Dados do Cadastro Único do Ministério da Cidadania mostram que a pobreza extrema no país aumentou e já atinge 13,2 milhões de pessoas. E as perspectivas não são boas, já que a política econômica do governo Bolsonaro (PSL-RJ) tende a ampliar este número, ao provocar o aumento da estagnação da atividade econômica e da recessão, com impacto negativo sobre emprego e renda.
O Nordeste tem o pior cenário de aumento da extrema pobreza.
As maiores taxas para cada 100 mil habitantes são do Piauí (14,087), Maranhão (13,861) e Paraíba (13,106). De junho de 2018 a junho de 2019, Roraima e Rio de Janeiro tiveram o maior aumento da extrema pobreza, com incrementos de 10,5% e de 10,4%, respectivamente.
Brasil deve voltar ao Mapa da Fome
No Distrito Federal, o total de famílias inscritas no Cadastro Único, até junho de 2019, era de 158.280, entre as quais 71.091 com renda familiar per capita de até R$ 89,00 por mês. Em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) tirou o Brasil do Mapa da Fome, composto por países em que mais de 5% da população consome menos calorias do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Há o temor, porém, de que o país volte a fazer parte do grupo.
Bolsonaro e Guedes aumentam a recessão
A política econômica do governo Bolsonaro vem provocando, nos últimos seis meses, queda do consumo, da produção, aumento do número de falências, queda substancial da renda, alto desemprego e piora na qualidade dos serviços públicos prestados à população em consequência dos cortes de verbas. Segundo economistas, esta é a pior recessão já vista em 13 anos no país.
A economia brasileira sofreu retração de 0,13% no segundo trimestre de 2019, de acordo com o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br). O dado é uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (12). A queda entre abril e junho deste ano foi verificada na comparação com o primeiro trimestre de 2019.
No primeiro trimestre, já tinha sido medida uma queda de 0,2%. Com isto, o Brasil entrou no que os economistas chamam de recessão técnica, com alta do desemprego e dos índices de falência, queda da produção e do consumo. O setor de serviços registrou retração de 0,6% no segundo trimestre, a produção industrial caiu 0,7% e as vendas do comércio 0,3%. O desemprego é muito alto: de 2014 para 2018, dobrou o número de trabalhadores desempregados. Eram pouco mais de 6 milhões e hoje são 12 milhões.
Aumenta a renda dos mais ricos
Segundo estudo do economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas Social (FGB-Social), o Brasil vive o mais longo período de aumento de desigualdade da sua história. A concentração de renda, ou seja, o dinheiro de posse dos mais ricos cresce há 17 trimestres. O desemprego elevado, que ainda atinge 12 milhões de pessoas, é a principal causa para a alta da desigualdade.
Os únicos que se beneficiam são os mais ricos, os 5% do topo da pirâmide social. Para os trabalhadores, a recessão não foi recuperada. Sua renda teve perdas importantes e segue estagnada.
A dificuldade de encontrar uma vaga prejudica ainda mais os jovens. A renda do trabalho dos brasileiros com idade entre 20 e 24 anos encolheu 17% entre o quarto trimestre de 2014 e o segundo trimestre de 2019, diz o estudo.
Reforma piora economia
A reforma da Previdência será um novo elemento de contração da economia, ao ampliar o tempo para a aposentadoria e reduzir drasticamente os valores deste benefício e das pensões, hoje e no futuro. Será menos dinheiro circulando na economia, diminuindo o consumo, as vendas e a produção. A reforma agravará ainda mais a concentração de renda e trará queda da própria arrecadação previdenciária pelo desalento dos trabalhadores mais jovens com a Previdência futura.