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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Corte crescente de verbas gerou desmantelamento da rede pública de saúde e colapso é iminente

Mesmo antes da pandemia do novo coronavírus, a rede pública de saúde do Rio de Janeiro – hospitais federais, do estado e da Prefeitura do Rio – devido aos sucessivos e crescentes cortes de verba, já não tinha condições de atender a população. O número de profissionais nas unidades é, há muito tempo, insuficiente. Só na rede federal, em 2017, havia necessidade de se contratar imediatamente 8 mil novos servidores, o que não ocorreu, já que o último concurso foi realizado em 2010. Os cortes cada vez maiores de recursos, que se intensificaram nos governos Temer e Bolsonaro, Witzel (estado) e Crivella (município do Rio), agravaram ainda mais, também, a falta de insumos (todo tipo de material, luvas, fios de sutura, medicamentos) e equipamentos para exames e procedimentos mais complexos como cirurgias e internações, inclusive em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).

Com a pandemia do novo coronavírus, a situação se tornou ainda mais crítica, aproximando-se rapidamente do colapso. “É o caos dentro do caos. Estamos nos aproximando muito do que aconteceu na Itália, ou talvez mais grave, com a explosão do número de contaminados, uma rede pública de saúde ainda mais deficiente por conta do sistemático corte de verbas que gerou um enorme déficit de pessoal, falta crônica de equipamentos, inclusive de UTIs, e leitos à disposição. Antes da pandemia esta situação provocada pelos governos se traduzia num verdadeiro genocídio. Com o coronavírus, já não sei nem que termo usar para classificar o que já está acontecendo e que tende a se agravar”, alerta o médico Júlio Noronha, diretor do Corpo Clínico do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) e integrante do movimento “Nenhum Serviço de Saúde a Menos”, criado há anos para denunciar a situação de desmantelamento da rede pública, as consequências para a população e cobrar soluções imediatas. Segundo o profissional, a situação é tão grave que não há o que fazer. “É como tentar consertar um avião em queda”, comparou.

Falta de proteção contamina profissionais

Outra situação semelhante à da Itália é a contaminação dos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem – aqui, agravada pela falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) –, seja pelo cansaço gerado pelo número de plantões dobrados, devido à falta de pessoal e pelo aumento exponencial do número de pacientes com covid-19. “Sem a proteção adequada e extremamente cansados, passamos a ficar mais expostos à contaminação. Doentes, temos que nos afastar, reduzindo ainda mais a capacidade de atendimento”, advertiu Noronha.

O quadro é semelhante na rede municipal e do estado, segundo Cintia Teixeira, profissional da rede estadual de saúde e também integrante do movimento “Nenhum serviço de saúde a menos”. “O descalabro é tão grande que o Ministério Público chegou a entrar com ação para obrigar a Prefeitura do Rio de Janeiro a prover os hospitais de equipamentos, profissionais em número suficiente para atender aos casos de contaminados pela Covid-19 e de Equipamento de Proteção Individual (EPI), já que é gigantesco e crescente o número de funcionários contaminados por falta de proteção ou com proteção inadequada”, afirmou.

Cardoso Fontes: mais de 50% de profissionais contaminados

Christiane Gerardo, diretora da Regional Zona Oeste do Sindsprev/RJ, denuncia que a falta de EPIs e o número elevado de pacientes com Covid-19 fez com que o Hospital Federal Cardoso Fontes, onde trabalha como técnica de enfermagem, chegasse à absurda marca de 52% do quadro funcional contaminado até este dia 5 de maio. “Gestores estão nos obrigando a usar a mesma máscara de proteção durante cinco plantões, quando o exigido é o descarte após o uso ao final de um plantão, levando à contaminação”, denuncia.

A situação do Cardoso Fontes obrigou a direção da unidade a enviar ofício, no último dia 22 de abril, à representação do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, o Núcleo de Gestão dos Hospitais Federais, relatando a falta de medicamentos, inclusive para os internados graves com Covid-19 – o que acontece também na rede municipal de saúde e em toda a rede federal. Na carta, alerta também para a ausência de EPIs e a alta quantidade de profissionais infectados. A direção também especifica os remédios que estão em falta.

No item 24 do ofício, está escrito que medicamentos para intubação tiveram “suas projeções de consumos aumentados significativamente, casos do cisatracúrio (3.300%) e da azitromicina (1.400%)”. Depois, há informações sobre a escassez de diversos remédios na unidade.

Já inclusive estavam zerados os estoques de “cisatracúrio 2mg/ml; atracúrio 10mg/ml, suxametônio 100mg; fentanil 0,05mg/ml c/10ml “, todos usados no tratamento de coronavírus.

Tendência é o colapso total

O quadro tende a se agravar ainda mais, se aproximando do colapso da rede pública de saúde, mesmo não tendo o Brasil chegado ainda ao pico dos casos de contaminação e mortes devido ao novo coronavírus. Isto porque, no dia 31 de maio, vencem os contratos de profissionais que trabalham de forma temporária nos hospitais da rede federal, como no Hospital de Bonsucesso, Andaraí, Lagoa, Ipanema, entre outros. O Ministério da Saúde, apesar de cobrado há anos, não apresentou uma solução, fosse ela a renovação ou a realização de concurso público.

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Os contratos temporários correspondem a cerca de 40% dos profissionais dos hospitais da rede federal.

Há leitos, mas não podem ser disponibilizados

O número insuficiente de profissionais levou a uma outra situação que é um verdadeiro escândalo. Segundo levantamento do jornal O Globo, enquanto pessoas morrem à espera de atendimento, em 27 grandes hospitais públicos e Coordenadorias de Emergência Regionais (CERs) da cidade do Rio havia, no último dia 28 de abril, 1.

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840 leitos classificados como impedidos. Ou seja, que não podiam receber pacientes por motivos como falta de profissionais de saúde, escassez de insumos ou até por estarem com camas e respiradores quebrados.

Segundo a matéria, há até UTIs prometidas no plano de contingência contra o coronavírus que continuam bloqueadas, aponta o Ministério Público do Rio (MPRJ). Os promotores tentam que a Justiça determine que prefeitura e estado abram, de fato, 155 leitos de terapia intensiva para síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na capital, que, segundo a plataforma de regulação de vagas, continuam impedidos, bloqueados ou funcionando com finalidades outras.

No âmbito geral, no dia 4 de maio havia 472 leitos impedidos na rede da Prefeitura carioca, 196 na estadual, 823 na federal e 349 em hospitais universitários (a maioria federal). No Souza Aguiar, a sala vermelha tinha 11 pacientes para duas vagas. Um leito clínico, porém, estava impedido porque não tinha saída de oxigênio e nem respirador. A situação é crítica nas unidades do município, que sofreram com uma redução de equipes e de investimentos nos últimos anos.

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