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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Passeata denuncia Lula e Nísia como traidores da saúde federal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde Nísia Trindade foram os principais focos de críticas da passeata dos profissionais da rede de hospitais federais, que interrompeu, nesta quarta-feira (7/8), o trânsito na Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso, sentido Centro. Faixas e cartazes denunciaram Lula e Nísia como traidores da saúde federal por colocarem em prática, junto com o prefeito Eduardo Paes, em ano eleitoral, o plano de fatiar o complexo federal, entregando cada unidade, em separado, para a Prefeitura, para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), para o grupo hospitalar Nossa Senhora da Conceição e para a Fundação Oswaldo Cruz.

A manifestação saiu às 11h22 da frente do Hospital Federal de Bonsucesso, ameaçado de ser entregue por Nísia ao grupo Conceição, do Rio Grande do Sul, onde tem sua sede. A passeata foi unificada, contando com a participação de servidores das seis unidades ameaçadas pelo fatiamento: Cardoso Fontes, Andaraí, Servidores, Bonsucesso, Lagoa e Ipanema. O plano prevê a entrega dos dois primeiros para a gestão Eduardo Paes.

Pelo projeto – cuja implantação foi temporariamente interrompida pela greve dos servidores da rede, iniciada em 15 de maio – o Hospital Federal dos Servidores seria entregue ao Hospital Universitário (da Uni-Rio) Gafrée e Guinle, passando para o controle da Ebserh, que já é responsável pela gestão do Gafrée. Pelo plano do governo Lula, o Hospital da Lagoa passaria para a Fundação Oswaldo Cruz, tendo o de Ipanema, destino incerto, ainda.

A ministra Nisia tem se referido ao fatiamento, que prefere chamar de ‘gestão compartilhada’, como forma de ‘melhorar o atendimento’, sem, no entanto, explicar porquê. Para a diretora do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo, o desmembramento vai fazer cair ainda mais a qualidade do atendimento, ao distribuir cerca de R$ 1 bilhão de orçamento do complexo hospitalar aos novos gestores.

Profissionais da saúde fazem enterro simbólico do projeto de Lula e Nísia que vai contra o SUS. Foto: Mayara Alves.

Plano é um escândalo – “E não é só o escândalo que significaria a transferência deste milhões em recursos federais para as mãos do prefeito Eduardo Paes, ou da Ebserh, ou do grupo Conceição, em pleno ano eleitoral, em que Lula e Paes estão juntos, mas é preciso denunciar que a Prefeitura privatizou toda sua rede de saúde, entregando-a para grupos privados (apelidados de organizações sociais), o que trouxe a piora da qualidade do atendimento à população e a contratação precarizada dos profissionais. E é isso o que vai acontecer com a rede federal caso seja municipalizada. Por isto a nossa resistência a este plano prejudicial a nós servidores e à população”, afirmou.

Queima de pneus paralisa o trânsito na Brasil, chamando a atenção da população para a ameaça de fatiamento. Foto: Mayara Alves.

Fora grupo Conceição no RJ e RS – Sidney Castro, também diretor do Sindsprev/RJ, lembrou que a resistência dos servidores tem impedido a implantação do fatiamento e privatização da rede. “Estamos aqui hoje para dizer fora grupo Conceição do Hospital de Bonsucesso. O que vai tirar os hospitais da crise é o governo liberar para as unidades os recursos orçamentários para a realização de concurso para admissão de pessoal, para a compra de equipamentos e todo o tipo de material. O governo sabe disto, mas continua cortando verba para justificar a entrega de milhões de reais para diferentes gestores, os mesmo que aumentaram o caos das unidades que administram”, denunciou o dirigente.

Maria Celina, outra diretora do Sindsprev/RJ, denunciou que os profissionais dos hospitais do Rio Grande do Sul que passaram para a administração do grupo Nossa Senhora da Conceição, estão para entrar em greve, contra o caos que se instalou nas unidades. “Vão fazer assembleia amanhã para decidir se aprovam a paralisação”, disse.

Durante ato em frente ao Hospital de Bonsucesso, vereador Paulo Pinheiro defende o SUS público e de qualidade e se coloca contra a privatização. Foto: Mayara Alves.

Privatizar só é bom negócio para os grupos privados – O vereador Paulo Pinheiro (PSOL-RJ), esteve presente à manifestação. Voltou a condenar o fatiamento para posterior privatização da rede e lembrou que o problema não é de gestão, como quer fazer crer a ministra Nisia. “Os gestores públicos federais são extremamente capazes. O problema, e a ministra sabe disto, é a falta de verbas. O SUS tem que ser mantido público e seus hospitais administrados por servidores de carreira. Mas precisa da liberação de recursos para funcionar bem Privatizar só é bom negócio para os grupos privados de olho nos milhões do orçamento”, afirmou.

O parlamentar lembrou que a Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, presidida por ele, tem lutado contra o projeto que não é do interesse da população. “Enviamos recentemente ofício ao Tribunal de Contas do Município solicitando uma posição do órgão a respeito da municipalização, que já foi feita em 1999 e não deu certo, sendo suspensa, com as unidades voltando para as mãos do governo (Lula) em 2005”, frisou.

Assembleia em frente ao HFB aprova ato dia 15 no Hospital da Lagoa, para marcar os três meses da greve. Foto: Mayara Alves.

Greve impediu concretização do plano – Pinheiro qualificou como absurda a entrega das unidades, ainda mais em ano eleitoral. E disse que o Ministério da Saúde só não concretizou o seu projeto pela pressão da greve dos servidores. “Vocês podem contar com todo o nosso apoio. Não podemos aceitar um projeto que significa a destruição do SUS”, disse.

Queima de pneus para Brasil – A passeata chegou à Avenida Brasil às 11h33, fechando as pistas em direção ao Centro da Cidade. A faixa “Lula Traidor da Saúde Federal!”, seguia à frente do protesto. Logo atrás, vinha um caixão simbolizando o enterro do projeto de Nísia de fatiamento e privatização dos hospitais. E em seguida, uma outra faixa trazia os dizeres “Nisia Trindade, traidora do SUS”.

Ato em frente à Emergência do HFB, encerra manifestação. Foto: Mayara Alves.

A manifestação rapidamente interrompeu o trânsito. Os servidores repetiram em coro que “O SUS é nosso, ninguém tira da gente, direito garantido não se compra e não se vende” e “A nossa luta é todo o dia, porque saúde não é mercadoria”, numa referência à necessidade de defender o Sistema Único de Saúde do projeto de fatiamento e privatização.

Às 11h55 foram queimados pneus nas pistas da Avenida Brasil, para chamar a atenção da população para a ameaça que paira sobre as unidades sob o controle do governo. A Polícia Militar e seguranças do BRT chegaram armados de fuzis. Um policial ameaçou jogar uma granada se a pista não fosse desocupada. Teve início uma negociação com diretores do Sindsprev/RJ. Logo após, a passeata entrou numa rua transversal, voltando ao hospital de Bonsucesso de onde saiu.

Após o protesto servidores confraternizam com a Feijoada da Resistência. Foto: Mayara Alves.

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