A gestão de Nísia Trindade à frente do Ministério da Saúde deixou vencer 58, 7 milhões de doses de vacinas desde 2023, primeiro ano do governo Lula. A informação foi publicada pelo jornal O Globo, na edição desta quarta-feira (13/11). Segundo a publicação, a maior parte das perdas de imunizantes ocorreu em 2023, com 39,8 milhões inutilizadas, somando prejuízo de R$ 1,17 bilhão, enquanto de janeiro deste ano até agora foram mais 18,8 milhões sem uso, o que já custou R$ 560,6 milhões aos cofres públicos.
Para a diretora regional do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo, a perda de milhões de vacinas é o retrato da incompetência da ministra Nisia Trindade. “O Ministério da Saúde tenta abafar esse escândalo, afirmando que foi consequência do negacionismo, mas é mentira. A falta de campanha de conscientizacão, de ampliação do limite de idade disponível para dose de reforço, de gerenciamento sobre o estoque, demonstram que a crise da vacina é causada pela incompetência da ministra Nisia”, criticou.
A perda de milhões de vacinas mostra como o governo trata a área da saúde, o que se expressa também através do corte de verbas do orçamento da rede de hospitais federais do Rio de Janeiro. Com a redução, a verba destinada a estas unidades se tornou ainda menor do que no governo anterior, o que levou à piora dos serviços prestados à população. Para o diretor do Sindsprev/RJ, Sidney Castro, a medida teve como intenção justificar a terceirização da gestão destes hospitais, para empresas como o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e também para a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Perda de vacinas: erros de gestão – Os 58,7 milhões de vacinas perdidas desde 2023, após Lula assumir a Presidência, supera em 22% a quantidade desperdiçada nos quatro anos em que Jair Bolsonaro esteve no poder, quando 48,2 milhões de imunizantes foram descartados por não serem usados no prazo de validade. “Especialistas citam que a alta pode ser resultado de erros na gestão, como compra de produtos perto do vencimento, até o crescimento de movimentos antivacina. O Ministério da Saúde atribui parte das perdas a doses recebidas da administração passada”, relata o jornal O Globo.
Para evitar novos desperdícios, a Saúde informou ter adotado inovações no processo de distribuição dos imunizantes, “como a entrega parcelada por parte do laboratório contratado e possibilidade de troca pela versão mais atual aprovada pela Anvisa”.
Especialistas ouvidos pela reportagem de O Globo observam que o problema não se restringe à Covid-19. Doses de vacinas como DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), febre amarela e meningocócica foram descartadas, apesar de aumentos na cobertura vacinal. Entre 2022 e 2024, a vacinação contra a DTP subiu de 64,4% para 87,5%, enquanto a de febre amarela passou de 60,6% para 75,4%.