A Comissão de Higiene, Saúde Pública e Bem-Estar Social da Câmara Municipal do Rio promoveu, na manhã desta sexta-feira (13/12), mais uma audiência pública para debater a situação da rede federal. Desta vez, o foco foi o processo de fatiamento dos hospitais federais do Rio. Durante a audiência, o Sindsprev/RJ propôs que vereadores, deputados e senadores identificados com a luta contra o fatiamento proponham ao Congresso Nacional a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a dramática situação da rede federal do Rio.
A audiência foi aberta formalmente pelo presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio, vereador Paulo Pinheiro (PSOL). “Esta está sendo a quinta audiência pública sobre o tema da rede federal de saúde que realizamos nesta legislatura que se encerra. Sabemos da grave crise da rede federal e lamentamos que parlamentares federais que convidamos não tenham comparecido. Para esta audiência não convidamos representantes do governo porque eles não vêm, mesmo sabendo que esta é uma crise que afeta os usuários da rede. O Ministério da Saúde não deve delegar a outros aquilo que ele já sabe fazer, que é gerir os hospitais federais. Foi lamentável ver o Ministério mandando reprimir os servidores no Hospital de Bonsucesso, como é também lamentável a entrega do Hospital Federal dos Servidores à Ebserh e a municipalização dos hospitais federais Cardoso Fontes e do Andaraí”, afirmou.
Em seguida, foi exibido um vídeo sobre a repressão policial contra os servidores e servidoras que, em outubro, resistiam à entrada do Grupo Empresarial Conceição no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB).
Representando o Sindsprev/RJ, a servidora Cristiane Gerardo também fez duras críticas à política do governo Lula (PT) para a saúde federal. “Não me é estranha a ausência de parlamentares do Congresso Nacional aqui nesta audiência. Afinal, eles sabem muito bem o que está acontecendo na rede federal, uma rede onde, em 2023, tivemos 813 mil consultas ambulatoriais e 45 mil cirurgias. O Sr. Daniel Soranz gosta de afirmar que não trabalhamos, mas devia saber que quem não trabalha é ele, que terceiriza a gestão das unidades municipais e agora quer fazer o mesmo na rede federal. Em 2024, tivemos uma queda abrupta da produção da rede federal, provocada pela portaria que centralizou a gestão da rede federal na DGH. Nós tínhamos uma rede com 7.257 servidores efetivos, com déficit de mais de 8 mil trabalhadores. Ainda assim, conseguíamos manter 72% de ocupação dos leitos hospitalares. Por tudo isto é que devemos propor CPI para investigar a situação dos hospitais federais”, disse.
Presente à audiência, o deputado federal Tarcísio Mota (PSOL-RJ) “Meu papel é primeiro prestar solidariedade aos trabalhadores da rede, diante de um cenário absurdo. Ao mesmo tempo, é também uma fala de lamento por ver este governo que ajudei a eleger respondendo tão mal a questões que vocês trazem. Um governo que continua fazendo o sucateamento, a precarização e o desrespeito com uma história construída em cada hospital que agora sofre este processo de fatiamento. Além de solidariedade a vocês e lamento, minha postura é de repúdio e indignação. Não é porque a oposição ao governo Lula vem da extrema direita que eu apoiarei o que o atual governo tem feito. Neste ponto, discordo frontalmente do que está sendo feito e da forma como está sendo feito. E a ministra Nísia sabe disto. Estamos convictos de que a solução passa por concurso público e plano de carreira, e não pelo fatiamento. Por isto, naquilo que for possível, contem com o meu mandato”, afirmou.
Além do Sindsprev/RJ, participaram da audiência — com direito a voz — representantes do Sindicato dos Médicos do Rio (Sinmed-RJ), Sindicato dos Enfermeiros (SindEnf-RJ), SintSaúde-RJ, Federação Nacional dos Médicos, Sindicato dos Farmacêticos, Sindicato dos Assistentes Sociais, Sindicato dos Psicólogos e Sindicato dos Cirurgiões Dentistas.
