Apresentado pelo governo Lula como a solução de todos os problemas do Hospital Federal de Bonsucesso, o Grupo Hospitalar Conceição, que assumiu a gestão da unidade em 15 de outubro, vem demonstrando sua total incompetência administrativa. No ato público desta terça-feira (10/12), em frente à unidade, os servidores lembraram das promessas não cumpridas da empresa terceirizada do Rio Grande do Sul de contratar até o fim do ano, 2 mil trabalhadores, abrir a Emergência, a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e mais 207 leitos.
A diretora eleita do Sindsprev/RJ, Roseane Vilela, denunciou que ao não cumprir a palavra empenhada, o GHC e o Ministério da Saúde estão enganando a população e mostrando que os problemas do HFB não eram de gestão como alegava o governo e sim de falta de verba. “O MS vinha propositalmente cortando verba de toda a rede federal para anunciar a contratação de empresas terceirizadas como é o caso do GHC. Mas a ministra Nísia anunciou o que chamou de ‘parcerias’ como a que fez com o Grupo Conceição, a Ebserh e a Prefeitura do Rio como a única solução. O não cumprimento das promessas mostram que tudo não passava de propaganda enganosa”, afirmou Roseane.
Falta de energia elétrica – Outra promessa que não foi cumprida foi a solução da falta de energia. Em outubro tanto o MS quanto o GHC prometeram fazer o cabeamento da subestação de energia até o fim deste ano. O Grupo Conceição alugou seis geradores para manter o fornecimento de energia até a conclusão da obra, mas a falta de eletricidade vem acontecendo quase toda a semana. Além disto, os geradores foram colocados no pátio interno do HFB, atrapalhando a circulação, sendo ainda um risco para as pessoas.
A promessa de novas contratações também não foi à frente. O edital foi corrigido inúmeras vezes por falhas existentes. O resultado está sendo contestado pelos participantes que ameaçam ingressar com ações judiciais. O Sindsprev/RJ também entrou com denúncia contra o processo de seleção simplificada por ter encontrado inconsistências na seleção.
A diretora do Sindsprev/RJ Maria Celina frisou que a decisão de mudar o perfil do HFB também para atenção básica vai desviar recursos que deveriam ser investidos na alta complexidade. Citou como exemplos de especialidades que deveriam, mas não serão retomadas, as cirurgias bariátricas que não são feitas por nenhuma outra unidade federal, e a de transplante renal.
Assédio moral – Outro problema grave do HFB é o assédio moral que vem adoecendo os servidores. Assédio que começou com a ameaça feita pelo presidente do GHC, Gilberto Barrichelo. Numa reunião no auditório da unidade, o gestor terceirizado, em 23 de outubro, quando servidores lotaram o auditório do prédio da maternidade, fez uma fala ameaçadora contra os trabalhadores ali presentes. Em tom agressivo e inquisitorial, ele disse: “é esta empresa [Grupo Conceição] que vai trabalhar aqui. Se esta empresa não te interessa, não é aqui o seu lugar”.
No dia seguinte, um documento assinado por 14 entidades sindicais – entre sindicatos, associações, federações e confederações de trabalhadores e trabalhadoras da saúde – foi enviado à Comissão de Ética do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e à Comissão de Ética, à Corregedoria e à Ouvidoria do Ministério da Saúde. Nele, as entidades sindicais manifestam sua profunda indignação e apresentam denúncia formal contra o diretor-presidente do Grupo Conceição, Gilberto Barichello, por sua “conduta intolerável, desrespeitosa e completamente contrária aos valores éticos que devem nortear esta instituição”.
Pedido para sair do HFB – Durante o ato, foi passada a orientação para que todos os servidores façam a solicitação para se retirar da unidade terceirizada. Elaine Salles lembrou que os funcionários prestaram concurso para trabalhar na saúde pública, sendo subordinados ao Ministério da Saúde e não a uma gestão terceirizada. Acrescentou que o prazo de 90 dias para a transferência para unidades da rede própria do MS foi estendido para 180 dias, através de portaria da ministra Nísia Trindade.