‘Parem de nos matar’. É com esse grito de protesto e de socorro que pelo menos 47 organizações dos movimentos sociais, comunitários e políticos convocaram uma manifestação para este domingo, dia 26 de maio, pelo fim da política de segurança que mata homens, mulheres e crianças nas comunidades e pela paz nas favelas.
A manifestação já vinha sendo convocada há algumas semanas e teve como motor os sucessivos e crescentes casos de violência policial contra civis no Rio de Janeiro. Ocorrerá cerca de 72 horas após a decisão da Justiça Militar de soltar os nove militares presos após o carro de uma família, que ia para um chá de bebê, ser metralhado com 80 tiros pelo Exército, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio.
O ato está previsto para começar às 10 horas da manhã, no Posto 8, em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. A ideia dos organizadores é formar um cordão humano na orla que irá do Posto 12 até o Arpoador.
O protesto lembrará vítimas recentes de ações policiais, como o gari comunitário William Mendonça dos Santos, o Nera, morto com dois tiros na favela do Vidigal, pela PM; Evaldo Rosa dos Santos e o catador de papel Luciano Macedo, executados pelo Exército com 80 tiros na Estrada do Cambotá, em Guadalupe, na Zona Oeste; e o estudante Lucas Brás, de 17 anos, morto com um tiro nas costas no Parque Royal, na Zona Norte.
“William, Evaldo, Luciano e Lucas, todos negros. Todos assassinados pelo estado do seu país. Dezenas de tiros saídos das armas daqueles cujo juramento e dever é proteger e servir os cidadãos brasileiros. Polícia e exército existem para garantir a segurança e a integridade física dos cidadãos, nunca para os matar.”, diz trecho da convocatória postada nas redes sociais.
O texto observa que a violência policial não é uma novidade nas favelas e bairros populares no Rio ou em outros estados. Mas ressalta que a situação se agravou, num estado no qual, segundo dados do Instituto de Segurança pública, foram registrados 434 homicídios no primeiro trimestre de 2019 em decorrência de ações policiais – o que significa uma média de quatro mortes por dia e 18% a mais do que o mesmo período de 2018.
“Embora a truculência faça parte das táticas policiais desde sempre, os atuais governos estadual e federal ampliaram a Licença Para Matar atribuída às já extremamente violentas forças de segurança pública”, constata a convocatória para o ato. “Oitenta tiros, dois tiros, um tiro, vale tudo nessa guerra política que, quando não nos mata, quer nos calar. Não calarão!”, finaliza.
Lista de organizações que convocam o ato:
Associação de moradores do Vidigal
Politilaje
Favela no Feminino
Coletivo Jararaca RJ
Movimento popular de favelas
Movimento Moleque
B’nai B’rith
Redes da Maré
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
Coletivo Juntos pela Paz
Nós do Morro
Bando Cultural Favelados da Rocinha
Associação de Moradores da Rocinha
Mães e Familiares Vítimas de Violência do Estado
Rede de Comunidades
Movimentos Contra a Violência
Rede de Mães e Familiares da Baixada
Levante Popular da Juventude
Favelação
Funperj
MTST
Fórum de Educação de Jovens e Adultos
Comissão Popular da Verdade
Movimento Negro Unificado
Favela não se cala
Frente Brasil Popular
Radio Estilo Livre Vidigal
Frente de Juristas Negras e Negros do Estado do Rio de Janeiro
Frente Democrática da Advocacia
UNEGRO – União de negras e negros por igualdade
Movimento Nosso Jardim
Coletivo União Comunitária
Ser Consciente
Frente Favela Brasil
Militantes em Cena
Frente Povo Sem Medo
Quilombo Raça e Classe
Torcedores pela Democracia
FAFERJ
FAM-RIO
Conselho Popular
MST
Grupo de Resistência Bando Cultural Favelados
ASA – Associação Scholem Aleichem.
RioOnWatch
Movimento dos Atingidos por Barragens
Copa por Diretas e por Direitos