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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Ação repressiva mostrou truculência de policiais contra os servidores do HFB

Sobrou truculência na entrada do Batalhão de Choque da PM e da Polícia Federal no Hospital Federal de Bonsucesso, neste sábado (19), para garantir a entrega da unidade para o Grupo Empresarial Conceição, que tentou assumir a direção da unidade na última terça-feira (15). Os policiais chegaram por volta das 6h para desocupar as salas da direção-geral da unidade, onde desde o último dia 2 de outubro os servidores estavam acampados em protesto.

A categoria está insatisfeita com as condições de trabalho e não concorda com a descentralização da gestão dos hospitais federais. A desocupação foi executada em cumprimento de decisão do juiz federal Fábio Tenenblat, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). Neste primeiro momento houve uma rápida e pacífica negociação de policiais com os manifestantes que estavam no local.

O clima não demorou a ficar tenso. Grupo de servidores do hospital e de outras unidades do Ministério da Saúde conseguiu acessar o pátio do Hospital e manter o protesto em uma área de manobra de veículos. Por volta do meio dia, todos foram retirados por conta de uma ação do Batalhão de Choque da PM. Os manifestantes não aceitaram sair voluntariamente e os policiais usaram spray de pimenta e retiraram alguns deles à força das dependências do hospital. Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev, foi detida e levada para a Superintendência Regional da Polícia federal, na Praça Mauá.

A mudança na administração entrou em vigor com uma portaria do Ministério da Saúde publicada na última terça-feira (15), no Diário Oficial da União.

A ação de desocupação contou com o suporte de 50 policiais — entre PMs e federais. Recebidos com vaias e duras críticas dos servidores, eles se instalaram no prédio da administração-geral do HFB, para formalizar a posse na gestão do hospital.

Servidores do HFB e de outras unidades federais tentam entrar no Hospital e são impedidos por policiais do Choque. Foto: Mayara Alves

Sidney Castro, dirigente do Sindsprev-RJ, considerou vergonhosa a ação dos policiais contra os trabalhadores do Hospital Federal de Bonsucesso, Segundo ele, essa é a política do Governo Lula.

“Foi uma ação desnecessária. Eles abusaram da truculência e ainda colocaram uma companheira dentro do carro do Batalhão de Choque, usando gás de pimenta. Essa é a política do governo do PT, do governo Lula. Não esperávamos por isso. Fomos para a rua para reivindicar a volta do governo Lula e somos traidos dessa forma”, disse, decepcionado.

O dirigente garantiu que os servidores não darão sossego ao Hospital de Bonsucesso.

“Desde o dia 15 de maio que o governo não abre processo de negociação. Tentamos dialogar com o Ministério da Saúde sobre a rede Conceição, sobre a Ebserh, sobre a entrega dos hospitais para o município e não teve diálogo com ninguém. E hoje o diálogo deles é colocar a Polícia Federal e o Choque em cima dos trabalhadores dentro do hospital. Não foi nem na rua. Foi dentro do hospital, onde tem vários servidores de plantão, incluside proibidos de sair do hospital porque, se sair não entra no hospital, mesmo estando de plantão. Trabalhadores de plantão 24h, 12h. Essa é a política do PT. Essa é a política do governo federal junto com o governo Castro aqui no estado do Rio de Janeiro. Vergonha, muita vergonha”, lamentou.

A técnica de enfermagem Maria Isabel Mariano, que trabalhou dez anos no Hospital Federal de Bonsucesso e hoje é lotada no Hospital Federal Cardoso Fontes, fez questão de reforçar o grupo de manifestantes. A servidora não se conforma com a violência da polícia contra os servidores.

“Não houve diálogo em momento algum. O que houve foi um monólogo. O Ministério da Saúde impôs que seria dessa forma. O conselho estadual e municipal de Saúde votaram contra essa medida. Fica parecendo que os servidores são birrentos que não querem melhoria. Somos altamente capacitados. O Ministério da Saúde não investe na nossa formação acadêmica. Todos continuamos com a nossa formação acadêmica. Temos total condição de gerir as unidades. O repasse milionário para entidades envolvidas nessa situação levanta muita suspeita sobre o processo lícito da negociação. A gente não pode deixar de denunciar isso. Justamente porque a nossa denúncia tem outro peso”, analisou.

 

 

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