“Estamos aqui para frisar que haverá resistência contra a privatização da rede federal de saúde; para exigir o fim da gestão privada do grupo Conceição no Hospital Federal de Bonsucesso; e para dizer ao governo federal que a solução para a saúde não é a entrega dos hospitais a grupos privados, mas destinar verba orçamentária e concurso público de forma a garantir um atendimento de qualidade à população”. A afirmação foi feita pelo diretor do Sindsprev/RJ, Sidney Castro, durante a manifestação desta sexta-feira (3/5), em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso que, como parte do processo de privatização da rede, passou a ser administrado pelo grupo gaúcho, Hospital Nossa Senhora da Conceição.
Ao final do ato, os servidores deram um abraço simbólico ao hospital. “Não vamos permitir que o Ministério da Saúde entregue os hospitais a grupos privados que não têm a mínima noção de como funciona a rede pública, e que têm como único objetivo obter lucro e não garantir o atendimento à população”, acrescentou o dirigente. Lembrou que para executar o plano de desmembrar as unidades da rede para então privatizá-las, a ministra Nísia Trindade nomeou para comandar o Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) Teresa Navarro. Ex-subsecretária de Saúde do prefeito Eduardo Paes, entregou toda a saúde municipal para grupos privados, que se escondem por trás do apelido de organizações sociais.
A nomeação faria parte do acordo eleitoral entre o presidente Lula e o prefeito do Rio. Sidney ressaltou que as organizações sociais são usadas como potenciais financiadoras de campanhas políticas. “Muitas delas estão na imprensa, por serem alvo de investigações por desvios de recursos e outras tantas irregularidades. Não apenas não vão resolver os problemas que temos hoje, como vão piorá-los, como fizeram nas redes municipal e estadual, já privatizadas”, disse.
Contradição
Além de diretores do Sindsprev/RJ e do Sindicato dos Enfermeiros, participaram do ato representantes dos pacientes, de moradores do bairro, da central sindical CTB e de partidos políticos de esquerda. Fátima Lima, do Setorial de Educação do Partidos dos Trabalhadores (PT), defendeu a participação de todos os setores da sociedade na luta contra a privatização.
Disse ser o processo de privatização uma contradição do governo federal que sempre defendeu o fortalecimento da saúde pública e a valorização dos servidores. “É preciso cobrar o cumprimento dos compromissos de campanha pelo fortalecimento da saúde. Não podemos concordar que a saúde federal seja transformada num balcão de negócios, e é isso que vai acontecer caso a privatização aconteça”, disse.
Sandro, represente da Associação de Moradores do Parque Monsenhor Brito, avisou que a comunidade não vai aceitar a entrega do HFB para um grupo privado que nada entende de saúde pública. “O que nós que usamos os serviços do hospital queremos é a contratação de servidores e verbas que permitam ao hospital poder retomar o atendimento na emergência, nos consultórios, nas salas de cirurgia. Não queremos a privatização”, disse.
Assembleia na segunda-feira
Sidney avisou que os profissionais da saúde federal vão enfrentar e barrar o processo de privatização com muita luta e se necessário a greve. Têm marcada para segunda-feira (6/5), a partir das 10h, em frente ao Hospital Federal dos Servidores (HFSE), uma importante assembleia geral da rede federal, que vai decidir sobre indicativo de greve por tempo indeterminado. Na terça-feira, a partir das 11 horas, acontece ato unificado da rede federal, em frente ao Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) – rua México, 128 – Centro.