Para o Sindsprev/RJ, a proposta do governo Bolsonaro e do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de congelar por 18 meses o salário de servidores públicos federais, estaduais e dos municípios é uma covardia e uma irresponsabilidade. O diretor do Sindicato, Sidney Castro, condenou a medida: “Em plena pandemia, com a população sob ameaça de contaminação crescente, com milhares de mortos, inclusive servidores que estão heroicamente na linha de frente do combate ao novo coronavírus para salvar vidas, como os da saúde, esta ameaça de congelamento do governo federal e do Congresso Nacional é covarde e irresponsável”, afirmou.
O dirigente lembrou que o governo tem recursos suficientes, tanto é que deu R$ 1,2 trilhão aos bancos para ‘ajudá-los’ a enfrentar a pandemia. No entanto, o presidente do Senado, Alcolumbre, que nada disse sobre este ‘auxílio’ ao sistema financeiro, prevê a apresentação de seu parecer inicial sobre a suspensão de reposição salarial aos servidores para esta quinta-feira (30/4). Ironicamente, a votação deve acontecer no sábado, por causa do feriado do Dia do Trabalhador, na sexta-feira (1/5).
A ‘medida’ seria para tirar do bolso do servidor para repassar a estados e municípios, sob a alegação de combater a pandemia. Alcolumbre se reuniu com o ministro da Economia, Paulo Guedes, no início da tarde desta segunda-feira (27). Segundo o senador, a estimativa de Guedes é ‘economizar’ R$ 130 bilhões no período.
Pressão descabida
Sidney frisou ser inadmissível que esses servidores que trabalham sobrecarregados e expostos ao coronavírus ainda tenham que ser submetidos à pressão de uma ameaça descabida como esta. Na sua opinião, o governo se aproveita da crise sanitária para retirar mais direitos e encontrar culpados para as dificuldades econômicas e sociais geradas pela sua política econômica desastrosa.
“Um sintoma disto é o governo ir à televisão dizer que o servidor público ‘está de geladeira cheia e a população de geladeira vazia’.
Fazer isto é querer jogar a população contra esses trabalhadores, que em sua maioria estão na linha de frente para salvar vidas e encontrar soluções para esta doença seríssima que assola o Brasil e o mundo”, avaliou.
Servidores deveriam ser valorizados
O dirigente lembrou que a atitude do governo federal e do Senado vai na contramão do entendimento de toda a sociedade, que vê como heróis os profissionais que estão salvando vidas. “É um governo incompetente que, ao invés de valorizar os servidores, os desmerece, o que se torna ainda mais grave e imoral neste momento de dor e sofrimento. Isso é inaceitável”, criticou.
Sidney citou como mais um exemplo da incompetência do governo a defesa insistente do fim do isolamento social, feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e agora pelo novo ministro da Saúde, Nelson Teich, numa situação gravíssima, em que os hospitais já não têm leitos suficientes para atender os pacientes com Covid-19. Segundo levantamento do site G1 junto às secretarias estaduais de saúde, foram registradas, até este dia 28 de abril, 4.674 mortes provocadas pela Covid-19 e 68.
188 casos confirmados da doença em todo o país.
Omissão do governo agrava pandemia
“Os hospitais particulares também já se aproximam de sua capacidade máxima de ocupação. A saúde, então, entra num colapso muito grande porque o Estado não nos dá as condições básicas de atendimento. Não temos Equipamento de Proteção Individual (EPI) suficiente para todos os servidores da saúde, que estão em número reduzido há anos, por falta de concurso; faltam também equipamentos, porque o governo reduz mais e mais a cada ano a verba da saúde e, por conta da falta de EPIs, a cada plantão têm menos servidores, que acabam sendo contaminados”, constatou.
O dirigente acrescentou que a omissão do governo em prover a rede pública de saúde dos meios necessários, política da qual faz parte a tentativa de desestabilizar os servidores através do achatamento salarial, é um dos principais fatores que levam ao crescimento exponencial dos casos de contaminação e morte pelo novo coronavírus.
“Essa pandemia está crescendo e saindo fora de controle justamente porque ele (governo) não garante os meios para controlar o coronavírus, de atender como deveria a população. Mais um exemplo disto é a renovação dos contratos dos CTUs, que acaba, agora dia 30 de maio, e não apresentaram a solução. que seria a renovação imediata destes contratos, além de contratar mais profissionais para atender a população neste momento de urgência”, afirmou.