Em plena curva ascendente da covid no Brasil, o fechamento de qualquer unidade de saúde — seja pública ou privada — já é em si um fato de enorme gravidade.
Mas quando a unidade fechada é um hospital público localizado numa das regiões de maior incidência da covid no Rio de Janeiro, como Campo Grande e Bangu, a desativação é completamente inaceitável porque, na prática, significa abandonar muitos pacientes à própria sorte.
É exatamente isto que o governo do Estado do Rio está fazendo com o Hospital Eduardo Rabello, na Zona Oeste. Desde a madrugada da última quarta-feira (3/3), a unidade começou a ser esvaziada para, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, passar por obras de reforma estrutural.
Sob protestos de servidores e usuários do hospital, cerca de 15 pacientes que estavam internados no Eduardo Rabello já foram transferidos para outras unidades do estado ou encaminhados para continuarem o tratamento em casa.
Unidade de referência em geriatria, o hospital Eduardo Rabello possui 60 leitos para internação e atendimentos ambulatoriais em especialidades como cardiologia, nutrição, psicologia e terapia ocupacional, entre outras.
Os servidores questionam a necessidade de fechamento da unidade para a realização das obras previstas em setores como enfermarias, ambulatório, Centro Dia, fisioterapia, CTI, Centro de Imagem e refeitório.
“Esse é o único hospital na zona oeste do Rio que presta atendimento para os idosos, que fazem parte do grupo de risco em meio à pandemia. Não é admissível que isso ocorra neste momento”, criticou Hellen Senna, conselheira do Coren-RJ, que vai encaminhar documento à Comissão de Saúde da Alerj contestando o fechamento da unidade.
Dirigente do Sindsprev/RJ e presidente da Acentraserj, a servidora Clara Fonseca também contesta o fechamento do hospital. “Estão tentando fazer com o Eduardo Rabello o mesmo que fizeram com o Hospital Central do Iaserj durante o governo de Sergio Cabral. Naquela época, milhares de pacientes ficaram sem atendimento. Não podemos aceitar que isto se repita agora com o fechamento do Eduardo Rabello”, disse.
As obras que a Secretaria Estadual de Saúde pretende fazer no Eduardo Rabello acontecem menos de dois anos da realização de outras obras na unidade. Em 2018, por exemplo, o Eduardo Rabello já havia passado por reformas no ambulatório, no Centro Dia e no Centro de Imagem. Obras que, estranhamente, nunca tiveram seus valores e prazos de realização devidamente explicitados.
No início de 2020, devido às fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro naquele verão, o teto do ambulatório desabou, sendo posteriormente reconstituído.
Além do fechamento do hospital, os servidores estão apreensivos por não saberem se serão (ou não) transferidos para outras unidades da rede estadual.