A greve dos servidores da rede federal de Saúde completou cinco meses no último dia 15/10. Exemplo de resistência ocorre no Hospital Federal de Bonsucesso, onde os trabalhadores permanecem na porta da unidade para impedir a entrada do Grupo Empresarial Conceição. Os servidores repudiam a entrega da unidade para o Grupo. Além de protestar contra o fatiamento da rede federal de Saúde, os trabalhadores reivindicam melhores condições de trabalho e o fim do sucateamento de todas as unidades.
Julio Noronha, diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sinmed-RJ), chamou a atenção para a terceirização que o governo Lula está fazendo na rede federal de Saúde. “A greve está perfeita, capitaneada pelo Sindsprev-RJ, verdadeiros heróis. O que o governo Lula faz com a terceirização da rede federal de Saúde é um verdadeiro genocídio. A perspectiva é que o movimento seja vitorioso porque estamos em um governo social. O presidente Lula foi presidente de um sindicato e foi preso no dia 1 de maio de 1980. E ele, com certeza, não vai permitir que a polícia federal e estadual venha aqui bater em velho, em mulheres e pacientes. Éramos os heróis há pouco tempo por causa da covid, e agora vamos ser os bandidos?. Não estamos fazendo nada de errado. Estamos apenas defendendo o serviço público e a vida da população. Já que, responsavelmente, o Ministério Público não ouviu ninguém, nem o sindicato, nem o controle social. Afinal os Conselhos Municipal e Estadual de Saúde se manifestaram contra este fatiamento”, explicou.
Na opinião de Elizabeth Guastini, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, o Hospital Federal de Bonsucesso está sendo “tratorado” pelo Ministério da Saúde. “O Ministério da Saúde não deu uma única solução. Não foi transparente. Agiu silenciosamente. Um desrespeito. Dentro do Hospital de Bonsucesso, os funcionários estão com medo de perder a sua carga horária. Muitos enfermeiros, com contratos para vencer no dia 30 de novembvro. É uma incerteza e insegurança. Temos família, filhos. Temos que sustentar nossa família. O que estamos pedindo é que eles escutem a categoria, os sindicatos, o Conselho Municipal de Saúde, O Conselho Nacional de Saúde. Foram todos contra este tipo de situação de colocar aqui dentro a rede Conceição. Não tivemos a oportunidade de construir nada porque o próprio Ministério da Saúde nunca ajudou a direção e tão pouco os funcionários de estar construindo e reativando os leitos dos hospitais. A gente pede que confiem em nós. Temos capacidade e queremos construir juntos”, comentou.
Cintia Teixeira, presidente do sindicato dos Nutricionistas do Rio de janeiro, lembrou que, em todos os processos de mudanças de governo, os servidores sempre fizeram a defesa do SUS para atender com qualidade a população. “Não poderia ser diferente. Este é o proceesso que, infelizmente, o governo quer terceirizar o modelo de gestão do SUS. E resolveu começar aqui, no Hospital Federal de Bonsucesso. A luta é justa, a greve é justa, o movimento é justo. Não só para a defesa do SUS, de seus princípios, mas a defesa da qualidade dos serviços prestados à população. Não precisamos da rede Conceição, grupo que vem do sul para cá. Temos a Fiocruz aqui ao lado para capacitar os servidores no âmbito da gestão pública. Não há justificativa”, considerou. A nutricionista acrescenta que os servidores são contra qualquer flexibilização do modelo de gestão. “Defendemos a gestão eleita, com controle social, com conselhos gestores eleitos, concurso público para que a nossa classe trabalhadora da Saúde seja formada na rede para atender a população. A luta vai seguir independente deles estarem ameaçando ou não. Ontem foi uma vitória parcial a gente barrar a entrada do Grupo Conceição”, frisou.