Após nove meses de mobilizações e greve, o governo Lula fará a primeira negociação com os servidores da saúde que trabalham nos seis hospitais da rede federal do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (19/2), em Brasília. O encontro foi intermediado pelo Secretário Nacional de Assuntos Federativos da Presidência da República, André Ceciliano, que se reuniu com diretores do Sindsprev/RJ, em 6 de fevereiro, na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo o que foi acertado na reunião com Ceciliano, participarão da negociação na capital federal, o Secretário-Geral da Presidência da República, ministro Márcio Macêdo; um representante do Ministério da Gestão e Inovação no Serviço Público (MGI); e outro do Ministério da Saúde. Os temas tratados estão na pauta da greve dos profissionais da rede federal, entre eles a agilidade na realocação, a pedido, dos funcionários dos hospitais já terceirizados, ou em vias de terceirização, para o Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into) e para a o Instituto Nacional de Cardiologia (INC); a aprovação do projeto de lei 3102/22, que transfere estes profissionais para a carreira da Ciência e Tecnologia; e a interrupção do fatiamento e terceirização da rede.
Também será reivindicada a recondução de Maria Fernanda Rocha de Souza Guia ao cargo de coordenadora da Enfermagem do Hospital Federal Cardoso Fontes, eleita pelos servidores. A profissional foi exonerada da função em 12 de fevereiro, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, a pedido da organização social SPDM, que passou a gerir a unidade, após ser contratada pela Prefeitura do Rio, para quem o hospital foi repassado pelo governo federal, como parte do fatiamento.
Transferência para a C&T – A diretora do Sindsprev/RJ Christiane Gerardo disse que a expectativa é a de que o governo finalmente escute a categoria. “É muito impactante você ver uma rede de hospitais que funciona de forma integrada, atendendo à população, ser fatiada assim desta forma; o que além de infligir uma perda ao usuário, também afeta os profissionais destas unidades e a sua organização de trabalho, sem que o governo apresente uma solução para estes trabalhadores. Já que decidiu por um outro modelo de gestão, então que ao menos nos transfira para uma carreira que nos valorize, no caso, a da Ciência e Tecnologia”, afirmou a dirigente.
“Esperamos que o governo avance no processo negocial, e que consigamos o entendimento entre as partes, que possa pôr fim à greve que já dura nove meses”, disse.
Fim do fatiamento – A diretoria do Sindsprev/RJ vai reivindicar na negociação a interrupção do processo de fatiamento, uma das principais pautas da greve. “Vamos expor o que o processo de fatiamento está trazendo de piora para a qualidade e a segurança da assistência prestada à população. Vamos solicitar, mais uma vez, que se interrompa este processo imediatamente”, adiantou.