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quinta-feira, outubro 31, 2024
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Servidores do Hospital de Bonsucesso protestam contra entrega da unidade ao Grupo Conceição

Cerca de 100 servidores do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) realizaram, nesta quinta-feira (3/10), na Praça Liberdade, manifestação contra a entrega da gestão da unidade hospitalar ao Grupo Empresarial Conceição e contra o fatiamento da rede federal. Além disso, os servidores votaram, por unanimidade, manter a ocupação do andar da direção-geral da unidade, em protesto contra o grupo empresarial.

A enfermeira Roseane Vilela, integrante do Comando de Greve, ressaltou a importância do protesto contra a entrega do Hospital de Bonsucesso ao Grupo Empresarial Conceição. Ela lembrou que o Hospital do Andaraí, através da resistência, conseguiu barrar a entrada do município naquela unidade. “O Cardoso Fontes também. Através da resistência, barrou a entrada do município. Servidores do estado, através da resistência e da colaboração do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, também barraram a entrada da Ebserh. O grupo Conceição está pronto para entrar. Só falta pôr o pé aqui dentro. Todo o processo já está caminhando. Basta assinar e eles colocam o pé e entram. Cabe a nós, do Hospital de Bonsucesso, resistir”, convocou.

Defender o Hospital de Bonsucesso é lutar contra o fatiamento da rede federal. Foto: Niko.

Roseane Vilela também elogiou o comprometimento da rede federal em reforçar a manifestação. “Precisamos entender que somente com a luta e com a resistência esse grupo não vai adentrar aqui e tomar conta de nossa casa. Estamos tendo a colaboração de toda a rede. Temos aqui pessoas que dormiram no hospital ontem: Andaraí, Lagoa, Sindsprev-RJ. Peço para todas as categorias: vocês deveriam fazer uma escala onde todos os dias e noites tenham pessoas aqui conosco para tomar conta de nossa casa. Essa casa sempre foi nossa e sempre será”, comentou.

O dirigente do Sindsprev-RJ Sidney Castro destacou o manifesto que Chris Gerardo, também diretora do sindicato, leu durante o ato no Hospital de Bonsucesso sobre o que vem ocorrendo nos hospitais federais. “É o que acontece com este hospital. É um desvio de verba onde as rapinas colocaram dinheiro no bolso para não atender a população. Eles não estão preocupados com os usuários. Eles estão preocupados com o enriquecimento ilícito. Fazendo contratação de médicos ganhando 20 mil. Contratando administrativo ganhando 17 mil. De onde vem esse dinheiro? Por que não aplica esse dinheiro em um concurso público? Eles desviam dinheiro todos os dias. Médicos com dificuldade de fazer cirurgia porque não têm material. Funcionários não podem fazer atendimento de qualidade porque não têm material. Essa briga de hoje é em defesa desta unidade. Não estão querendo vocês aqui”, lembrou o dirigente.

Roseane Vilela, do Comando de Greve do Hospital de Bonsucesso, convoca à mobilização. Foto: Niko.

Sidney Castro criticou ainda a falta de valorização e respeito do governo com os servidores. “Eles têm tratado todos aqui como se fossem vagabundos. Como se ninguém aqui tivesse responsabilidade com o usuário e com esta unidade. Venham para a luta. Nós estamos com uma ocupação aqui dentro do gabinete da direção. Eles estão tentando fazer a desocupação judicial, mas vamos resistir e dizer ‘Fora rede Conceição. Aqui você não tem espaço e nós vamos para a luta e resistência’. Minha proposta é uma votação sobre manter ou não a ocupação a favor do manifesto”, sugeriu o dirigente. A votação foi feita e a ocupação foi mantida.

O vereador Paulo Pinheiro (PSOL) elogiou o movimento dos servidores. Segundo ele, o absurdo do momento na política brasileira é a entrega dos hospitais federais do Rio de Janeiro a municípios, à empresa Ebserh e ao Grupo Conceição. O parlamentar, no entanto, apontou o caminho para uma virada na atual situação. “O que estão tentando fazer é acabar com a nossa dignidade. Dignidade não se empresta, não se compra, não se vende. Quando cada um de nós resiste e se coloca em defesa do hospital, como serviço público, trata-se de uma atitude absolutamente digna. Independente de qualquer outra coisa, devemos nos orgulhar muito dessa posição. Estaremos sempre ao lado do serviço público. A mudança tem que ser servidor público dirigindo hospital público. Que haja concurso público. Que o ministério da saúde coloque dinheiro para a compra de material para que profissionais de qualidade possam trabalhar. Este hospital sempre foi exemplo de hospital. Não são as paredes que fazem essa dignidade. É exatamente o trabalho dos profissionais de saúde que dignificam o Hospital”, analisou.

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