A greve da rede de hospitais federais do Rio de Janeiro, que começou forte, nesta quarta-feira (15/5), teve a adesão ampliada em seu segundo dia. Levantamento feito pelo Comando Geral de Greve mostrou que a tendência é a paralisação crescer ainda mais nos próximos dias com o aumento da participação de servidores de centros cirúrgicos, internações e consultas.
Sempre de má vontade com as greves de maneira geral e dos servidores públicos, em particular, a mídia comercial foi obrigada a noticiar a paralisação da saúde federal, devido à sua força. Já o Ministério da Saúde, através do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) marcou para esta sexta-feira (17/5), ao meio-dia, uma negociação com uma comissão formada por servidores e dirigentes do Sindsprev/RJ. Pouco antes, às 11 horas, a categoria fará um ato público em frente ao prédio do DGH, na Rua México, 128.
Tamanho da adesão
A greve atinge os seis hospitais do complexo federal: Servidores, Bonsucesso, Andaraí, Ipanema, Cardoso Fontes e Lagoa. Segundo Christiane Gerardo, diretora do Sindsprev/RJ e integrante do Comando de Greve, a partir da próxima semana, a greve deve se estender para os institutos: Instituto Nacional do Câncer, Instituto de Traumatologia e Ortopedia e Instituto Nacional de Cardiologia.
Entre as principais reivindicações estão o cancelamento do plano do governo federal de fatiar e privatizar a rede; o fim do sucateamento das unidades federais de saúde; a transferência dos servidores da rede para a carreira da Ciência e Tecnologia; cumprimento do acordo de greve de 2023; pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo e do piso da enfermagem em valores integrais; prorrogação de todos os Contratos Temporários da União (CTUs) até a realização de concurso público; e reajuste linear em índice que recomponha o efetivo poder de compra dos salários.
Ato no Hospital dos Servidores
Pela manhã, os profissionais do Hospital Federal dos Servidores fizeram um ato que tomou toda a frente da unidade, com a participação de cerca de 100 pessoas. Heloísa Santiago, enfermeira e integrante do comando de greve dos servidores do hospital, contou que pacientes e familiares declaravam apoio à paralisação ao serem informados que o movimento é contra a ameaça de entrega da rede federal às organizações sociais.
“Todos eles sabem como as redes do estado e do município pioraram com as OSs e não querem que aconteça o mesmo com os hospitais federais”, argumentou. Como nas demais unidades, taambém no HFSE a tendência é de expansão gradual da adesão.
A formação de comandos de greve por local de trabalho, ajuda a organizar e ampliar e greve. Estes comandos trabalham de forma articulada entre si e também com o Comando Geral de Greve.
Hospital da Lagoa
Os profissionais do Hospital da Lagoa elegeram nesta quinta-feira, pela manhã, o seu comando local de greve. Durante a assembleia, Christiane Gerardo, tirou dúvidas dos servidores. Lembrou que a greve é um direito garantido a todos os trabalhadores no artigo 9º da Constituição Federal, o que impede qualquer tipo de punição.
Acrescentou que este direito é reforçado por portaria do Ministério da Gestão e Inovação que estabelece não poder haver desconto em função de paralisação, no caso de comportamento ilícito da administração pública. “Nossa greve acontece exatamente por este motivo, já que está ocorrendo porque o governo não cumpre o acordo de greve de 2023; não paga como deveria a nossa insalubridade; não paga o piso da enfermagem como prevê a lei; mantém há anos os auxiliares trabalhando como técnicos, sem receber por isto, o que é um desvio de função. Todos estes são exemplos de comportamento ilícito”, afirmou.
O que funciona
A greve da saúde federal foi aprovada em assembleia no Hospital dos Servidores em 9 de maio. Nela os servidores decidiram que por acontecer em um setor sensível estarão suspensas as cirurgias eletivas; o mesmo em relação às consultas e exames eletivos não oncológicos. Porém, continuarão funcionando os serviços de hemodiálise, diálise, quimioterapia, oncologia, cirurgias oncológicas, trocas de sonda, de curativos queimados, cirurgias e atendimentos de emergência e urgência, serviços de maternidade, serviços de atendimento a pacientes especiais, transplantes e ambulatório de TAP. Além disso, as unidades devem funcionar com 30% de seu dimensionamento de pessoal de forma a atender às demandas destes setores.