A poderosa greve nacional dos empregados na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) está mostrando como resistir ao avanço do projeto do governo Bolsonaro, de arrocho salarial, desemprego, recessão econômica e de sucateamento e privatização do setor público. A paralisação por tempo indeterminado teve início no último dia 10 de setembro.
A direção do Sindsprev/RJ apoia a greve. O movimento é contra a retirada de direitos, em defesa dos Correios como empresa 100% estatal e os desmandos da diretoria da empresa sob orientação do governo.
Ao todo, 36 sindicatos e as duas federações (Fentect e Findect) estão juntos.
Os motivos da luta
O acordo coletivo de trabalho deveria ser negociado e assinado em junho ou, no máximo, julho. Porém, os representantes da diretoria da estatal quiseram impor a retirada de diversos direitos, recusando-se a abrir negociação. Por várias vezes ignorou o Comando Nacional de Negociação e Mobilização deixando de comparecer a reuniões agendadas em conjunto, demonstrando que não recuaria da proposta de retirada de direitos, conquistados ao longo de décadas de lutas pela categoria.
No final de julho, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) se propôs a mediar uma negociação entre as partes e prorrogou a vigência do acordo coletivo (2018/2019) até 31 de agosto, inclusive, mantendo a situação dos pais dos funcionários no plano de saúde. Mas, no dia seguinte da prorrogação, a diretoria da ECT desautorizou o atendimento dos pais, que seria permitido apenas em casos de urgência. No período da prorrogação proposta pelo vice-presidente do TST, a empresa se negou apresentar uma proposta que pudesse atender os trabalhadores, negando-se a negociar e até mesmo não aceitando a prorrogação proposta mais uma vez pelo TST para o dia 29 de setembro.
Redução de direitos
Seguindo orientação de Bolsonaro e do ministro da Economia, o banqeiro Paulo Guedes, a proposta da ECT é a redução do valor dos tíquetes-refeição/alimentação; o não pagamento dos tíquetes nas férias; exclusão do vale cultura; redução do adicional noturno de 60% para 20%; da gratificação de férias de 70% para 33%; do percentual do valor pago pelo trabalho em dia de descanso de 200% para 100%; e um reajuste salarial pífio de 0,80% sobre o salário base. Segundo estudos da Fintect, somando-se todos estes ataques, a perda anual chega á média de 40%.
Contra a privatização
Outro fator que está mobilizando os ecetistas é o anuncio de Bolsonaro e Guedes que pretendem privatizar os Correios, mais um ataque contra a soberania nacional, pretendendo vender a empresa estatal mais antiga do país. Os trabalhadores dos Correios sabem que a ECT está presente na vida do povo brasileiro em seus mais de 5.570 municípios, garantindo o direito à comunicação de toda população brasileira. Caso seja privatizada, muitos municípios ficarão a descoberto.
A campanha de difamação articulada para enfraquecer a imagem dos Correios perante a opinião pública esconde que muitas empresas que tentam concorrer com os Correios só querem atender aos grandes centros e quando as encomendas são para cidades distantes essas empresas utilizam o serviço dos Correios para executar a entrega.
Poucas pessoas sabem que os Correios são essenciais para a realização de políticas públicas e serviços sociais prestados à população, como as campanhas de vacinação e de amamentação; a ECT é responsável pela logística do ENEM; pela distribuição das urnas no período eleitoral; entrega de donativos; e atuação em grandes tragédias como Mariana e a de Brumadinho; além dos serviços do Banco Postal que faz o papel de uma agência bancária e permite a circulação de dinheiro em muitas localidades.
*Com informações do Coletivo Unidade Classista