A mídia empresarial brasileira vem se negando sistematicamente a realizar a cobertura jornalística dos protestos contra o massacre da população palestina na Faixa de Gaza, que já matou mais de 10 mil civis, quase a metade crianças. Para Maristela Santos Pinheiro, presidente do Comitê em Defesa da Luta do Povo Palestino no Rio de Janeiro, é lamentável este comportamento da imprensa, não só da brasileira, mas de todo o Ocidente, que não tem feito a cobertura dessas manifestações que se intensificam em todo o mundo.
“Percebemos que a maior parte da mídia internacional tem boicotado as denúncias sobre o genocídio da população civil e do assassinato das crianças palestinas. Mas este é um comportamento já esperado. Estas grandes redes de comunicação são comprometidas e financiadas pelo grande capital. E quem está por trás do genocídio na Palestina é o grande capital”, argumentou a dirigente do Comitê.
Disse que, para atender a estes interesses, o conjunto da mídia mundial cumpre este papel de primeiro tentar esconder a existência de um genocídio em Gaza e, depois, de inverter a verdade dos fatos, tentando justificar o massacre, classificando como um direito de defesa de Israel. “Isto mostra que esta luta em defesa da causa palestina e contra estes ataques que vêm ocorrendo há décadas, e que agora se intensificaram, é uma luta de toda a humanidade contra a barbárie”, afirmou.
“Por trás desta luta em defesa da população palestina está implícita a luta para mostrar o que a humanidade quer que o mundo seja daqui para a frente. Que tipo de mundo queremos, que tipo de sistema nós queremos para os seres humanos”, frisou.
ABI repudia crimes de guerra
Em contraponto ao comportamento da mídia comercial, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), publicou nesta quinta-feira (9/11), nota oficial repudiando os crimes de guerra contra o povo palestino e exigindo um imediato cessar-fogo. “A pretexto de combater o Hamas, após os ataques do dia 7 de outubro contra civis e militares israelenses, com a morte de 1400 pessoas e o sequestro de mais 200 pessoas, o governo fascista de Benjamin Netanyahu pôs em marcha uma operação militar completamente desproporcional que já ganhou a dimensão de massacre do povo palestino”, diz o documento.
Leia abaixo a nota oficial da ABI na íntegra.
ABI repudia crimes de guerra contra o povo palestino e pede imediato cessar fogo
A pretexto de combater o Hamas, após os ataques do dia 7 de outubro contra civis e militares israelenses, com a morte de 1400 pessoas e o sequestro de mais 200 pessoas, o governo fascista de Benjamin Netanyahu pôs em marcha uma operação militar completamente desproporcional que já ganhou a dimensão de massacre do povo palestino. São de mais de 10 mil mortos, em sua maioria crianças, com o bombardeio indiscriminado da Faixa de Gaza, que não poupa hospitais e campos de refugiados.
Observadores isentos, como a organização Repórteres Sem Fronteira, acusam o governo de Israel de cometer crimes de guerra (estabelecidos nas Convenções de Genebra e Estatuto de Roma), com a clara violação das normas que regulam conflitos internacionais que buscam reduzir o sofrimento humano. A RSF já apresentou denúncia ao Tribunal Penal Internacional pelos crimes contra jornalistas na Palestina e em Israel. “A escala, a gravidade e a recorrência dos crimes contra jornalistas, sobretudo em Gaza, exigem uma investigação prioritária por parte do procurador do TPI”, ressalta a RSF.
A ABI endossa integralmente a denúncia encaminhada ao Tribunal Penal Internacional. Ao menos 39 jornalistas (34 palestinos, 4 israelense e 1 libanês) já foram mortos, pelo menos 12 no exercício de suas atividades. O número é mais do que o dobro do registrado em 20 meses da guerra na Ucrânia. Além da mortalidade recorde, há também tentativas de censura, bloqueio da internet, ameaças, prisões arbitrárias, ataques a redações e assédio a familiares.
É preciso ressaltar que o governo brasileiro teve atuação exemplar na presidência da ONU, empenhando-se pelo cessar fogo e a criação de um corredor humanitário. A proposta do Brasil foi apoiada pela esmagadora maioria dos países membros da ONU. Os poucos votos contrários foram por imposição dos Estados Unidos e Israel. Mesmo sob pressão de seus governos – como nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra – o povo expressa a sua indignação nas ruas, em grandes manifestações que reúnem milhares de pessoas. Judeus novaiorquinos foram presos e perseguidos, ao clamarem contra o genocídio: “Não em nosso nome!”
Desmancha-se, assim, a falácia hipócrita do fascista Netanyahu, que tem o apoio do presidente dos EUA, Joe Biden. Dentro de Israel, o movimento pela paz — e pela queda do atual governo — não para de avançar. Na esperança de deter os crimes de guerra contra o povo palestino, a ABI faz coro com os protestos mundiais: Pela criação do Estado palestino autônomo e soberano! Pelo imediato cessar fogo!
Basta de genocídio!
Rio de Janeiro, 9 de novembro de 2023
Associação Brasileira de Imprensa
Octávio Costa – Presidente