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sábado, novembro 23, 2024
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Rede Federal faz “enterro simbólico” da municipalização em passeata até a casa de Daniel Soranz

Servidores em greve na rede federal do Rio fizeram, na manhã desta quarta-feira (3/7), ato público unificado para repudiar qualquer proposta de gestão dos hospitais federais que implique fatiamento ou privatização das unidades de saúde. O foco central da manifestação desta quarta (3/7), no entanto, foi o repúdio à proposta de municipalização da rede federal, atualmente em estudo pelos governos Lula (PT) e Eduardo Paes (PSD).

Iniciada com uma concentração em frente ao Hospital Federal de Ipanema (HFI), a manifestação se transformou numa passeata que percorreu as ruas Antônio Parreiras, Jangadeiros, Prudente de Morais, Bartolomeu Mitre e Dias Ferreira (Leblon), onde os servidores finalmente pararam em frente ao prédio de número 521, local de moradia do secretário municipal de saúde do Rio, Daniel Soranz. Ali, munidos de um caixão, os trabalhadores realizaram o “enterro simbólico” da proposta de municipalização dos hospitais federais do Rio. “Estamos aqui para dizer ao Daniel Soranz que não aceitaremos a municipalização. Soranz cria uma narrativa falaciosa, na tentativa de justificar a municipalização da rede federal, que será completamente destruída se isto realmente acontecer. É só lembrar o que ocorreu esta semana, quando um paciente de 28 anos morreu após o elevador do Hospital Municipal Salgado Filho despencar. Mesmo sucateada, a nossa rede federal produz milhares de consultas, exames, procedimentos e cirurgias de alta complexidade. Com a municipalização da rede federal, o que Daniel Soranz deseja é ter acesso a um orçamento superior a 1 bilhão de reais”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev/RJ.

Em tom de deboche, servidores promoveram enterro da municipalização, em frente ao prédio de Daniel Soranz. Foto: Fernando Gonçalves.

Durante o enterro simbólico em frente à residência de Daniel Soranz, a rua Dias Ferreira ficou completamente fechada ao trânsito, o que gerou momentos de tensão em face da truculência de policiais à paisana que a todo momento tentavam intimidar os trabalhadores. Após o “enterro”, contudo, a rua foi parcialmente liberada (em meia pista) e então os servidores começaram a servir a já famosa ‘Feijoada da Resistência’. “Cadê você, Daniel Soranz. Estamos aqui para dizer que não aceitamos privatização e municipalização”, afirmou a enfermeira Líbia Bellusci. Em frente ao prédio do secretário municipal de saúde, servidores gritavam: “ai, Daniel, mostra o teu poder, desce aqui embaixo que a saúde quer te ver”.

Contactados pela reportagem do Sindsprev/RJ, vizinhos de Daniel Soranz afirmaram que provavelmente o secretário não estaria em sua residência no momento em que os servidores realizavam a manifestação na rua Dias Ferreira.

Críticas ao governo Lula e repúdio a autoritarismo no HFI

Logo no início do ato, em frente ao Hospital Federal de Ipanema (HFI), os servidores fizeram duras críticas às políticas que atualmente o governo Lula (PT) vem implementando com o objetivo de desmontar por completo o Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos principais alvos das críticas foi a cínica tentativa do governo de responsabilizar a greve pelo cancelamento de 4 mil cirurgias. “Estamos em greve há 45 dias. Greve provocada por conduta ilícita da administração pública, que não cumpre acordos, não paga a insalubridade em grau máximo e nos mantém em desvio de função. Se 4 mil cirurgias foram suspensas, isto acontece por causa da falta de materiais, o que é culpa do governo”, frisou Cristiane Gerardo.

Passeata percorreu o bairro de Ipanema, denunciando as precárias condições da rede federal. Foto: Fernando Gonçalves.

Outro alvo de críticas dos servidores foi a postura autoritária da atual diretora-geral do Hospital Federal de Ipanema, Selene Maria Rendeiro Bezerra. “Em nossa greve nós lutamos por dignidade e respeito ao serviço público. Por isso não podemos aceitar outro modelo de gestão diferente do SUS. Um modelo com servidores estatutários e sem privatização. Aqui no Hospital de Ipanema a diretora Selene pressiona servidores em licença médica ou que estão em greve. É uma situação inaceitável e absurda”, disse o auxiliar de enfermagem Claudio Oliveira, fazendo coro às denúncias dos trabalhadores do hospital. Segundo eles, são constantes as ameaças e tentativas de intimidação praticadas pela atual diretora da unidade.

Durante a maior parte do trajeto da passeata do Hospital de Ipanema até a residência de Daniel Soranz, os servidores denunciaram à população o atual sucateamento e precariedade das unidades federais de saúde do Rio.

“O governo Lula (PT) tentou criminalizar a nossa greve para que a Justiça decretasse a ilegalidade da paralisação, o que felizmente não aconteceu. Antes do início da nossa greve, a ministra Nísia Trindade foi influenciada por sindicatos petistas e, por essa razão, considerou que a greve seria fracassada. A ministra preferiu dar ouvidos a sindicatos pelegos que, durante o governo Bolsonaro, se esconderam debaixo da cama. O que a ministra Nísia e todo o atual governo deveriam fazer agora é abrir imediatas negociações da pauta da greve. Lutaremos até o fim em defesa das unidades federais de saúde”, concluiu Cristiane Gerardo.

Entre outros pontos, os servidores lutam por reajuste salarial linear este ano; concurso público; fim dos desvios de função (com a migração dos auxiliares para o cargo de técnico em enfermagem); fim do desabastecimento dos hospitais federais; pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo; mudança para a carreira da Ciência e Tecnologia; pagamento integral do piso da enfermagem.

‘Feijoada da Resistência’ encerrou a manifestação. Foto: Fernando Gonçalves.

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