Cerca de 35 mil pessoas participaram, na noite desta sexta-feira 30, no centro do Rio, do ato unificado contra as reformas trabalhista e previdenciária convocado pelas centrais sindicais (CSP Conlutas, CUT, Força Sindical, CTB, UGT).
Concentrados na Candelária desde as 17h, servidores públicos federais, trabalhadores da iniciativa privada e estudantes saíram, cerca de duas horas depois, em passeata rumo à Central do Brasil, com faixas, cartazes e bandeiras cujo mote central era pela saída imediata do presiente Temer (PMDB), por eleições diretas já e pelo fim das reformas.
Idealizado para ser uma espécie de ‘fechamento’ da greve geral contra as reformas, o ato também foi convocado pelas frentes Brasil-Popular e Povo Sem Medo, além de movimentos estudantis e sociais como MST, MNLM e MTST, entre outros.
Críticas ao desmonte dos serviços públicos
Ao longo da passeata pela Av. Presidente Vargas, do alto do carro de som, além das reformas, oradores se revezaram fazendo duras críticas ao desmonte dos serviços públicos promovido pelo governo Temer (PMDB), com especial foco na saúde e educação.
“Essas reformas são demandadas pelo governo como condição para a reprodução do capitalismo no Brasil. São uma exigência do capital. Por isso temos que nos unificar para derrotá-las e construir um horizonte para a emancipação histórica do proletariado. Por um governo de trabalhadores, socialista e revolucionário”, afirmou Roberto Simões, professor da rede pública e dirigente da Regional III do Sepe-RJ.
‘Precisamos avançar’, diz professora
“A professora aposentada da rede municipal Sandra Teles também destacou a necessidade de aprofundar as lutas. “Os trabalhadores têm feito algumas mobilizações, mas precisamos avançar qualitativamente e o primeiro passo é superar as divergências entre as centrais sindicais, se quisermos derrotar efetivamente essas reformas”, disse.
“A crise do nível federal vai inevitavelmente chegar ao estado e ao município do Rio. Por isso temos que lutar contra as reformas trabalhista e previdenciária, pois a crise é geral. Não é uma crise localizada. Nosso único caminho é mesmo ampliar este movimento”, completou Ary Girota, funcionário da Cedae e dirigente sindical.
PMs do choque atacam manifestação
Cerca de 30 minutos após chegar à Central do Brasil, quando os oradores já preparavam o encerramento da manifestação, um confronto entre manifestantes e PMs do batalhão de choque provocou a dispersão do ato, com os policiais disparando balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo em todas as direções, gerando pânico e correria pela Av. Presidente Vargas e ruas vizinhas. A reportagem do Sindsprev/RJ presenciou, numa das ruas transversais à Av. Presidente Vargas, três homens à paisana, armados de cassetetes, intimidando abertamente os manifestantes que tentavam se abrigar das bombas lançadas pela tropa de choque. Segundo manifestantes, os homens em questão seriam os chamados ‘P2’, policiais disfarçados com a missão de se infiltrar nos atos públicos e provocar confrontos.
Após a dispersão, parte dos manifestantes se dirigiu à Cinelândia e parte à Praça Tiradentes, onde continuaram protestando.
‘Caminho é retomar as ruas’, diz petroleira
“Vivemos um absurdo, com o governo Temer caindo de podre e o país nessa situação crítica. Por isso, o caminho é retomar as ruas, multiplicando as aulas públicas porque precisamos conversar com o povo, explicar didaticamente a atual crise. Precisamos ganhar as pessoas para a luta contra as reformas trabalhista e previdenciária e para derrubar o governo Temer”, afirmou a petroleira Maria Náustria de Albuquerque.
Vereador pelo PSOL de Niterói, Paulo Eduardo Gomes destacou o caráter ‘pedagógico’ das manifestações. “Independentemente da quantidade de pessoas na rua, é na rua que devemos estar. A presença de pessoas na rua protestando dá, para as pessoas que não participam, a percepção e o sentimento de que não há como mudar a atual situação a não ser com protestos como o que estamos fazendo hoje. Entender isso é fundamental”, frisou.
Unificando as lutas dos trabalhadores
Servidora da saúde estadual, Mariá Casanova lembrou a necessidade de unificar a luta. “Para mim, disse ela, o mais importante é os sindicatos e as centrais unirem forças para juntos derrubarmos Picciani, Pezão e Temer. Temos que construir uma unidade de fato, de verdade, em defesa dos trabalhadores”.
Dirigente da Associação de Docentes da UFF (Aduff), a professora Adriana Penna ressaltou a necessidade de os trabalhadores não recuarem neste momento. “Temos que continuar lutando e mostrar o quanto estamos dispostos a enfrentar os ataques movidos contra nós, trabalhadores. Nós, que produzimos todas as riquezas. Quero que um dia como o de hoje seja multiplicado várias outras vezes”, disse.
Compareceram ao ato militantes e representantes do Movimento Marxista 5 de Maio (MM5), Fist, Movimento Ocupa Nova Iguaçu, MST, garis, bancários, comerciários, músicos, trabalhadores do poder judiciário, das universidades públicas, Fiocruz e do Fórum de Sáude do Rio, entre outros.