Servidores da rede federal fizeram, na manhã desta segunda-feira (9/12), mais um ato unificado para protestar contra o fatiamento e a privatização de unidades de saúde. Desta vez, a manifestação foi na entrada principal do Hospital Federal Cardoso Fontes (Jacarepaguá), uma das duas unidades cujas gestões o Ministério da Saúde está transferindo ao município do Rio de Janeiro. A outra unidade é o Hospital Federal do Andaraí (HFA).
A municipalização dos dois hospitais — Cardoso Fontes e Andaraí — foi formalizada na última quarta-feira (4/12), com a assinatura de acordo de cooperação técnica que contou com as presenças de Lula, Nísia Trindade, Eduardo Paes (PSD) e do secretário municipal de saúde do Rio, Daniel Soranz. A intenção do governo Lula (PT) é entregar as gestões dos dois hospitais para ‘organizações sociais’ (O.S.), formas disfarçadas de privatização. No caso do Cardoso Fontes, segundo servidores, a O.S. escolhida foi a SPDM.
A orientação do Comando de Greve da Saúde Federal é de que os servidores dos dois hospitais não se submetam aos métodos de gestão autoritários e desrespeitosos praticados pelo município do Rio em sua própria rede hospitalar. Nesse sentido, a proposta é que os servidores solicitem, conjuntamente, transferência para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) ou para o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), unidades que estão em vias de serem enquadradas na carreira da Ciência e Tecnologia, embora não esteja fechada a possibilidade de transferência para outras unidades federais.
“Nos últimos três governos, não houve nenhum projeto para reestruturar a rede federal. Desde 2019 apontamos o perigo do fatiamento e dos riscos de nossa transferência para o Estado, o município ou a Ebserh. O Sindsprev/RJ está de cabeça erguida porque fizemos tudo que estava ao nosso alcance para evitar o fatiamento, mas tem um momento em que a correlação de forças não é mais favorável. Nós sabemos que, no município, não existe diálogo ou mesas de negociação e que Daniel Soranz é um gestor que não respeita os trabalhadores. A prova é que, na rede municipal, os insumos que utilizamos são de péssima qualidade e, para piorar, os trabalhadores são contratados por CLT e via organizações sociais [O.S.]. Mas nós não fizemos concurso para trabalhar com organizações sociais. Temos que ser perseverantes e dizer que a nossa casa será o Into, o INC, o Hospital da Lagoa, o Hospital de Ipanema ou o HSE. É pra lá que temos de ir. Não há o que pensar. O Into já está creditado em Ciência e Tecnologia. Quem ficar aqui no Cardoso Fontes estará submetido à péssima gestão do município do Rio”, afirmou a servidora Cristiane Gerardo.
Também servidora do Cardoso Fontes, Neusa Beringui reforçou o apelo. “Orientamos o uso de todas as possibilidades que temos pra direcionar a nossa vida, para escolhermos o que é melhor pra nós. Como servidora também lotada no município do Rio, não gosto do tratamento que dão aos trabalhadores. Se tenho a oportunidade de escolher, o momento é este. Com a municipalização, não teremos a mesma autonomia que tivemos até então aqui no Cardoso Fontes. Esta é a verdade”, frisou.
Ao final da manifestação desta segunda (9) no Cardoso Fontes, os servidores serviram uma feijoada aos presentes.
A eleição de 2026 é o principal motivo da transferência dos hospitais federais do Andaraí e do Cardoso Fontes do governo Lula (PT) para o prefeito Eduardo Paes (PSD). Isto porque, desde o início do atual governo, o Ministério da Saúde manteve congelados os orçamentos das duas unidades. No entanto, imediatamente após o anúncio da municipalização, o governo Lula (PT) anunciou a liberação de R$ 750 milhões para a Prefeitura do Rio administrar esses hospitais. O valor é cinco vezes maior que o atual orçamento das duas unidades.