O Brasil ultrapassou nesta quarta-feira (24/3) a inacreditável marca de 300 mil mortos por covid-19. Desde o início da pandemia, em março de 2020, os registros oficiais apontam 300.675 vítimas, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). O índice coloca o Brasil na posição de primeiro país em mortes diárias e segundo em total de óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos. Na última terça-feira (23/3), o Brasil bateu pela primeira vez a aterrorizante marca de 3 mil mortes por covid num único dia. A cada 4 vítimas fatais de covid no mundo, uma é brasileira.
Na mesma data (23/3), Bolsonaro fez um mentiroso pronunciamento em rede nacional de rádio e TV. Após exaltar as ações de seu desgoverno, falsificou a realidade ao afirmar que todos os brasileiros “serão vacinados até o final deste ano”. Informação desmentida pelo próprio Ministério da Saúde, que no mesmo dia anunciou a redução de quase 10 milhões de doses de vacinas previstas para abril. O pronunciamento de Bolsonaro foi acompanhado por protestos e panelaços na maioria das capitais e cidades de médio porte do Brasil.
Brasil está cada vez mais isolado no mundo
O recorde de mortes e de disseminação da doença em todo o país já fazem do Brasil o epicentro da covid em todo o mundo. Exemplo universal da mais absoluta incompetência, desinformação, falta de planejamento e negligência no trato da covid. Exemplo de tudo o que não deve ser feito diante de uma pandemia. Vergonha mundial.
O completo fracasso do governo Bolsonaro no combate à pandemia vem isolando ainda mais o Brasil no cenário internacional, uma vez que o país se transformou, segundo especialistas e pesquisadores em saúde, numa experiência viral a céu aberto, sendo visto pelo resto do mundo como uma grave ameaça sanitária. Na maioria dos países latino-americanos, europeus e asiáticos, a entrada de visitantes brasileiros está proibida por tempo indeterminado.
Brasil vacinou apenas 6% da população. Coronavírus agradece
Ao contrário da maioria dos outros países, no Brasil a vacinação contra a covid segue a passo de tartaruga. Aqui, após dois meses de imunização, apenas 6% da população foi efetivamente vacinada.
Tal situação, segundo especialistas e pesquisadores em saúde, cria chances cada vez maiores para que o coronavírus passe por novas e mais agressivas mutações. O que poderá estender indefinidamente a atual crise sanitária, provocando consequências ainda mais graves e imprevisíveis para toda a economia e a vida social do país.
Os sistemas de saúde pública e privada do Brasil estão à beira do colapso. Na maioria dos estados e capitais brasileiras, já não há mais vagas para internações em UTIs e são cada vez mais comuns cenas como doentes morrendo nas filas de espera, corpos se amontoando em corredores, falta de insumos, de oxigênio e sedativos para intubação nos casos mais graves. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o número de pessoas na fila de espera é duas vezes e meia superior ao número de UTIs vagas.
Fiocruz defende lockdown imediato de 14 dias
Diante dessa trágica realidade, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou, nesta quarta-feira (24/3), nota pública pedindo imediata adoção de lockdown (ou isolamento rígido) por um período de 14 dias. Para a Fiocruz, o lockdown é a única forma de reduzir a circulação do vírus e assegurar uma redução de 40% no número de internações. “A continuidade dos cenários em que temos o crescimento de todos os indicadores para covid-19, como transmissão, casos, óbitos e taxas de ocupação de leitos de UTI, resulta em colapso que afeta todo o sistema de saúde no país e no aumento das mortes por desassistência.
Trata-se de um cenário que não é só de uma crise sanitária, mas também humanitária, se considerarmos todos os seus aspectos”, afirma a Fiocruz.