O governo Bolsonaro está, literalmente, jogando o Brasil numa das maiores crises das últimas décadas. A ameaça de golpe, declarada publicamente por diversas vezes pelo presidente da República, tem tido efeitos dramáticos também sobre uma economia que vinha sofrendo as consequências perversas da política econômica equivocada e da pandemia do novo coronavírus.
Insuflados por Bolsonaro, setores do agronegócio apoiam e financiam a tentativa de golpe que avançou no dia 7, com as concentrações de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. E que prossegue com movimentações que seguem a orientação de Bolsonaro, como a tentativa de invasão da Praça dos Três Poderes, nesta quarta-feira (8/9), em Brasília.
“O Brasil vive um processo político que, ao que parece, não acabou em 7 de setembro e segue se arrastando com novas movimentações. E isto acontece no meio de uma crise econômica que também vai se acelerando. Nesta quarta-feira (8/9), a Bolsa (de Valores) caiu 4%, o dólar oficial se aproximou de US$ 5,33, o dólar subindo terá impactos sobre a inflação que já está acelerada.
É uma conjunção de fatores bem complicada”, alertou o economista Adhemar Mineiro, ex-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Somada a isso, lembrou, o país vive uma crise de saúde com o coronavírus, uma crise política que vai se tornando aguda e uma crise econômica que vai se acelerando. “O quadro é bastante complicado e não se vê, neste momento, nenhuma saída”, lamentou.
Acrescentou que a Presidência, com as movimentações que tem feito, tenta criar uma cortina de fumaça para encobrir a crise sanitária e econômica sobre as quais tem responsabilidade pelo agravamento.