Em seu primeiro dia, nesta quinta-feira (19/10), o “Curso Sociedade II, Conjuntura Nacional e Internacional”, abordou os temas da ofensiva neoliberal e das novas tecnologias, e os impactos gerados por ambas para os trabalhadores e toda a sociedade. O evento, que terá novos debates nesta sexta-feira (20/10) é organizado pela Secretaria de Formação do Sindsprev/RJ e voltado para os servidores da seguridade e do seguro social, representados pelo sindicato.

O objetivo é estudar fatores sociais e econômicos na visão marxista sobre a sociedade de classes sociais e formular análises de conjuntura, entre outros, para o cenário de negociação salarial dos servidores federais. Pela manhã, o professor e funcionário da Secretaria de Formação, Júlio Condaque, fez uma palestra sobre a importância da caracterização do contexto nacional para, por exemplo, melhor compreensão e participação da categoria em sua campanha salarial nacional em curso.

Júlio lembrou que a eleição de Lula removeu do Planalto a política de extrema-direita encarnada por Jair Bolsonaro, com mudanças em todos os aspectos e impacto na relação governo-funcionalismo federal. Apesar da mudança, os servidores encontram problemas na relação com o novo governo. Citou, entre eles, os cortes no orçamento público, sobretudo nas áreas sociais, como saúde e educação, fruto do arcabouço fiscal, e o impasse verificado nas negociações da campanha salarial.

“Foi importante a retomada da Mesa Nacional de Negociação Permanente, mas isso foi feito sem que tenha sido garantida a reposição das perdas e a revogação de diversas medidas impostas pelo governo anterior. A muito custo foi conseguido através da negociação na Mesa, o pagamento de um reajuste emergencial de 9%, que nem de longe repõe as perdas salariais totais”, frisou.

Acrescentou que as negociações acabaram sendo suspensas. Disse que este quadro acontece devido a ser este um governo de composição, que segue uma linha que pode ser entendida como liberal, buscando o Estado mínimo, através do menor investimento público e da privatização. Deu como exemplo o que acontece na saúde e no INSS.

Impactos das novas tecnologias

Em seguida, o professor de Geografia, Antônio Paiva, o Catito, falou sobre as novas tecnologias e os impactos sobre os trabalhadores. Lembrou que o capitalismo vive uma crise e que vai procurando se reestruturar ao longo das décadas, através de vários meios, entre eles, o uso de novas tecnologias. Chamou de quarta revolução industrial, a que vivemos agora, com a automação industrial, a robótica, a digitalização dos serviços, as redes sociais, com a substituição cada vez maior do chamando ‘trabalho vivo’, realizado pelo ser humano, pelo ‘trabalho morto’ das máquinas.

Classificou as novas tecnologias como um avanço, mas advertiu que passam a ter impactos negativos porque são impostas pela classe dominante, a burguesia, para gerar mais lucro, cortando direitos, empregos e aumentando a exploração. “É importante fazer uma análise econômica, mas também política, e compreender como o trabalhador se insere nesta realidade de aumento da exploração e numa situação de ‘direitização’ em todo o mundo. Este não é um fenômeno que acontece só no Brasil. É importante lembrar que, aqui, isso chegou com o bolsonarismo“, afirmou.

Mais palestras nesta sexta-feira

Na parte da tarde a plenária se dividiu em grupos de debates sobre “Conceito de Estado e luta de classes”, “Trabalho e novas transformações no mundo” e “Ideologia do Estado capitalista”. Na sexta-feira o curso será retomado às 9 horas, com a palestra “Ideologia de Gênero, racial e religiosa”, com o professor e filósofo Edson Bonfim e a enfermeira, integrante do Departamento Estadual de Saúde, Maristela Farias.

Em seguida haverá trabalho de grupo sobre estes temas. Após o almoço será ministrada palestra sobre “Exposição e análise e caracterização política, conjuntura internacional e nacional”, com Edson Bonfim. Às 16h30 haverá entrega de diplomas do curso.