Repetindo o que já fizera em setembro deste ano, nesta segunda-feira (19/10), durante conversa com jornalistas, Bolsonaro mais uma vez demonstrou o total descompromisso de seu governo com a vida humana e a saúde da população. Perguntado sobre a futura vacinação contra a covid no país, Bolsonaro afirmou: “meu ministro da saúde já disse que não será obrigatória essa vacina”.
A declaração não surpreende, sobretudo partindo de quem, como Bolsonaro, nunca respeitou as medidas de distanciamento social adotadas como prevenção à covid e até debochou dos milhares de brasileiros mortos em virtude da doença.
Ao fazer a absurda declaração aos jornalistas, Bolsonaro afirmou que a obrigatoriedade (ou não) será definida pelo Ministério da Saúde. O que não é verdade, uma vez que decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) deu a estados e municípios a prerrogativa de definirem medidas de combate e prevenção à covid no âmbito de suas respectivas circunscrições territoriais.
Campanhas de vacinação são, na maioria dos países, encaradas como campanhas de saúde pública e, como tais, sobrepõem-se a interesses ou decisões de ordem individual.
O caráter obrigatório da vacinação contra inúmeras doenças nasce exatamente do entendimento de que se trata de questão de interesse coletivo e que afeta todos os membros de uma determinada formação social.
Ao considerar a hipótese de o Ministério da Saúde não implementar uma futura vacinação obrigatória contra a covid, Bolsonaro mais uma vez dá uma péssima sinalização e coloca em risco milhões de vidas humanas.
É uma atitude absolutamente irresponsável, típica de um governo que aposta na boçalidade e na desinformação como regras de conduta. Um governo que, além de negar os avanços da ciência em todos os campos, odeia o conhecimento científico, odeia as universidades, odeia as instituições de pesquisa e os profissionais de saúde. Um governo absolutamente ignorante sobre todo e qualquer assunto.
Ao mesmo tempo em que ataca a possibilidade de uma futura vacinação obrigatória, Bolsonaro continua fazendo sua irresponsável propaganda de um medicamento (cloroquina) comprovadamente ineficaz no combate ao novo coronavírus. Medicamento que inclusive produz graves efeitos colaterais em pacientes atingidos pela doença.
De forma também irresponsável — como tudo no atual governo —, em maio deste ano Bolsonaro ordenou que o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército ampliasse em 100 vezes a produção de cloroquina, o que levou o Tribunal de Contas da União a abrir uma linha de investigação sobre o gasto adicional com o medicamento. A pergunta que não quer calar é a seguinte: Bolsonaro vai (ou não) responder por improbidade administrativa, uma vez que seu governo aumentou os gastos públicos com uma droga (cloroquina) comprovadamente ineficaz para o tratamento da covid?
Grande parte da responsabilidade pelos quase 155 mil brasileiros mortos pela covid é do governo Bolsonaro.
Responsabilidade que precisa ser cobrada.