Projeto de extensão vinculado ao Instituto de Humanidades da Universidade do Estado do Rio DE Janeiro (UERJ), o Núcleo de Assessoria Técnica Popular (NATEP) foi criado em fevereiro deste ano, com o objetivo de contribuir com a luta por moradias populares no Rio, de forma a beneficiar as comunidades de baixa renda. Entre outras atividades que desenvolve, o NATEP estuda técnicas de construção a partir de materiais alternativos (alguns deles recicláveis) e mais econômicos, visando reduzir o preço das construções.
Atualmente, o NATEP é dirigido por uma coordenadora, professora Ana Claudia Miranda Dantas, e tem participação de 46 estudantes de diversas universidades, além da UERJ, como UFRJ, PUC, UFRRJ e Anhanguera. Os alunos são, em sua maioria, dos cursos de arquitetura e engenharia, mas o NATEP também está com inscrições abertas para alunos de Design, Comunicação e Sociologia.
“Além dos grupos de estudos, estamos trabalhando em outros projetos de habitação popular. Um deles é localizado no município de Casimiro de Abreu. Desde o início da pandemia do coronavírus, transformamos o NATEP num grupo de estudos online. Estamos aprofundando as experiências para o uso de materiais recicláveis como fibras vegetais, garrafas PET, fibras de vidro, além do desenvolvimento de captação de água da chuva e aquecimento de água com uso de PVC. Quando retornarmos à normalidade após a pandemia, pretendemos utilizar essas técnicas”, explica Ana Claudia.
Aluna do quinto período de arquitetura da UERJ que também participa do projeto, a estudante Mônica Oliveira da Costa, 23 anos, falou de suas expectativas. “Espero que o projeto cresça ainda mais. É um projeto que está possibilitando contato com pessoas de outros cursos, além de nos possibilitar a realização de um trabalho socialmente importante, o que muito nos gratifica. É um projeto agregador e que ensina técnicas inovadoras de construção”, disse.
A professora Ana Claudia Dantas explica que o projeto surgiu de uma militância que já existia em favelas e ocupações urbanas, realizada por meio de um coletivo de arquitetas com atuação em comunidades da Pavuna e de São Cristóvão (barreira do Vasco), além da favela Trapicheiros, na Tijuca.
“Nas favelas, realizamos oficinas com os moradores. Essas oficinas resultaram em coisas práticas, como a construção de uma pracinha na favela Trapicheiros, feita com materiais recicláveis como pneus, madeiras reaproveitadas e cordas. Já na ocupação de São Cristóvão (Barreira do Vasco), encontramos moradores ameaçados de despejo porque ocupavam a garagem abandonada de uma empresa de ônibus. Os moradores desejavam uma horta comunitária e a construção de uma sala para a associação de moradores, o que ainda não foi possível devido à pandemia. Na ocupação ‘Povo Sem Medo’, localizada no prédio abandonado de uma indústria têxtil, na Pavuna, o NATEP apresentou o projeto de um Centro Comunitário, com espaços para oficinas, teatro e biblioteca. Mas o projeto não foi executado porque dependia da concessão de um terreno pela Prefeitura, o que não ocorreu”, explica.
Em Casimiro de Abreu, após vários estudos, inclusive da legislação urbanística da área, a equipe do NATEP está realizando projetos de habitação popular numa ocupação urbana com cerca de 50 famílias.
Construção de hortas comunitárias é
um dos projetos do NATEP