O bolsonarista e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), está usando a mídia empresarial para pressionar o governo Lula e tomar o Ministério da Saúde. Em matéria publicada nesta quarta-feira (14/6) à tarde, no site G1, o Centrão, grupo com mais investigados por irregularidades de todo o Congresso Nacional, liderado por Lira, avisa que só dará sustentação aos projetos do governo caso fique com o Ministério que tem hoje como titular a ministra Nísia Trindade.
Lira foi além e ‘vazou’, para o blog do jornalista Ricardo Noblat, a informação de que o Centrão já teria, inclusive, escolhido o nome para ocupar a pasta. Seria um velho conhecido dos servidores e da população fluminense, o deputado federal Luiz Antônio Teixeira Júnior, o Dr. Luizinho (PP-RJ), ex-secretário de Saúde de Luiz Fernando Pezão, cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) por abuso de poder econômico. Dr. Luizinho é o atual secretário de Saúde do bolsonarista Cláudio Castro, governador do estado do Rio.
Apesar da indicação de Lira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resiste em entregar a pasta da Saúde ao Centrão. Nísia Trindade, ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz, é uma pessoa técnica, e a substituição seria mal recebida pelo governo, pelos servidores do setor, entidades sindicais e conselhos que os representam e aos usuários, o chamado controle social.
Privatizador
Muito próximo a Arthur Lira, o nome de Luiz Antônio Teixeira chegou a ser cogitado para ocupar o cargo de ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, em substituição ao general Eduardo Pazzuello. Ligado às chamadas organizações sociais, entidades que privatizam a gestão dos hospitais públicos e são um ralo aberto para o cometimento de todo tipo de irregularidades e desvios, defende a desestatização dos hospitais federais, que passariam a ter existência autônoma, com o caráter de fundações, como o Instituto Sarah. Luiz Teixeira estará nesta quinta-feira (15/6) no Ministério da Saúde, com uma equipe técnica para discutir a retirada do controle estatal do Hospital Federal da Lagoa.
Campanha por Nisia nas redes sociais
A indignação com a pressão de Lira para colocar um apadrinhado tomou conta das redes sociais. E fez com que fosse iniciada uma campanha pela manutenção da atual ministra da Saúde, Nisia Trindade. Com o título “Lula, não entregue o Ministério da Saúde ao Centrão”, um abaixo-assinado está circulando nas redes virtuais.
O texto de apresentação defende a permanência de Nísia. “A recente epidemia mostrou o risco que a população corre quando à frente do Ministério da Saúde está em mãos erradas. Nossa saúde, depois de seis nebulosos anos, está em boas mãos. A gestão da doutora Nísia Trindade Lima na agilidade que socorreu os Ianomâmis, na retomada do Programa Nacional de Imunizações e na reformulação da Farmácia Popular, já demonstrou, em poucos meses, sua competência e compromisso com os mais necessitados. Em nome da governabilidade não se pode entregar a saúde do povo brasileiro para políticos que buscam, antes de tudo, os seus próprios interesses.”