Nesta quinta-feira (14/3) completaram seis anos sem que fossem conhecidos os mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, do PSOL, e do seu motorista Anderson Gomes. O crime brutal chocou o Brasil e teve repercussão mundial. A Anistia Internacional lançou documento sobre os principais equívocos cometidos pelas autoridades brasileiras, seja por ação ou omissão, na busca pela verdade e justiça neste caso.
A investigação do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes tem sido marcada por uma lentidão perturbadora. A Anistia destaca a necessidade urgente de acelerar o processo investigativo para garantir justiça às vítimas e suas famílias. A constante troca de autoridades encarregadas da resolução do caso contribuiu para a falta de continuidade e eficácia nas investigações.
Crime sem castigo
Marielle e Anderson foram mortos em 14 de março de 2018, quando o carro deles foi crivado de balas no bairro do Estácio, região central do Rio de Janeiro. Seis anos depois, ainda não se sabe quem mandou matar a vereadora e o motorista, nem qual foi a real motivação do mais escandaloso crime político da história recente brasileira.
O caso passou a ser investigado pela Polícia Federal, ainda na gestão de Flávio Dino no Ministério da Justiça. Apesar dos avanços recentes, a polícia ainda não foi capaz de chegar ao mandante do crime. A motivação do assassinato também segue em aberto. As investigações vinham sendo feitas desde o início pela polícia civil do Rio de Janeiro.
Luta por justiça
O presidente Lula afirmou que vai seguir incansável na luta por Justiça pelo assassinato da vereadora Marielle Franco. Já o ministro da Justiça, Ricardo Lewandovsky, que substituiu Flávio Dino no cargo, disse esperar anunciar o fim do caso em breve. “Vamos resolver. As investigações estão avançando mesmo”, disse o ministro ao jornal O Globo.
“O inquérito é sigiloso e o ministro não se mete nos inquéritos que são levados, mas as notícias que temos é que nós vamos encontrar os criminosos. Espero poder anunciar isso em breve”, afirmou.
O inquérito foi enviado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) no ano passado, após suspeitas da participação também do conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) Domingos Brazão no crime.
Brazão, vale lembrar, é líder de um grupo político que atua justamente na região comandada pela milícia de Ronie Lessa, um dos principais acusados pelo crime até agora. Acumula uma longa ficha corrida e já chegou a ser afastado da função de conselheiro. Atualmente ele está de férias do cargo na Corte de Contas pelo período de 360 dias. A licença foi concedida no mesmo período em que a acusação foi revelada.
Outros investigados
Até o momento, quatro suspeitos foram presos. O último, Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, foi detido no final de fevereiro. Ele é apontado como o responsável por desmanchar o carro utilizado no crime. Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, outros dois presos, são os principais envolvidos. Eles estão na cadeia desde março de 2019. Lessa é apontado como o autor dos disparos. Queiroz teria sido o motorista do veículo usado no atentado. Os dois são ex-policiais.
Além de policial, Lessa é sempre citado como um miliciano. Ele é conhecido no meio desde 1992 ano em que começou a se envolver com atividades criminosas, integrando as milícias e outras organizações, como o jogo do bicho.
Queiroz, por sua vez, é ex-sargento da Polícia Militar. Também foi expulso da corporação em 2015. Após quatro anos preso, firmou um acordo de delação premiada para reduzir a sua pena. No relato, admitiu que dirigiu o veículo no dia do crime e apontou também a participação do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, no planejamento do assassinato. Delação premiada de Ronnie Lessa ainda não foi liberada.
Fora os quatro presos citados, outras quatro pessoas também já foram detidas pelo crime: a mulher de Lessa, Elaine de Figueiredo Lessa e o cunhado, Bruno Figueiredo, apontados como responsáveis pelo sumiço das armas utilizadas nos homicídios e pelo apagamento dos vestígios deixados pela quadrilha; José Márcio Mantovani preso em flagrante ao retirar armas do apartamento de Lessa; e Josinaldo Lucas Freitas, que teria sido o destinatário das armas recolhidas do apartamento.