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sexta-feira, setembro 20, 2024
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Ato no HFB repudia fatiamento e convoca assembleia da rede federal para quarta (4/9), às 11h, no Sindsprev/RJ

Em uma greve que hoje completa 106 dias, servidores da rede federal fizeram, na manhã desta quinta-feira (22/8), mais um ato unificado de repúdio ao fatiamento e à privatização de hospitais da rede SUS sob administração do Ministério da Saúde. Desta vez, a manifestação foi realizada em frente à entrada principal do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), unidade que Lula (PT) e a ministra Nísia Trindade (Saúde) querem entregar ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC).

Com o objetivo de fortalecer a luta contra a privatização e o fatiamento dos hospitais federais, o ato unificado reafirmou a necessidade de que o maior número possível de servidores da rede federal do Rio participe da assembleia geral que acontecerá na próxima quarta-feira (4 de setembro), a partir das 11h, no auditório térreo do Sindsprev/RJ – rua Joaquim Silva, 98 – Lapa.

Na parte da tarde da mesma quarta-feira, a partir das 15h30, os servidores realizarão uma plenária com presença do deputado federal Reimont (PT-RJ). O parlamentar é o responsável por articular, junto a instâncias do governo, a viabilidade da transposição dos servidores da rede federal do Rio para a carreira da Ciência e Tecnologia (C&T), a exemplo que já dispõe o Projeto de Lei (PL) nº 3.102/2022 em relação aos trabalhadores do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) e Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO).

Ministra da Saúde, Nísia Trindade foi um dos principais alvos de críticas durante o ato. Foto: Mayara Alves.

Críticas às políticas de Lula (PT) e Nísia na rede federal

O ato desta terça-feira (29/8), no Hospital de Bonsucesso, foi marcado por duras críticas dos servidores à política privatista de saúde praticada pelo governo Lula (PT) e aplicada sem dó pela ministra Nísia Trindade. “Nós temos que resistir. Nós precisamos todos os dias atuar de forma unificada nos hospitais federais porque o canhão que apontam para nós é para destruir as unidades de saúde e não fazer mais concurso público. Em março deste ano, o DGH editou uma portaria para esvaziar as administrações dos hospitais. Era o começo do desmonte da rede. Só vamos conseguir derrotar esse projeto se juntos mostrarmos nossa indignação. Não é em grupos de whatsapp ou nos corredores que vamos derrotar a privatização, mas aqui, na luta concreta do dia a dia. O Grupo Conceição não tem compromisso algum com o servidor público ou com os usuários. Precisamos fortalecer esta greve, que não é só da enfermagem, é de todo o Hospital de Bonsucesso e de todas as unidades. Não aceitaremos a entrega do nosso hospital ao Grupo Conceição, como também não aceitamos o fatiamento das demais unidades da rede. Aqui o Grupo Conceição não vai entrar. Fora Grupo Conceição!”, afirmou Sidney Castro, dirigente do Sindsprev/RJ, em discurso bastante aplaudido pelos trabalhadores.

Presidente da seção carioca da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Paulo Farias expressou seu apoio à greve da rede federal. “A coragem e a iniciativa de todos vocês é muito acertada. Sou trabalhador da Cedae e lembro que, após a privatização da empresa, houve aumento de tarifas e queda na qualidade dos serviços. De forma semelhante, a privatização e a municipalização da saúde vai ser uma tragédia. Lutamos por concurso, valorização dos servidores e cumprimento dos acordos de greve. A CTB está com vocês”, disse.

“Precisamos vencer. Precisamos derrotar a política do governo”

Servidora do Hospital Federal Cardoso Fontes (HCF), em Jacarepaguá, Maria Isabel fez um chamado à continuidade da greve e das mobilizações. “É muito importante que vocês, do Hospital de Bonsucesso e de todas as unidades federais, lutem pelos seus postos de trabalho. Precisamos replicar esta luta. Todos nós somos rede e devemos continuar unidos para barrar o fatiamento e também conquistar o nosso enquadramento na carreira da ciência e tecnologia. Precisamos vencer. Precisamos derrotar a política do governo, e isto se faz com o povo na rua”, frisou ela.

