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quinta-feira, setembro 19, 2024
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Assembleia do Hospital dos Servidores aprova campanha permanente para barrar entrega da unidade à Ebserh

Assembleia dos trabalhadores do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) realizada na manhã desta quarta-feira (24/7) aprovou uma campanha de mobilização contra a entrega da unidade à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Realizada no auditório do HFSE, a assembleia também aprovou que a campanha seja massiva e com capacidade de denunciar à sociedade o perverso fatiamento da rede federal de saúde atualmente praticado pelo governo Lula (PT).

A partir de agora, os servidores do HFSE estão em ‘assembleia permanente’, como parte da campanha contra a Ebserh. Isto significa que, a qualquer momento, assembleias emergenciais poderão ser convocadas.

Terminada a assembleia desta quarta (24/7), os servidores saíram em passeata rumo às instalações da Sede Nacional da Ação da Cidadania, na rua da Gamboa, nº 246 – Zona Portuária —, onde Lula (PT) e Nísia Trindade (Saúde) participavam de uma atividade preparatória da reunião do G-20 que acontecerá no final deste ano, reunindo dezenas de chefes de Estado — veja ao final.

Durante passeata até o G-20, servidores denunciaram governo Lula por não cumprir promessas de fortalecer a rede federal. Foto: Mayara Alves.

Ministério quer acabar com HFSE e fundir a unidade ao Gafrée e Guinle

As deliberações da assembleia se justificam porque, na véspera, o Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) reuniu-se com o corpo administrativo do HFSE para acertar os detalhes de uma proposta que prevê a fusão do HFSE com o Hospital Universitário Gafrée e Guinle, da UniRio. Pela proposta, a fusão das duas unidades deve gerar um novo hospital universitário, cuja administração ficaria a cargo da Ebserh. A proposta do DGH, portanto, implica o fim do HFSE como unidade federal do SUS. Segundo informes de servidores, na reunião de terça (23/7) o DGH também assumiu a centralização de todas as ações administrativas dos seis hospitais federais do Rio. A medida teria o objetivo de preparar o fatiamento da rede federal.

“Estamos vendo o Hospital Federal do Andaraí ser entregue ao município do Rio. Uma municipalização que na verdade implica a transferência de R$ 400 milhões de reais. Além do Andaraí, infelizmente existe um plano para entregar o Hospital Federal de Bonsucesso ao Grupo Hospitalar Conceição e agora o Hospital dos Servidores à Ebserh. A titular do DGH, Teresa Navarro, só está preocupada em manter cargos comissionados, mas se esquece que o próprio DGH não fará mais sentido a partir do momento em que a rede federal for fatiada para a privatização. Navarro vive num mundo de Alice no País das Maravalhas. Precisamos resistir. Temos de mostrar que este governo [Lula] é traidor”, afirmou Cristiane Gerardo, numa fala que verbalizou a indignação de todos os servidores que lotaram o auditório da assembleia no HFSE.

Tensão entre servidores e seguranças, na entrada de evento do G-20. Foto: Mayara Alves.

Município do Rio não está preparado para atender alta complexidade

“Precisamos cobrar um posicionamento do corpo clinico do HFSE sobre esta proposta absurda de entregar nosso hospital à Ebserh. Ainda não o fizemos em relação do diretor-geral [Paulo Roberto Pereira d Sant’anna] porque no momento ele encontra-se de licença médica. O DGH já retirou a autonomia administrativa dos hospitais federais, e o objetivo é preparar o fatiamento. Devemos continuar na frente de luta para evitar que isto realmente aconteça, pois onde a Ebserh administrou hospitais as unidades viraram um caos”, frisou Adriano Ribeiro, servidor lotado no HFSE.

Presente à assembleia, o vereador Paulo Pinheiro (PSOL), presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio, reforçou as críticas ao fatiamento da rede federal. “O governo Lula diz não ter capacidade de gerenciar os hospitais federais, mas isto baseia-se apenas em experiências passadas. O Hospital dos Servidores e as demais unidades da rede são de alta complexidade, são unidades que também formam profissionais. O município do Rio não está preparado para atender à alta complexidade. É preciso acabar com as indicações políticas para as direções dos hospitais, pois esses cargos exigem competência técnica. Agora o Ministério quer municipalizar e entregar unidades federais sem ouvir os conselhos de saúde, os sindicatos e usuários. Rede federal é pra ser gerenciada por servidores públicos. Precisamos resistir. Só a luta muda a vida”, afirmou, sob aplausos.

‘Lula, traidor da saúde federal’, gritam servidores em frente ao G-20

Imediatamente após a assembleia, os servidores seguiram em passeata pelas ruas Sacadura Cabral e Livramento. No trajeto, distribuíram carta à população com denúncias sobre o abandono da rede federal e também gritaram as palavras de ordem que vêm marcando a indignação dos trabalhadores, como “Fora Ebserh”, “Não ao fatiamento”, “Nísia Mentirosa” e “Lula Traidor”. Ao entrarem na rua da Gamboa e pararem em frente ao número 246, onde Lula e Nísia participavam do evento do G-20, confrontaram-se com um cordão de seguranças que tentavam barrar os trabalhadores na entrada da Ação da Cidadania. O princípio de tumulto atraiu a atenção de jornalistas da imprensa brasileira e estrangeira que cobriam o G-20. Aproveitando a oportunidade, Cristiane Gerardo denunciou aos jornalistas o processo de fatiamento da rede federal e as promessas não cumpridas por Lula e Nísia. Enquanto a dirigente do Sindsprev/RJ falava à imprensa, os servidores ao fundo faziam um coro de “fora Ebserh” e “o SUS é nosso, ninguém tira da gente, direito garantido não compra nem se vende”.

Fatiamento significa destruição completa da rede federal de saúde. Foto: Mayara Alves.

Passeata forçou governo a agendar reunião com Nísia para dia 29/7

Nesse intervalo, chegaram soldados da PM e da Guarda Nacional, na tentativa de desobstruir as vias por onde deveriam chegar os chefes de Estado convidados por Lula ao G-20. Percebendo que o clima ficava cada vez mais tenso e fora de controle, o assessor da presidência da república, Léo Oliveira, foi então ao encontro dos servidores. Após conversa com Cristiane Gerardo, concordou em contactar a Ministra Nísia sobre o pleito dos servidores e voltar com uma resposta, o que finalmente ocorreu cerca de 30 minutos depois. Em nova conversa com a dirigente do Sindsprev/RJ, Leo Oliveira afirmou que Nísia Trindade aceitou agendar uma reunião em Brasília, às 17h da próxima segunda-feira (29/7), para tratar com o Sindsprev/RJ da pauta da greve.

Em função do agendamento e da visibilidade assumida pelo protesto, os servidores decidiram retornar em passeata ao HFSE, desobstruindo as vias em frente ao evento do G-20.

Tanto na assembleia quanto na passeata e no protesto em frente ao G-20, os servidores da rede federal manifestaram grande temor pelas possíveis e nefastas consequências da entrega dos hospitais ao município, ao Grupo Conceição ou à Ebserh. Entre tais temores está o receio de queda da Portaria ministerial que atualmente assegura a jornada de 30h semanais, a não renovação dos CTUs após o fim do atual contrato, o fim das APHs, a piora dos ambientes de trabalho e das estruturas das unidades de saúde.

Lamentavelmente, governo Lula vem praticando as mesmas políticas de Temer e Bolsonaro na saúde pública. Foto: Mayara Alves.

 

 

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