22 C
Rio de Janeiro
sexta-feira, setembro 20, 2024
spot_img

Enfermagem deve fortalecer a luta coletiva para garantir a sua valorização

“Participar mais ativamente das lutas coletivas é fundamental para garantir a valorização da categoria, seja melhorando as condições de trabalho, a remuneração, cobrando, por exemplo, o cumprimento na íntegra da lei do piso da enfermagem, combatendo o assédio moral no ambiente de trabalho, o racismo que é estrutural, qualquer forma de privatização e defendendo o SUS público”. A afirmação foi feita pela professora Sonia Acioli, do Departamento de Enfermagem em Saúde Pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), durante palestra na 7ª Semana Municipal de Enfermagem Professora Rosalda Paim e 85ª Semana Brasileira de Enfermagem, no plenário da Câmara dos Vereadores de Niterói, no último dia 28.

A iniciativa de organizar a cerimônia foi do vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL), a pedido do Sindsprev/RJ e da Associação dos Servidores da Saúde de Niterói que realizam esta homenagem à categoria há 11 anos. A diretora do Sindicato, Maria Ivone Suppo, frisou que a Semana da Enfermagem é uma oportunidade única para reconhecer e celebrar o árduo trabalho, dedicação e comprometimento de todos os profissionais do setor “Além disso, é um momento para refletirmos sobre os desafios e conquistas da nossa área, e para nos inspirarmos a continuar oferecendo os melhores cuidados aos nossos pacientes”, acrescentou.

Da mesa de abertura do evento, participaram representantes do Sindsprev/RJ, da Associação de Servidores, da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben).

Em sua palestra, Sonia Acioli fez uma análise do atual contexto mundial, com disputas geopolíticas, guerras, degradação ambiental, fome e ampliação do desemprego. Lembrou que o sistema aposta e incentiva a individualidade e a competição, enfraquecendo as lutas específicas dos trabalhadores e, na saúde, dos profissionais do setor, e a sua participação nas mobilizações de toda a sociedade. “Por isto a necessidade de fortalecer a luta conjunta em parceria com as entidades sindicais e conselhos”, enfatizou.

Greve da saúde federal

“Vivemos um contexto mundial difícil, com uma política neoliberal de redução de direitos e ataques ao que é público. Por isto mesmo é importante a participação ativa da enfermagem que é o maior segmento da saúde para reverter este quadro e garantir direitos e melhores salários, o que se faz também através da defesa do SUS e da cobrança de financiamento para o setor”, afirmou.

A Semana da Enfermagem acontece em um momento importante, em que os profissionais da saúde federal enfrentam com uma greve iniciada em 15 de maio, a ameaça do governo federal de desmembrar e privatizar a rede federal. Além da luta pelo SUS público, Sonia Acioly defendeu a luta coletiva pela educação pública e de qualidade.

Desafios

Para a professora da Uerj, os principais desafios colocados para a categoria são a participação na luta pela reconstrução do Brasil; a sua integração com os demais países da América do Sul, América Latina e do Caribe; reafirmação e defesa da democracia; a mobilização social permanente da cidade e do campo; a reconstrução das políticas públicas, com participação social ativa; e trabalho com salário digno e direitos.

Lembrou que mesmo sendo a maior categoria da saúde, com mais de 2,5 milhões no país, o quantitativo de profissionais é insuficiente. “São cerca de 10, 14 profissionais por 10 mil habitantes, sendo 2,45 enfermeiros e 7,71 técnicos e auxiliares. Isto nos leva a ocupar o quarto lugar na pior média de enfermeiros por 1 mil habitantes entre um total de 36 países membros e oito parceiros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo levantamento de 2019, anterior à pandemia da covid-19”, disse.

Ressaltou que, além do enorme déficit de pessoal, há outras graves deficiências, como a falta de proteção no ambiente de trabalho. “A enfermagem foi a categoria que mais perdeu vidas durante a pandemia. O Brasil é o país responsável por 1/3 das mortes de profissionais de enfermagem no mundo. Por isto um dos principais desafios é a melhoria das condições de trabalho, o que só será conquistado com a ampliação da luta coletiva”, disse.

NOticias Relacionadas

- Advertisement -spot_img

Noticias

Cadastre-se e receba novidades do

SINDSPREV/RJ