Para servidores, gestão Lula-Nísia está destruindo a rede federal. Foto: Mayara Alves.

Dirigente do Sindsprev/RJ em Jacarepaguá, Cristiane Gerardo reforçou as críticas à ministra Nísia Trindade. “Todo o controle social, que prevê a participação popular nas decisões do SUS, se posicionou contrariamente à municipalização de unidades federais. É preciso que as decisões dos conselhos municipal e estadual de saúde sejam cumpridas e que as atas das sessões sejam levadas à Defensoria Pública da União (DPU), para que esta tome as medidas pertinentes. Se a ministra Nísia quiser levar adiante o projeto de fatiamento, ela terá de fazer isto passando por cima da gente. A Ebserh, as organizações sociais, a Rio Saúde e o Grupo Hospitalar Conceição não passam de estruturas privatistas do SUS. Quem tem de ser colocada à disposição é a ministra Nísia, que tudo fez para nos destruir. Nossa greve já é a mais longa da história da rede federal. Greve causada por esta ministra privatista, antissus e entreguista que é a senhora Nísia Trindade.”, ressaltou.

Informes das articulações realizadas em Brasília

Em seguida, foram apresentados informes das articulações realizadas pelo Sindsprev/RJ em Brasília, durante esta semana, para viabilizar a inclusão dos servidores da rede federal na carreira da Ciência e Tecnologia. As articulações incluíram contatos com a deputada federal Daiana Santos (PcdoB-RS), relatora do PL 3.102/2022, que prevê a transferência dos servidores do INTO e do INC para a carreira da Ciência e Tecnologia. Também houve audiência com a assessoria parlamentar do Ministério da Ciência e Tecnologia, uma movimentação estratégica fundamental para viabilizar o pleito. Em complemento a esses importantes contatos, os representantes do Sindsprev/RJ também conseguiram, junto ao deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), o compromisso de elaborar um requerimento para convocação de audiência pública, em Brasília, visando debater a greve da rede federal. A proposta do Sindsprev/RJ é que, tão logo a data seja definida, uma caravana de servidores da rede federal rume a Brasília para participar ativamente da referida audiência.

‘Fora Nísia, traidora do SUS’, gritam servidores. Foto: Mayara Alves.

Servidora lotada há 30 anos no Hospital de Bonsucesso, Roseane Rocha Vilela falou de sua decepção com as políticas para o serviço público, especialmente sob o atual governo. “Na época em que prestei concurso para trabalhar neste hospital, pensei que minha estabilidade estava garantida, mas me decepcionei porque, com tudo o que está acontecendo agora, minha saída talvez seja antecipada. Depois, veio a eleição de Lula, que indicou Nísia Trindade. Então pensei que seríamos reconhecidos, mas novamente foi outra decepção, pois Nísia está tentando nos destruir. Por isso é que precisamos fortalecer a nossa luta e dizer que o Grupo Conceição não vai entrar aqui no Hospital de Bonsucesso”, afirmou.

Não queremos privatização, municipalização e fatiamento

“Queria aqui fazer uma saudação especial ao deputado Glauber Braga, que vem sendo perseguido por segmentos da extrema direita no Congresso Nacional. Sobre a municipalização, não tem como implementar se os conselhos municipal e estadual de saúde rejeitaram. Mas para fortalecer a decisão dos conselhos, temos que nos unir. A nossa vitória depende de cada um de nós agora”, disse Sebastião José de Souza (Tão), dirigente do Sindsprev/RJ em Niterói.

Lotado no Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) e também dirigente do Sindsprev-RJ, o servidor Luis Henrique dos Santos fez um chamado para barrar o fatiamento. “O HFSE está na luta em defesa de todos os hospitais federais e não podemos esmorecer agora. O Sindsprev/RJ também está e sempre esteve ao lado de todos nós, servidores. Não queremos privatização, não queremos municipalização e não queremos fatiamento”, destacou.

Na avaliação de dirigentes e servidores da rede federal, a resistência oposta pela greve às políticas do atual governo é que, até o momento, vem impedindo a gestão Lula-Nísia Trindade de fatiar as unidades e desorganizar os processos de trabalho na saúde.

Greve continua na rede federal por tempo indeterminado. Foto: Mayara Alves.

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