No último domingo (23/2), o jornalista e influenciador digital Igor Melo de Carvalho (foto), que é negro, foi baleado pelas costas após ser acusado de roubo. Acusação feita sem qualquer prova.

Dono de um canal esportivo e torcedor do Botafogo, Igor foi baleado ao sair do trabalho, na Penha, Zona Norte do Rio. Segundo sua esposa, Marina Moura, Igor foi atingido pelas costas pelo policial militar aposentado Carlos Alberto de Jesus, que também é negro. Carlos Alberto efetuou os disparos após a esposa do policial ter acusado Igor de roubá-la. Levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, Igor Melo sobreviveu, mas perdeu um rim.

Na terça-feira (25), Carlos Alberto de Jesus prestou depoimento na 22ªDP (Penha) e alegou que Igor e o condutor de uma moto “seriam os responsáveis pelo roubo do celular de sua esposa”. De acordo com as investigações, no entanto, no domingo (23) Igor pediu um transporte de moto por aplicativo para sair do trabalho, na Penha, duas horas após o horário apontado pela mulher do policial como o do suposto “assalto” cometido por Igor.

Dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev-RJ, Osvaldo Mendes analisou o ocorrido. “O que o policial aposentado fez, ao atirar contra Igor, foi decorrência de uma ideologia que sempre enxerga as pessoas negras como suspeitas e criminosas em nossa sociedade. Mas foi também decorrência de políticas do Estado brasileiro que criminalizam pessoas de pele negra, um Estado que também é homofóbico. Um Estado cujas polícias reproduzem este preconceito diariamente. Tudo isto é herança do imaginário escravagista que, até hoje, exclui os povos negros e indígenas do conceito de nação”, afirmou.