A necessidade de reorganizar a luta pela abertura dos núcleos de saúde do trabalhador em cada local de trabalho, de ampliar os debates acerta do tema em toda a categoria e a mobilização em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e contra a sua privatização, foram os temas que tomaram conta da abertura, nesta quinta-fera (10/8), do Encontro de Saúde do Trabalhador da Seguridade Social – Ministério da Saúde, INSS e SRTE, no auditório do Sindsprev/RJ. Organizado pelo Sindicato, o evento teve por finalidade marcar a retomada do trabalho do Departamento de Saúde do Trabalhador do Sindsprev/RJ.
Na mesa do encontro estavam servidores veteranos, entre diretores e militantes de base, que participaram durante anos do debate e fortalecimento da luta em defesa da saúde do trabalhador: a diretora do Sindsprev/RJ, Maria Ivone, a servidora do INSS, Elza da Veiga e a da saúde federal, Denise Sanches, além de Francisco Araújo, diretor do Departamento de Saúde do Trabalhador do Sindicato. Ivone fez um retrospecto do departamento, fundado em 2007, para discutir com a categoria os problemas relativos a doenças ocupacionais e sobre como preveni-las. Lembrou que nos últimos anos o departamento foi se esvaziando, mas que seu trabalho será retomado a partir de agora, devido à sua importância. “Enfrentamos problemas sérios, como a contaminação de várias formas, assédio moral e depressão, entre muitos outros, sendo o funcionamento pleno do departamento vital para a nossa categoria”, afirmou.
Já Elza da Veiga, em sua explanação, defendeu a criação de núcleos de saúde do trabalhador nas unidades do INSS, do ministério do Trabalho e nas unidades de saúde. Enumerou os principais causadores de doenças ocupacionais como o levantamento de peso excessivo, pressão das chefias, mobiliário inadequado, ritmo acelerado de execução de tarefas, horas extras em demasia, substâncias tóxicas, pausas insuficientes, nível de incerteza em relação às tarefas a serem executadas e esforço repetitivo, entre outras. Criticou especificamente as condições de trabalho dos agentes de combate a endemias, que, muitas vezes, não têm local apropriado, sequer, para a troca de roupa, além de estarem expostos à contaminação por produtos químicos.
Denise Sanches enumerou como principais novos agravantes da saúde do trabalhador o congelamento de verbas para o serviço público, e em especial para o SUS, o projeto de Temer já em curso, de desmonte e privatização do sistema único e a aprovação da reforma trabalhista.
“Com a reforma, cresce a possibilidade de adoecimento, por exemplo, quando a pessoa vai poder ser contratada por hora, e convocada pela empresa a qualquer momento, tendo que pagar a ela quando não puder comparecer quando convocado, ou ter uma jornada de até 12 horas, ou seu horário de almoço reduzido ou suprimido, e salários e outros direitos diminuídos, como férias, 13 salário, FGTS, aproximando-nos muito de uma situação de semiescravidão”, afirmou.
Já o congelamento do Orçamento da União por 20 anos, proposta de emenda constitucional de Temer aprovada pelo Congresso Nacional, vai causar a redução das verbas para setores como saúde. Uma situação que aumentará a sensação de impotência e insegurança, adoecendo ainda mais não apenas os servidores, como toda a população, com o agravante de, isto acontecendo, não poderem lançar mão da saúde pública para o tratamento. “Até porque o governo está desmantelando o SUS para depois entregá-lo a grupos privados que não estarão preocupados com a saúde das pessoas, mas sim, com o lucro”, frisou. Para Denise é urgente que toda a sociedade entenda o drama que será criado com este projeto do governo de desmonte do sistema único e a necessidade de lutar contra ele. “A situação é dramática diante deste projeto desumano e genocida. E temos que estar atentos para o fato de que lutar em defesa do SUS é tarefa urgente e de todos”, defendeu.