No ato dos servidores dos hospitais federais do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (12/11), em frente ao Hospital do Andaraí, o assunto principal dos discursos no carro de som foi a iminência da queda da ministra Nísia Trindade do Ministério da Saúde. O desgaste da ex-presidente da Fiocruz é cada vez maior, sendo o seu afastamento definitivo um fato cada vez mais concreto.
Entre os motivos apontados estão o aumento do caos causado pela ministra na rede de hospitais federais, o escândalo de milhões de vacinas não utilizadas e que, vencidas, foram incineradas, além do repasse de mais R$ 55 milhões do Ministério da Saúde para o município de Cabo Frio, um mês antes de seu filho ser nomeado secretário de Cultura da cidade. A forte mobilização dos servidores dos hospitais federais contra o plano de Nísia de fatiamento terceirização e privatização destas unidades também tem ampliado o desgaste da ministra, já que o projeto só tem feito crescer o desabastecimento, cair a qualidade do atendimento prejudicando os servidores e a população.
Os diretores do Sindsprev/RJ foram unânimes em destacar que a queda é questão de tempo. A diretora regional do sindicato, Christiane Gerardo, usou de ironia ao classificar a atual gestão do MS como trágica e desastrosa, comparando-a com a do pior titular da pasta, o general Eduardo Pazzuelo.
“Nísia Pazzuelo é sem dúvida, uma das gestões mais incompetentes do ministério da Saúde, sendo a responsável pelo caos nos hospitais federais, que vivem uma situação de ainda maior precariedade, o que deve aumentar com a entrega das unidades a empresas terceirizadas, como o Grupo Hospitalar Conceição, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e à Prefeitura do Rio de Janeiro, todos deficitários, e que vão receber milhões do ministério para resolver seus problemas de caixa. Logicamente se não sabem administrar a sua casa certamente vão piorar os serviços prestados à população”, afirmou Christiane.
Já o diretor do Sindsprev/RJ Sidney Castro, argumentou que Nísia não pode mais continuar no cargo porque já mostrou que está agindo contra o SUS público. “Ela quer terceirizar, privatizar, entregar a gestão a empresas, como o GHC e a Ebserh. E está fazendo isto passando por cima do controle social e sendo por ele desmoralizada. Tanto é que o Conselho Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o Conselho Estadual e mais recentemente o Conselho Nacional de Saúde determinaram ao ministério que cancele o seu plano de fatiamento da rede federal”, frisou o dirigente.
Os diretores do sindicato lembraram de outro fator que poderá afastar Nísia definitivamente do cargo: a reforma ministerial que o governo cogita realizar, para acomodar forças políticas que saíram fortalecidas das recentes eleições municipais. Estão interessados em ocupar o MS, o PSD e o MDB, partidos de direita que ampliaram o número de prefeituras.
Os diretores do Sindsprev/RJ Maria Ivone Suppo e Sebastião de Souza, lembraram, ainda,dos milhões de vacinas para diversas doenças que não foram utilizadas, vencendo e sido incineradas, entre elas 10,9 milhões contra a meningite, pneumonia, tuberculose, febre amarela e gripe, entre outros. Do montante, 6,4 milhões eram de imunizantes contra a Covid-19.
“Esse é um escândalo pelo qual a gestão de Nísia tem de ser responsabilizada e não ficar alegando, como tem feito, que as vacinas venceram porque a população não as usou. Isto é um absurdo”, afirmou Sebastião.
Christiane acrescentou que a situação da ministra ficou ainda mais difícil após a Prefeitura de Cabo Frio nomear, como secretário de Cultura da cidade, Márcio Lima Sampaio, filho de Nísia. A nomeação ocorreu um mês após o Ministério da Saúde enviar R$ 55 milhões à Prefeitura. A verba foi direcionada por meio da portaria GM/MS nº 2.169 e foi divulgada pela prefeitura de Cabo Frio.