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domingo, outubro 6, 2024
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Presidente da CUT-RJ incita ocupação da sede do Sindsprev/RJ sabotando a greve da saúde federal

Em áudio postado na semana passado em um grupo de Whatsapp de servidores da vigilância em saúde, o presidente da representação da CUT no Rio de Janeiro, a CUT/RJ, Sandro Cezar, incita a categoria a ocupar a sede do Sindsprev/RJ. A atitude faz parte de uma série de tentativas fracassadas de sindicatos governistas da área da saúde de acabar com a greve dos profissionais da rede federal deflagrada contra o projeto do governo de desmembrar o complexo hospitalar para privatizar as unidades de forma separada.

No áudio, Cezar não deixa dúvidas quanto à sua intenção de tomar a entidade sindical, o que impediria o funcionamento de sua estrutura que se encontra toda voltada para a greve: “Vamos ocupar o prédio, vamos ficar lá até que eles parem de falar da gente. Vamos ocupar a sede do sindicato deles até que eles parem de falar em nosso nome”, incita.

Ao tomar conhecimento do conteúdo do áudio, os servidores federais da saúde realizaram assembleia virtual de emergência no domingo pela manhã. Aprovaram solicitar ao Sindsprev/RJ que entre com pedido de queixa-crime junto ao Ministério Público para apurar a conduta de Sandro Cezar, que é também secretário de finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS). O objetivo é apurar a ocorrência de incitação à ocupação, conduta tipificada no Código de Processo Penal, e o ataque ao direito de organização dos trabalhadores que se encontram em greve, numa tentativa de sabotar o pleno funcionamento da estrutura sindical.

Prática antisssindical – A assembleia decidiu ainda denunciar o dirigente por atitude antissindical à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e à Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério da Gestão e Inovação no Serviço Público (MGI). Aprovou, também, mover ação por injúria e difamação contra o presidente do Sindicato dos Enfermeiros, entidade que acusou em documento público o Sindsprev/RJ de ‘insultos e xingamentos’ a dirigentes do SindEnf durante tentativa deste sindicato de realizar assembleia no Cardoso Fontes, para aprovar proposta rebaixada e com erros feita pelo MGI na mesa de negociação temporária da saúde.

Na verdade, o que aconteceu foi uma revolta da própria base da categoria à tentativa do SindEnf e do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de aprovar a proposta salarial do governo e assim boicotar a greve e prejudicar os servidores da unidade, tentativa que se repetiu, e fracassou, nos demais hospitais federais. Não havia dirigentes do Sindsprev/RJ na ocasião, fato que é relatado em vídeo por dirigentes do próprio Sindicato dos Enfermeiros.

A assembleia questionou, ainda, documento da Federação Nacional dos Médicos, apresentando a tabela proposta pelo governo como benéfica para os médicos, quando é exatamente o contrário que acontece. A proposta é mais rebaixada ainda para o segmento em comparação com os demais profissionais de nível superior em função de uma diferença de cerca de R$ 2 mil a menos para os médicos, como consequência de uma política anterior equivocada adotada pelo Sindicato dos Médicos, em greves passadas, segundo explicou a diretora do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo.

CTB repudia ataque ao sindicato e à greve – Em nota oficial divulgada no último sábado (8/6), a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) do Rio de Janeiro, repudia a atitude do dirigente de incitação à ocupação (clique aqui para ler o documento). Com o título “Nota de repúdio aos ataques do presidente da CUT-Rio ao Sindsprev-RJ”, a CTB relaciona a atitude de Cezar aos atos golpistas de 8 de janeiro, que tentaram impedir a posse de Lula e instalar uma ditadura no país.

“A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Rio de Janeiro manifesta, através da presente nota, seu total repúdio à atitude do Presidente da CUT-Rio de, seguindo o exemplo dos bolsonaristas de 8 de janeiro, incitar sua base a invadir a sede do Sindsprev. Uma prática irresponsável que jamais poderia ser tomada por um dirigente de uma entidade sindical”, afirma o documento.

“O Sindsprev lidera uma greve histórica na saúde, está na linha de frente da resistência ao esquartejamento da rede federal, dialoga na base com trabalhadoras e trabalhadoras do segmento e tem deles o seu reconhecimento”, frisa a CTB. E convida todo o movimento sindical a prestar o seu irrestrito apoio a mais esta luta em defesa do caráter público do Sistema Único de Saúde (SUS).

“As Centrais Sindicais e os Movimentos Sociais devem se unir ao sindicato na defesa do SUS, apoiar o movimento grevista e cobrar do governo federal uma solução para a rede federal no Rio de Janeiro e para as pautas levantadas pelos trabalhadores e trabalhadoras da saúde”, assinala a nota oficial da central sindical.

Sindsprev/RJ é recebido em audiência pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, representando os profissionais da saúde federal, em 8 de maio. Não houve avanço, o que levou os servidores à greve. Foto: Mayara Alves.

‘Banditismo sindical’ – Na nota oficial a central sindical critica o caráter antissindical do áudio e convoca o movimento sindical a se solidarizar com o Sindsprev/RJ. “A CTB-RJ convoca sua base social e todo o movimento social progressista, que acredita na democracia e repudia o banditismo sindical a defender o patrimônio do Sindsprev, defender a sede dessa entidade, defender o direito dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde de lutarem e, na prática, defender também o próprio SUS”.

A nota termina apostando no fracasso da incitação. “Assim como fracassou o 8 de janeiro, temos certeza que essa movimentação inconsequente já nasceu falha. A democracia vencerá mais uma vez”.

Ataque à greve fracassa – Christiane Gerardo, lembrou que a incitação do presidente da CUT/RJ à ocupação do prédio da entidade sindical, acontece como forma de compensar o fracasso da tentativa dos sindicatos governistas da saúde de acabar com a greve. “Como estes sindicatos ligados à CNTSS foram rechaçados em sua tentativa de aprovar em pequenas assembleias a proposta rebaixada e com erros de cálculo feita pelo MGI na mesa setorial de negociação da saúde, sendo expulsos pela própria categoria, ele agora está incitando uma invasão a um prédio privado. É necessário que o Sindsprev/RJ responda política e judicialmente, entre outros, movendo uma queixa-crime contra o dirigente por incitação à ocupação de prédio privado, e atentado contra a organização sindical”, afirmou, durante a assembleia de domingo, proposta que foi aprovada por unanimidade.

“Ele quer invadir o Sindicato que está em plena greve, paralisando a sua estrutura para acabar com a greve. Quero convocar a categoria a defender a nossa entidade sindical. O que está acontecendo é banditismo contra a categoria, gangsterismo que não vai passar pelo Sindsprev/RJ “, afirmou.

Dirigentes do Sindsprev/RJ negociam em nome dos servidores da saúde federal com o Departamento de Gestão Hospitalar, ainda na gestão Cida Diogo. Foto: Niko.
Passeata da saúde federal paralisa parcialmente a Avenida Brasil, denunciando a privatização dos hospitais. Foto: Mayara Alves.

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