As duas palavras de ordem mais ouvidas neste sábado, 20 de novembro, Dia de Zumbi dos Palmares, símbolo maior da Consciência Negra e da resistência à opressão, foram o fim do racismo e do governo racista de Jair Bolsonaro. No Rio de Janeiro houve, pela manhã, ato e lavagem do busto do herói, na Avenida Presidente Vargas e, à tarde, caminhada a partir do Viaduto de Madureira.
Nas faixas e cartazes foram lembrados a resistência ao racismo, a denúncia do assassinato de jovens negros, da discriminação no mercado de trabalho e de todo mal causado pelo desgoverno Bolsonaro. O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, foi lembrado como racista e classificado como “capitão do mato” por seus seguidos ataques ao povo negro, e de suas tentativas de negar a própria escravidão.
O ato deu continuidade às celebrações do Dia da Consciência Negra no Rio de Janeiro iniciado na alvorada no monumento a Zumbi dos Palmares, na Presidente Vargas, no Centro do Rio de Janeiro. No amanhecer, os atabaques do Afoxé Filhas de Gandhi deram o tom da luta pela igualdade racial.
Pelo seu racismo, Bolsonaro também foi lembrado, como quando disse que seus filhos “foram bem-educados e jamais se casariam com uma negra”. Nos protestos em todo o Brasil e em cidades de outros países, o presidente foi criticado, ainda, por negar a gravidade da pandemia, tendo levado o país a quase 700 mil mortes por covid.
E também por ter mergulhado os brasileiros em uma das maiores crises sociais, econômicas e políticas da história. Seu impeachment foi reivindicado em todos os atos.
No Quilombo
Entre as centenas de cidades brasileiras que foram palco de manifestações contra o governo federal, estava União dos Palmares, território que abrigou o histórico quilombo liderado por Zumbi. No ano em que a marcha que marca o dia da Consciência Negra foi às ruas acompanhada pelo movimento Fora Bolsonaro, o cenário não podia ser mais adequado.
O protesto reuniu trabalhadoras e trabalhadores que se deslocaram de todo o estado. Momentos antes de subir a Serra da Barriga, onde fica o memorial do quilombo, a militante Débora Nunes, da direção nacional do MST, se emocionou ao falar da caminhada.
RJ: registro de racismo dobrou
Um levantamento do ISP-RJ (Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro), órgão responsável pelas estatísticas criminais do Rio, mostra que o número de registros de ocorrência por racismo dobrou no primeiro semestre de 2021 em comparação com o mesmo período de 2019. De acordo com o estudo, feito em função do Dia da Consciência Negra, no primeiro semestre de 2021 foram registrados 82 casos de crime de preconceito de raça ou de cor, que também inclui discriminação contra etnia, religião e procedência nacional. Isso representa um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2019, quando houve 43 casos.
Na avaliação dos pesquisadores, o aumento pode ter relação com uma maior conscientização da população em relação à gravidade dos crimes relacionados ao racismo. Os registros de injúria racial também cresceram 17%.
No Sindsprev/RJ
Além dos atos do Rio de Janeiro, diversas atividades antirracistas estão sendo realizadas durante este mês. A Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ fará no dia 25, uma série de atividades com o tema “Mês da Consciência Negra, Zumbi ontem e hoje, a luta continua”.
Às 18 horas haverá um debate sobre “Discriminação Racial e a Intolerância Religiosa no Brasil”, com a participação de Ivanir dos Santos, Babalawô e pós-doutor em História pela UFRJ e Lenir Claudino de Souza, diretora da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ e Coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado (MNU). Às 19h20 estarão acontecendo atividades culturais, e, às 19h40, uma homenagem à Zumbi e à luta de resistência do povo negro, seguida de um ato político de encerramento.