Reunidos na tarde desta terça-feira (21/1) em sua primeira assembleia do ano de 2025, os servidores do Hospital Federal do Andaraí (HFA) aprovaram a continuidade da greve na unidade e os demais encaminhamentos propostos pela nova diretoria colegiada do Sindsprev/RJ, como a luta pela regularização do ponto dos(as) trabalhadores(as) e a plena garantia do direito de solicitar remoção para outras unidades.

Realizada em frente à entrada principal do HFA, a assembleia também referendou importantes agendas de negociação e intervenção a serem encaminhadas em Brasília pelo Sindsprev/RJ: uma reunião com a titular da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe) do Ministério da Saúde, Etel Matielo, prevista para 3 de fevereiro; conversações com parlamentares para buscar apoio à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que prevê o enquadramento de auxiliares como técnicos de enfermagem; e conversações com a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), relatora do Projeto de Lei 3.102/2022, que prevê o enquadramento dos servidores e servidoras da rede federal do Rio de Janeiro na carreira de Ciência e Tecnologia (C&T). Atualmente em tramitação na Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, o PL 3.102 deverá ser votado após 5 sessões e, se for aprovado ali, o texto seguirá então para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

A reunião com Etel Matielo tratará da urgência de regularizar o ponto dos servidores do HFA — com a aplicação do código de greve — e assim permitir que os trabalhadores possam solicitar sua remoção daquela unidade, hoje infelizmente administrada pelo município do Rio segundo os métodos autoritários do secretário Daniel Soranz.

Durante a assembleia foram apresentados os servidores do Hospital Federal do Andaraí eleitos para a nova diretoria colegiada do Sindsprev/RJ: Marcelo Pereira da Silva, Cristiane dos Santos e Heloísa da Silva Fonseca. Enquanto a assembleia transcorria, funcionários do Município do Rio lotados no HFA filmavam as manifestações dos servidores, o que foi interpretado como uma tentativa de intimidação.

“Estamos aqui abrindo a nova jornada de assembleias que a direção do nosso sindicato vai realizar em todas as unidades da rede federal. Uma rede que ainda se encontra em greve e que, no último dia 15, completou 8 meses e foi julgada legal por duas instâncias da justiça. Uma greve gerada por um acordo que até hoje não teve um único item cumprido pelo governo Lula. E um desses itens era não haver a municipalização da rede federal porque isto iria descaracterizar a missão das unidades de saúde, como infelizmente está acontecendo agora. No Hospital Cardoso Fontes, por exemplo, o município do Rio está se comprometendo a abrir 252 leitos. É uma ação irresponsável que vai acarretar o aumento da infecção hospitalar”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev/RJ.

“Não vamos nos render ao autoritarismo. Vamos resistir até o final”

“Esta é a primeira assembleia que fazemos sob a nova gestão do sindicato e com ela mostramos que não estamos sozinhos. Há uns 15 dias, o Soranz esteve no Hospital do Andaraí para ameaçar os servidores que aderiram à greve, dizendo que servidores dele não fazem greve. Mas o recado para ele é de que não somos servidores dele nem do município e, portanto, não vamos nos render ao autoritarismo e ao assédio. Quem decide acabar ou não com a greve somos nós. Vamos resistir até o final”, frisou Marcelo Pereira da Silva.

Servidora lotada no Hospital Cardoso Fontes (HCF), Neusa Beringui manifestou apoio e solidariedade aos companheiros e companheiras do Andaraí. “Estou na mesma situação de vocês, sendo gerenciada pelo município do Rio. Enquanto tiver servidor federal trabalhando no Hospital do Andaraí, nós estaremos aqui lutando pelos direitos de vocês. Se o nervosinho [Soranz] não gostar, vai ser desta forma mesmo. Eu também quero sair do Cardoso Fontes porque fiz concurso federal e não quero trabalhar para o município do Rio”, disse ela.

“Lutamos pela dignidade da nossa categoria, que é o enquadramento na carreira da Ciência e Tecnologia. Luta que também é contra a forma arbitrária que o Ministério da Saúde quer nos impor. Coloco-me à disposição para dizer a vocês que juntos enfrentaremos e encontraremos sim a solução pra nos garantir dignidade. Só a luta muda a vida, companheiros”, pontuou Claudio Oliveira, servidor do Hospital Federal de Ipanema (HFI) e também eleito para a nova direção colegiada do Sindsprev/RJ.

“Quero apenas saudar vocês por ainda estarem aqui. E nós merecemos um prêmio porque nós ainda estamos aqui. Sob este sol e calor, nos negaram acesso ao auditório do Centro de Estudos, mas estamos aqui. Vocês incrementaram a nossa luta de um jeito garboso. Tenho muito orgulho de reconhecer os rostos de vocês, que são um povo aguerrido. Não vamos esmorecer por isto”, completou Maria Isabel da Silva Mariano, servidora do Cardoso Fontes e membro da nova direção do Sindsprev/RJ.