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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Paralisações, protestos e truculência policial marcam Greve Geral contra a reforma da Previdência

Milhões de trabalhadores de diversas categorias aderiram à Greve Geral desta sexta-feira, 14 de junho. O movimento é contra a proposta de emenda constitucional número 6 (PEC 6), a reforma da Previdência, de autoria do governo Bolsonaro. O projeto, em tramitação no Congresso Nacional, impõe duras alterações previdenciárias aos trabalhadores e mantém privilégios de militares, deputados, senadores, juízes e procuradores. Na prática, acaba com o direito à aposentadoria pelo Regime Geral e dos servidores civis, privatiza a Previdência Social, ao criar o sistema de capitalização, e provoca a falência da Seguridade Social (Previdência, Saúde e Assistência Social), ao isentar os empregadores de sua parcela de contribuição para o setor.

A Greve Geral teve adesão em pelo menos 19 estados. Além das paralisações, houve atos públicos, passeatas e interrupções de vias importantes em todo o país. Aderiram à greve, entre outros, petroleiros, bancários, estivadores, portuários, metalúrgicos, profissionais da educação de escolas e universidades públicas federais e estaduais e colégios municipais públicos e da rede privada, além de metalúrgicos, jornalistas e radialistas da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), e parcialmente, rodoviários, metroviários e ferroviários.

Atos e interrupção de vias no Rio de Janeiro

Em todo o país, desde as primeiras horas da manhã, foram realizados protestos. Tanto de categorias, como petroleiros na frente de prédios e refinarias, como bancários, em agências maiores de bancos públicos, como o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, quanto de bancos privados. As manifestações ocorreram, também, com mais intensidade, nas universidades e em escolas federais, como o Pedro II e Cefet, atingidos pelo corte de verbas de 35%, imposto por Bolsonaro, e na Fundação Oswaldo Cruz.

No Into e em Bonsucesso

Por volta das 5 horas da manhã, os servidores da saúde federal participaram, com outras categorias, da interrupção do trânsito na Avenida Francisco Bicalho, que paralisou o fluxo na Ponte Rio Niterói e nas vias próximas ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into). Policiais militares da Ronda Especial de Controle de Multidões (Recom) agiram com extrema truculência, atirando balas de borracha e jogando bombas de efeito moral contra os manifestantes. O diretor do Sindsprev/RJ, Sebastião de Souza, criticou a atitude violenta da PM. E disse que greve é uma questão política e trabalhista, não podendo os trabalhadores que dela participam serem tratados como criminosos.

Por volta das 8 horas, servidores da saúde federal fizeram uma manifestação unificada em frente ao Into. Nele, Lúcia Pádua, diretora da Federação Nacional (Fenasps), afirmou que a Greve Geral era um primeiro e importante passo na luta contra a reforma da Previdência. “Não vamos sair das ruas enquanto não for rejeitado este projeto, que atinge em cheio os trabalhadores, impedindo que cheguem a se aposentar e quebra a seguridade social. Vamos ampliar a pressão”, avisou, durante o ato em frente do Into.

PM também em Bonsucesso

Os servidores da saúde fizeram outro ato, às 10 horas, no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). Além de condenar a reforma da Previdência, o diretor do Sindsprev/RJ, Sidney Castro, criticou, no carro de som, a militarização e o desmonte da saúde e o corte de verbas também na educação. Lembrou, durante a manifestação que nenhum país do mundo se desenvolve cortando recursos da educação e saúde, e impedindo o trabalhador de se aposentar.

“E é o que está fazendo o governo Bolsonaro.

A consequência será o agravamento da crise econômica, política e social, aumentando o desemprego de milhões de brasileiros, piorando a qualidade de vida e o atendimento dos hospitais federais à população”, afirmou.

O ato no HFB foi acompanhado por policiais da Recom. Um deles chegou a fotografar o ato com seu celular. O diretor Osvaldo Mendes ironizou a presença da força policial num ato pacífico. “Agradecemos a presença dos policiais que, certamente, estão aqui para zelar pela nossa segurança. E lembrar que também eles serão atingidos pela reforma da Previdência e por outros projetos do governo Bolsonaro, como todo o povo brasileiro”, afirmou ao microfone.

Ato da Pedro Lessa

Durante o ato no HFB os participantes foram convocados para ato das 13 horas, em frente à Gerência do INSS na Pedro Lessa. E também à passeata da Candelária à Central do Brasiul, com todas as categorias. A concentração foi marcada para as 15 horas.

Cristhiane Gerardo, diretora do Sindsef/RJ, frisou que a reforma atinge, principalmente aos que começaram a, por necessidade, trabalhar mais cedo. “Eu, por exemplo, com a fixação da idade mínima, terei que trabalhar mais 14 anos para me aposentar recebendo a integralidade”, disse. Desmentiu Bolsonaro e Paulo Guedes que a todo o momento afirmam que a reforma é para acabar com privilégios. “E falam isso com a maior cara de pau, quando a reforma atinge os mais pobres e mantém os privilégios dos políticos, procuradores e juízes, cortando o valor de aposentadorias e pensões para economizar visando beneficar os bancos”, lembrou.

Mônica Armada, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, avaliou que a intenção do governo é quebrar a seguridade social para atender aos bancos. “Primeiro, porque desta forma, os bancos ampliam a previdência privada, param de contribuir para a Seguridade Social, assim como todos os patrões, e ainda lucram porque o governo passará a garantir mais recursos para o pagamento de juros da dívida pública com os banqueiros, ao exigir mais tempo para a aposentadoria e reduzir os valores de todos os benéficos previdenciários. Marica Celina, diretora do Sindsprev/RJ, disse que a reforma é covarde com os trabalhadores e enriquece os empregadores que já são muito ricos. “Nossa tarefa é derrubar a reforma com a nossa luta”, afirmou.




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