O Grupo Hospitalar Conceição (GHC) vem mostrando todo o seu despreparo como gestor terceirizado do Hospital Federal de Bonsucesso. Contratado a peso de ouro pelo Ministério da Saúde, vem tomando decisões que pioram o funcionamento da unidade, que já era precário devido ao corte de verbas.
Em mais uma decisão equivocada, o GHC decidiu transferir o ambulatório da nefrologia, que funcionava no prédio 1, para o prédio 6, onde o 3° andar foi reformado pelas direções anteriores e aguardava resolução dos problemas da subestação para retomada do seu funcionamento. Porém, o GHC inaugurou às pressas. O resultado não poderia ser pior: faltou energia em função da sobrecarga causada pelos equipamentos, e, em seguida, o terceiro andar foi inundado porque a água da chuva acumulada entrou pelos dutos do ar-condicionado vazando como um chuveiro, pelo teto.
A solução encontrada para manter o funcionamento dos ambulatórios, mas evitar a sobrecarga, foi manter o ambiente insalubre, desligando o ar-condicionado, aumentando, assim, a possibilidade de contaminação por causa do calor intenso. Mas a falta de energia é um sintoma recorrente, não apenas no ambulatório, mas em todo o hospital.
Ainda segundo denúncias, falta energia várias vezes na semana em função da obra da subestação, que já iria começar na gestão anterior do Ministério da Saúde, mas que passou a ser tocada pelo GHC. O grupo alugou seis geradores alimentados por diesel, mas a falta de energia continua.
Para piorar a situação, estes geradores foram colocados na praça interna do hospital, reduzindo o espaço de circulação, inclusive para o estacionamento. Além disto, a colocação de geradores de energia elétrica e do tanque de óleo diesel, no meio do hospital, representa, ainda, um risco para as pessoas que por ali circulam.
Para o caso de um acidente com estes grandes equipamentos, foram colocados extintores de incêndio, mas dentro da grade protetora que fica ao redor dos geradores. A medida não tem o menor sentido, já que, desta forma, impede que os extintores sejam utilizados, por exemplo, em caso de incêndio. Deveriam ser colocados do lado de fora da proteção.
Anteriormente à chegada do GHC, um gerador funcionava na casa de máquinas, um local protegido e longe das pessoas que circulam pelo hospital, servidores, pacientes e familiares. Este gerador só era ligado em caso de falta de energia elétrica da concessionária, dando conta do recado.
Segundo denúncias, havia um problema nos cabos deste gerador da subestação, que precisavam ser trocados. A direção do HFB anteriormente à chegada do GHC, já havia comprado estes cabos, por pouco mais de R$ 300 mil, mas, ainda segundo denúncias, o GHC teria comprado outros cabos com a mesma finalidade, por mais de R$ 1 milhão.
Assédio moral coletivo – Outro grave problema apontado por quem trabalha no HFB, é a pressão contínua sobre os servidores federais que são os responsáveis por manter a unidade funcionando mesmo em situação precária devido ao aumento do corte de recursos por parte do Ministério da Saúde. O desrespeito começa pelo presidente do GHC, Gilberto Barichello.
No dia 23 de outubro, quando servidores lotaram o auditório do prédio da maternidade do HFB para conhecer o modelo de governança do grupo, Barichello fez uma fala intimidatória contra os trabalhadores ali presentes. Em tom agressivo e inquisitorial, ele disse: “é esta empresa [Grupo Conceição] que vai trabalhar aqui. Se esta empresa não te interessa, não é aqui o seu lugar”. Denúncia do caso foi enviada por 14 entidades sindicais à Comissão de Ética do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e à Comissão de Ética, à Corregedoria e à Ouvidoria do Ministério da Saúde.
Para coroar os ataques aos servidores estatutários e ao Sistema Único de Saúde (SUS), o GHC e o Ministério da Saúde deram um ultimato à categoria, fixando um prazo de 30 dias a partir de 2 de dezembro, para que optassem por sair do HFB pedindo transferência para os institutos (Inca, Into e INC). Ou para hospitais do estado ou do município. Neste caso, teriam que pedir uma vaga, situação encarada como humilhante pelos servidores. Quem decidisse por permanecer, teria que aceitar ser subordinado à gestão terceirizada do GHC, cumprindo todas as suas determinações.
Ao que tudo indica, o objetivo desta pressão, é fragilizar a luta contra o processo de fatiamento da rede federal, substituindo os servidores por celetistas e precarizando a relação de trabalho. Com isto, a terceirização vai custar ainda mais caro devido à saída dos servidores e à contratação de novos funcionários, estes, celetistas.
Roseani Vilela, eleita recentemente para a nova diretoria do Sindsprev/RJ que tomará posse em janeiro de 2025, frisou que, com a chegada do GHC, aumentou muito a pressão e a insegurança. “As pessoas estão entristecidas. O GHC não respeita ninguém, mas a gestão é ainda do Ministério da Saúde, sejam os servidores efetivos ou os contratos temporários, mas o GHC chega dando ordens, sem ter este direito”, afirmou a dirigente.
“Muitos servidores estão ficando doentes por conta desta pressão e deste desrespeito. Isto atrapalha ainda mais o funcionamento do hospital. Como é que você vai trabalhar bem sob pressão?”, questionou.