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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Ato no Rio repudiará golpe de 64 e defenderá liberdades democráticas e direitos sociais

Ao usar a estrutura do Estado para ‘comemorar’ o 55° aniversário do golpe de 1964, que jogou o país em duas décadas de ditadura, o presidente Jair Bolsonaro teve como resposta a convocação de atos, manifestações e a publicação de incontáveis textos e mensagens nas redes sociais que denunciam os horrores do período ditatorial.

Para este domingo, 31 de março, está sendo convocado um ato na Cinelândia, a partir das 15 horas. O evento no Facebook contava, até o final da tarde do sábado (30), com 14 mil confirmações de participação e mais de 60 mil interessados. A mobilização em curso também pede que as pessoas vistam preto e estendam faixas desta cor nas fachadas de casa neste domingo, em sinal de protesto e de repúdio à ditadura. O Sindsprev-RJ também reoudiou a tentativa do presidente de comemorar o golpe militar e negar o período de arbítrio.

Bolsonaro diz que não existiu ditadura no Brasil, apesar dos 25 anos sem eleições diretas, com censura sobre todos os meios de comunicação, quebra das liberdades democráticas, intervenções em sindicatos e fechamento de entidades estudantis, expurgos nas comunidades acadêmicas e nos órgãos públicos, somados a casos sistemáticos de tortura, assassinatos e desaparecimento de ativistas que se opunham ao governo.

Denúncias de corrupção e irregularidades também estavam entre os assuntos censurados. Ao apresentador de tevê Datena, da Band, a quem deu entrevista pouco depois de ordenar as comemorações, Bolsonaro insistiu em dizer que não houve ditadura, apesar das reiteradas contestações do entrevistador. Ao final, disse que o período teve alguns “probleminhas”, mas nada significativo que justifique chamar o regime ditatorial.

O presidente da República determinou, inicialmente, que a data que o comando militar trabalha como de derrubada do governo civil, 31 de março, fosse marcada por comemorações nos quartéis. Posteriormente, após a repercussão negativa, inclusive internacional, disse que a orientação era para que o episódio fosse ‘rememorado’.

Em Brasília, uma juíza federal acatou pedido da Defensoria Pública e proibiu as comemorações. A liminar, entretanto, foi cassada por uma desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, após recurso da Advocacia-Geral da União.

Reações

Nas redes sociais, muita gente se manifestou por conta da determinação presidencial. A professora Renata Correa, da rede municipal de Niterói, postou no Facebook a foto de seu avô, que disse não ter conhecido em decorrência da ditadura instalada no país. “Sobre comemorar o golpe de 64: este é José Carlos, conhecido como China. Militante do PCB, dirigente sindical, preso pela ditadura empresarial-militar. A ditadura me impediu de conhecer meu avô! Nossa família não tem nada a comemorar! A nossa e a de milhares de presXs, torturadXs e mortXs nos porões da ditadura. O país não tem nada a comemorar. Xs trabalhadorXs, assim como hoje diante da perda de direitos, do Fim da Previdência Pública, não tem nada a comemorar. Xs oprimidXs não tem nada a comemorar”, escreveu.

Em São Paulo, um convite do Exército para uma atividade de formatura referiu-se ao golpe que derrubou o presidente civil João Goulart como uma ‘revolução democrática”. O termo usado para definir um período em que até a possibilidade de reunir mais de três pessoas para debater política estava proibida causou estranheza e reações. “[Dizer] que não foi golpe e sim revolução democrática é de um cinismo aviltante. Não é ignorância, é cinismo mesmo”, assinalou a professora Renata Vereza, do curso de História da Universidade Federal Fluminense.

 

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