Manifestantes protestaram contra a reforma da Previdência, na manhã desta segunda-feira (19), no Aeroporto Santos Dumont, na capital do Estado do Rio de Janeiro. Atos também estavam previstos para acontecer nos aeroportos de Brasília e de outras cidades do país.
Portando faixas, cartazes e panfletos, eles se dirigiram à população que transitava no local e a alguns deputados que embarcavam rumo ao Distrito Federal usando um pequeno carro de som. “Querem acabar com o nosso direito à aposentadoria”, alertou um manifestante durante o ato, que reuniu cerca de 80 pessoas, fez barulho e acabou alterando a rotina do Santos Dumont.
Organizada por sindicatos, movimentos sociais e pela Frente Rio Contra a Reforma da Previdência, a manifestação começou por volta das 6 horas da manhã, inicialmente dentro da área interna do aeroporto, onde ficam os guichês das companhias aéreas.
Mas seguranças da Infraero, a estatal que administra o local, não permitiram que continuassem ali e o ato acabou transcorrendo na calçada, em frente a uma das postas de acesso à área de embarque. A outra porta de entrada foi fechada e interditada pela Infraero.
Alguns parlamentares foram abordados pelos trabalhadores. Entre eles, Chico Alencar, do Psol, um dos partidos que se opõem à PEC 287/2016, a emenda constitucional que elimina direitos previdenciários. O deputado criticou tanto a intervenção federal na segurança do Estado do Rio quanto as declarações do governo de que a medida, que impede a votação de mudanças constitucionais, poderia ser suspensa para votar a reforma da Previdência. “Querem inventar mais uma [manobra]. É como se o paciente estivesse na sala de cirurgia, com a barriga aberta, numa operação de alta complexidade, como eles dizem, e se interrompesse a operação por alguns dias”, disse o parlamentar, para quem a intervenção que coloca a segurança do Rio nas mãos de um general é “equivocada, ilusória, enganosa e feita para mudar a pauta e tentar dar alguma popularidade a um governo altamente rejeitado”.
Para a servidora da saúda estadual Clara Fonseca, diretora do Sindsprev-RJ, os movimentos contrários à reforma não podem descuidar das mobilizações neste momento decisivo. A impossibilidade legal de votar emendas à Constituição durante períodos de intervenção em estados, embora exista, não é suficiente para se avaliar que a PEC 287 esteja enterrada. O governo não desistiu de votá-la, afirma. “É uma jogada política que o presidente Michel Temer está fazendo, suspende agora para tentar votar depois”, observou.
A Câmara dos deputados terá sessão nesta segunda (19) para debater e possivelmente votar o decreto presidencial referente à intervenção no Rio. Não está claro o que acontecerá depois disso, ao longo da semana, com relação à tramitação da PEC 287.
A pretensão do governo era votá-la até o dia 28, algo praticamente descartado após a intervenção.
Manifestações estão previstas para acontecer ao longo do dia nos estados e em Brasília.
No Rio, a concentração para o ato unificado dos movimentos contrários à reforma da Previdência começa às 16 horas, na av. Presidente Vargas.