Enquanto o Hospital Estadual Eduardo Rabello, em Campo Grande, continua sucateado e sem oferecer as mínimas condições de proteção à saúde de seus servidores e pacientes, a Gerência de Enfermagem da unidade parece que vive em outro planeta. Ao menos, é esta a impressão que fica de ofício divulgado na última terça-feira (19 de maio) a todas as coordenações de enfermagem do hospital, solicitando informações como nome completo de cada um dos plantonistas, dias de plantão e dados dos veículos dos trabalhadores, como placa, cor e modelo.
O inoportuno documento vem gerando indignação entre os servidores do Eduardo Rabello, que trabalham sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados e não dispõem sequer de um bebedouro onde possam tomar água durante o expediente.
“A gerência de enfermagem deveria primeiro se perguntar como está a situação dos servidores do Eduardo Rabello. Deveria procurar saber como está a situação do pessoal da segurança, que usa máscaras improvisadas de pano. Como está a situação da farmácia, onde faltam medicamentos. Enfim, como estão as vidas das pessoas que realmente fazem o hospital funcionar, mesmo precariamente”, criticou Clara Fonseca, da direção do Sindsprev/RJ e da Associação Central dos Servidores da Saúde do Estado do Rio de Janeiro.
Clara afirma que, no setor de patologia, servidores trabalham sem EPIs. Ela também questiona o procedimento em relação aos pacientes mortos no hospital. “Não está sendo feita testagem para confirmar se os óbitos foram provocados pela covid-19.
Não é correto simplesmente dizer que as mortes foram causadas por pneumonia.
Em época de grave pandemia como a da covid, a testagem é essencial para conhecermos a real extensão de casos e evitarmos a subnotificação”, explica.
Servidores do Hospital também denunciam que, após 8 meses, a obra de reformas no ambulatório da unidade ainda não ficou pronta. Os trabalhadores denunciam ainda que um novo aparelho de raios-X está há 6 meses encaixotado no hospital, aguardando para ser montado.
O motivo é que ainda não foram realizadas as necessárias obras de adaptação para receber o aparelho.
“No Eduardo Rabello o que não faltam são situações absurdas. Uma das piores é o fato de servidores com mais de 60 anos de idade, muitos deles com problemas como hipertensão, câncer e diabetes, continuarem trabalhando presencialmente e sem redução de carga horária. Esses trabalhadores deveriam estar em casa. No hospital eles correm grande risco”, concluiu Clara.