Nenhuma medida foi tomada pelo governador Wilson Witzel para preservar a saúde dos servidores dos hospitais do estado contra o adoecimento causado pela água tóxica, suja, com cheiro e gosto de terra, devido ao tratamento inadequado feito pela Estação do Guandu. A denúncia foi feita pela diretora do Sindsprev/RJ, Clara Fonseca. Acrescentou que o secretário de saúde do estado, o major da PM Edmar Santos, tem se negado a receber as entidades dos servidores, entre elas o Sindicato, que cobram uma solução para este e outros problemas.
A dirigente lembrou que desde setembro de 2019 foi encaminhada uma lista de reivindicações que o major Santos se comproeteu a responder em 15 dias e não o fez até hoje, passados cinco meses. Entre elas o pagamento do adicional noturno, do triênio, que os salários sejam creditados até o quinto dia útil do mês seguinte ao trabalhado, reajuste do auxílio-refeição, pagamento do adicional de qualificação, progressão da carreira e incorporação do PCA. Outro assunto é a implantação do Plano de Cargos e Remuneração (PCR).
“De lá para cá, sem negociação, os problemas têm se acumulado. Como o da água que os servidores vêm bebendo,, adoecendo, ou tendo que tirar do próprio bolso para comprar água mineral, o que mostra um enorme descaso do secretário e de todo o governo”, disse Clara. Outro problema é o não cumprimento do compromisso assumido pelo secretário em setembro de criar o programa de saúde do trabalhador, com equipes médicas voltadas para os profissionais dos hospitais estaduais.
Abandono dos hospitais
O Sindsprev/RJ também quer que seja resolvida a situação de extrema precariedade das unidades, com déficit de servidores. Só ano passado, foram mais de mil aposentadorias sendo que não houve concurso para a reposição de mão de obra.
Outro agravante é o corte nas verbas para a compra e manutenção de equipamentos, insumos de todo o tipo, como fios de sutura, esparadrapo e medicamentos.
Além disto, as entidades dos servidores querem o fim do desmonte da saúde. No Carlos Chagas, por exemplo, foi fechada a Pediatria. “Por que fechou? Nós servidores e toda a população cobramos uma explicação, que até agora o secretário se nega a dar”, frisa Clara. Já o Hospital Eduardo Rabelo além do problema da água, enfrenta precarização, com obra no Ambulatóriio há mais de quatro meses e atendimento improvisado na sala da Fosioterapia. “As marcações que antes eram feitas por cartões, passaram para o Sisreg. Como é que um idoso vai esperar meses por um atendimento?
E, paralelamente, têm os esquemas das “Márcias”, em que certas pessoas conseguem ser atendidas rapidamente”, contou a dirigente.
“Falta, ainda, informação para a população usuária sobre as especialidades que estão à disposição no Eduardo Rabelo. A secretaria não faz isto porque age com descaso para com os pacientes que precisam de atendimento”, disse.
Gatos e piolhos
Outra questão é a infestação de gatos no Eduardo Rabelo que a administração da unidade decidiu resolver de uma forma cruel: isolou os animais em uma ala abandonada, confinados sem água a alimentação. “É muito grave. Tem que ser pensada uma solução que não seja a morte destes animais por inanição”, afirmou Clara.
Acrescentou que outro problema são os dormitórios dos profissionais de saúde da unidade com número insuficiente de leitos, fatla de ar-condicionado e com infiltrações. Além disto, os servidores ainda têm que trazer roupas de cama de casa.
Já no Azevedo Lima, há infestação de piolhos. A praga atinge pacientes e funcionários, há 20 dias. “Até agora não sabemos de nenhuma providência da secretaria para solucionar o problema”, disse.
Intermedicação de parlamentares
O Sindsprev/RJ enviou diversos ofícios cobrando negociação com o secretário de saúde, praticamente um por mês, desde setembro. Não houve resposta. Diante disto, se reuniu com parlamentares – o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ) e a deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ).- que se dispuseram a intermediar uma reunião com Edmar Santos.
“Nossa expectativa é a de que tenham êxito. Ou então, vamos voltar a convocar os servidores para pressionar o secretário a nos atender. Esta é uma obrigação que o secretário tem. Ao se negar a negociar, guardando as devidas proporções, está fazendo com os servidores o mesmo que no Eduardo Rabelo a administração faz com os gatos”, afirmou Clara.
Por Olyntho Contente
Da Redação do Sindsprev/RJ