terça-feira (5/10) requerimento solicitando explicações ao ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre tráfico de influência que teria sido praticado pela primeira-dama Michele Bolsonaro, junto ao presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, para a obtenção de financiamento para empresas ‘amigas’. Guimarães já vem sendo investigado por utilizar a verba do banco público para atender interesses políticos pessoais, financiando viagens suas pelo país, incentivadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Desta vez as denúncias são de que Pedro Guimarães tenha beneficiado os “amigos do Rei” a pedido de Michelle Bolsonaro.
O caso da liberação dos recursos a pedido da mulher de Bolsonaro foi tema da matéria da Revista Crusoé.
O texto lembra que, no auge da pandemia, as empresas brasileiras encontravam séria dificuldade na liberação de crédito pela Caixa às empresas. Explica, no entanto, que um grupo de amigos e conhecidos da primeira-dama, adeptos e defensores do governo Bolsonaro, não encontraram qualquer dificuldade.
Na justificativa do requerimento de informações, os deputados afirmam que “todos esses fatos indicam que a Instituição Caixa Econômica Federal, com o beneplácito e empenho pessoal de seu presidente, foi usada indevidamente, ilegalmente e criminosamente, para privilegiar interesses privados da esposa do Presidente da República e destes (seus apoiadores), em detrimento da observância dos princípios da administração (moralidade e impessoalidade) e da legislação que deve nortear a concessão de créditos pela referida Instituição Financeira Pública”.
O caso é grave pois mostra a quebra de princípios que norteiam a administração pública. A denúncia do direcionamento da concessão de crédito através de indicação pela primeira dama, deve ser investigado profundamente, pois, se confirmadas as denúncias, além de direcionamento político houve também a quebra de princípios que orientam a gestão pública de que deve se tratar todas as pessoas igualmente e sem distinções. Suas relações pessoais não devem influenciar no atendimento e ele não deve ser beneficiado ou prejudicado pelo cargo que ocupa, não sendo permitido beneficiar amigos ou parentes com recursos ou serviços públicos, sempre se pautando na legalidade e na ética.
Escândalos em séria
Para o secretário de Relações de Trabalho da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Jeferson Meira, o caso se contrasta com os interesses de privatização do banco público. “Esse é o projeto controverso desse governo Bolsonaro: quer privatizar as empresas públicas, mas faz uso delas em benefício próprio. São caras de pau! Esse governo contabiliza vários escândalos e uso político dos cargos públicos que ocupam”, concluiu.
Segundo a revista, Michelle Bolsonaro teria se empenhado na tarefa de “ajudar” amigos e conhecidos, fazendo diversas tratativas, por e-mail ou em encontros presenciais, com Pedro Guimarães.
A primeira teria chegado a disponibilizar funcionários públicos para atuarem como facilitadores (despachantes) das empresas beneficiadas com os recursos públicos emprestados pela Caixa, que também teria designado empregados para atender aos pleitos da primeira-dama.