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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Alta do desemprego mostra esgotamento do modelo neoliberal no Brasil e em outros países

Divulgados na última sexta-feira (27/11), dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, apontam novo recorde do desemprego em todo o país. Segundo a pesquisa, a taxa de desemprego subiu para 14,6% no trimestre julho-setembro deste ano. É a maior taxa registrada na série histórica do IBGE, desde 2012.

Em apenas três meses, ou seja, de julho a setembro deste ano, mais 1,3 milhão de pessoas entraram na fila do emprego, na comparação com o segundo trimestre do ano. Ao todo, já são 14,1 milhões de pessoas em busca de trabalho.

A pesquisa do IBGE aponta ainda que a desocupação é ainda maior entre jovens e mulheres. Em um ano, segundo o IBGE, foram fechadas 11,6 milhões de vagas no país.

Esgotamento do modelo neoliberal

Embora seja diretamente influenciado pela recessão da economia mundial e pelo agravamento dessa recessão por conta da pandemia do novo coronavírus, o aumento do desemprego no Brasil tem causas estruturais muito mais profundas e que remetem para o esgotamento do modelo neoliberal implementado em centenas de países a partir dos anos 80 como “resposta” à crise de reprodutibilidade capitalista que vinha se arrastando desde a década anterior.

Privatizações de empresas estatais, cortes de direitos da classe trabalhadora, isenções tributárias a empresas privadas, redução da oferta de serviços públicos, desmonte das políticas públicas de saúde, previdência e assistência social foram algumas das medidas então implementadas na maioria dos países que adotaram tais políticas. Apesar de muita luta e resistência a essas políticas, inclusive no Brasil, o resultado cumulativo tem sido um empobrecimento e miséria sem precedentes para a classe trabalhadora. Situação agravada por novas e recentes medidas, como as reformas trabalhista e previdenciária aprovadas em 2018 e 2019. Reformas que tungaram ainda mais direitos dos trabalhadores, agravando o quadro de miserabilização do proletariado brasileiro e a própria crise econômica. É este o ponto de esgotamento e saturação do atual modelo.

A “solução” para o aumento do desemprego defendida pelo governo Bolsonaro e seus consultores econômicos insiste na mesma tecla: mais privatizações, mais cortes de direitos, mais precarização, o que significa transformar a maioria dos trabalhadores brasileiros nos novos escravos do século XXI. É a chamada “uberização” da economia.

Desemprego e reestruturação produtiva nas empresas

Como agravante adicional, no Brasil e em vários outros países capitalistas foi promovida uma reestruturação produtiva que, desde os anos 90, vem aumentando exponencialmente os investimentos das empresas (privadas e até estatais) em automação e tecnologias que dispensam cada vez mais a necessidade de mão de obra (trabalho vivo). Fenômeno que ocorre em praticamente todos os setores da economia e que visa recuperar as taxas de lucratividade do capital.

Considerando os fatores expostos acima, é possível dizer que, ao contrário do que afirma o discurso do atual governo, o desemprego — no Brasil e em vários outros países onde vige a política neoliberal — tende a se agravar, e não refluir.

O primeiro passo para que se comece a amenizar (não solucionar) a atual crise de emprego está na retomada dos investimentos estatais na economia, no aumento da taxação e tributação das grandes fortunas, na reestatização de empresas privatizadas, no aumento dos recursos destinados aos serviços públicos e na anulação das reformas trabalhista e previdenciária. Programa que, para ser efetivamente implantado, pressupõe o fim do governo Bolsonaro.

 

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