Os servidores do INSS do Rio de Janeiro, que participam da greve nacional do Instituto iniciada em 16 de julho, fizeram nesta segunda-feira (2/9), pela manhã, um ato público em frente ao prédio da Superintendência do Instituto no estado. Os participantes reafirmaram a importância de ampliar a paralisação para forçar o governo Lula a negociar seriamente com o Comando Nacional de Greve da Fenasps.
Também repudiaram o acordo espúrio, assinado pelas entidades pelegas, CNTSS e Condsef, com o governo Lula, sem passar pela aprovação das assembleias de base dos servidores, mostrando o desespero do governo com uma greve nacional que cresce a cada dia. O golpe teve efeito contrário, gerando ainda mais indignação entre os servidores, pela sordidez do governo e das entidades sindicais, fazendo crescer ainda mais a adesão.
Além de funcionários da ativa e aposentados, estiveram presentes membros do Comando de Greve da Saúde Federal, entre eles a diretora regional do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo; o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ); o presidente da CTB-Rio, Paulo Farias; e os representantes do Rio no Comando Nacional de Greve do INSS, entre eles os diretores do Sindsprev/RJ Rolando Medeiros e Paulo Américo e os servidores de base Bruno Melo e Vinícius Costa Lopes, também membros do Comando Estadual de Greve; bem como os servidores aposentados que integram o Comando Itinerante de Greve, Jorge Godoy, Mariano Maia e Aluísio Vilela.
Deputado cobra coerência do governo – O deputado federal Glauber Braga – que vem pressionando o governo a atender às reivindicações da greve – frisou que a paralisação é legítima e que a administração Lula tem a obrigação de atender os servidores. “Até porque é um governo que se elegeu prometendo a valorização do servidor público e investimento na melhoria do serviço prestado à população. Por isto, damos todo o nosso apoio à greve que cobra o cumprimento destes compromissos. É uma luta por direitos da categoria, como o acordo de greve de 2022, mas também em defesa da previdência pública e de qualidade”, afirmou, sendo muito aplaudido.
O parlamentar recebeu o apoio dos presentes ao ato que entoaram o coro “Glauber Fica!”, para lembrar que o deputado, sempre presente nas lutas populares, vem sendo perseguido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), comandante do Centrão. Lira acolheu pedido de cassação de Glauber que está sendo analisado pela Comissão de Ética da Câmara. A alegação é de que o parlamentar do PSOL teria cometido quebra de decoro, por expulsar do Congresso Nacional um militante do MBL que o provocava por meses, inclusive com insultos à mãe do deputado.
Greve está no caminho certo – Rolando Medeiros criticou o acordo espúrio e rebaixado. Avaliou que foi uma iniciativa desesperada frente ao crescimento da greve e do desgaste que a intransigência do governo nas negociações vem provocando na opinião pública. Citou dados que comprovam a força da greve.
“Em que pese o fato de o MGI (Ministério da Gestão e da Inovação nos Serviços Públicos) ter negado cláusulas fundamentais, como o cumprimento do acordo de greve, passou o reajuste salarial cuja proposta era de 9% em 2025 e 3,5% em 2026, para 9% e 5% e, depois, para 9% em 2025 e 9%, em 2026. Isto mostra que a greve é o caminho certo”, argumentou.
Lembrou que a assinatura do ‘acordo’ com a CNTSS e a Condsef atropelou a tentativa de entendimento que vinha sendo articulada entre a Federação Nacional, a Fenasps, o ministro Carlos Lupi, da Previdência, e o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, junto ao MGI. Mas acrescenotu: “Vivemos um momento decisivo em que a greve é que vai definir as negociações”, disse.
Também dirigente do Sindsprev/RJ, Paulo Américo avaliou a greve e criticou a política do atual governo. “Além de uma luta em defesa da nossa carreira, é uma luta em defesa da Previdência Social pública, que atende a essa população mais carente. Querem entregar a previdência a grupos privados. É a política do Estado mínimo, que tem de ser combatida. E o nosso papel é fundamental. Mais que servidores, somos cidadão, nossos vizinhos, nossos parentes, nossos filhos e netos vão sofrer as consequências do desmonte de um serviço fundamental para esta população. A nossa luta é muito mais importante porque é em defesa do Estado brasileiro e em defesa do trabalhador, que foi quem construiu a Previdência Social”, disse.
Apoio da saúde federal – O diretor da Fenasps e do Sindprev/R Pedro Lima acusou as entidades nacionais CNTSS e Condsef de terem se vendido ao governo ao assinar um acordo sem consulta às assembleias de base. “Este tal acordo, entre aspas, a Fenasps não reconhece, a categoria não reconhece, o Comando Nacional e os estaduais não reconhecem. A greve continua e se fortaleceu ainda mais depois deste golpe que saiu pela culatra”, afirmou.
Christiane Gerardo falou em nome do Comando de Greve dos Servidores da Saúde Federal, levando total apoio à greve do INSS. “Estamos juntos porque a nossa luta é a mesma: pelo fortalecimento do serviço prestado à população, contra a política do governo Lula de sucateamento, terceirização e privatização do setor público, pelo cumprimento dos acordos de greve e valorização do funcionalismo”, afirmou. Lembrou que o governo que se diz democrático não negocia com seriedade e se utiliza de entidades pelegas para criar acordos fantasmas, como tentaram fazer na saúde federal.
‘Lula deixa a desejar’ – O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Paulo Farias, criticou o governo Lula, ao qual a CTB, como a quase totalidade do movimento sindical, deu apoio na eleição, pelos compromissos assumidos de defesa dos direitos dos trabalhadores. “Mas o governo Lula tem deixado a desejar. Fizemos o ‘L’, mas estaremos sempre nas ruas cobrando coerência, como estamos fazendo, dando todo o apoio da CTB às greves do INSS, da saúde federal e dos Correios, que se enfrentam com a política do executivo de corte de direitos, descumprimento de acordos de greve e de sucateamento dos serviços públicos”, afirmou, criticando em seguida a omissão de ‘certas centrais sindicais’, numa referência à CUT. Criticou também a CNTSS e Condsef por assinarem acordo com o governo sem consulta a assembleias.
Reunião com Superintendente – Após a manifestação, o Superintendente do INSS no Rio, Marcos Fernandes, recebeu uma comissão composta por membros do Comando de Greve e dirigentes do INSS. Cobrado a se posicionar sobre as reivindicações dos servidores da autarquia, Fernandes comprometeu-se a levar ao presidente Alessandro Stefanutto a informação de que a greve está em crescimento no estado. Após admitir os problemas de sucateamento do INSS, afirmou que, na hipótese de Carlos Lupi (Previdência) vir ao Rio, ele envidará esforços para viabilizar um encontro do ministro com os servidores para discussão sobre a carreira de Estado.
Representaram os trabalhadores do INSS na reunião com Marcos Fernandes os servidores Bruno Melo (Petrópolis), Renato Soares (Niterói), Osvaldo Monsores (Vassouras), Carlos Vinícius (aposentado), Jorge Godoy (aposentado), Paulo Américo Machado (dirigente do Sindsprev/RJ) e Pedro Lima (dirigente do Sindsprev/RJ e da Fenasps).