O tema virou pauta principal da mídia empresarial: a economia do país está no buraco. O fato mostra uma mudança de comportamento que espelha o descontentamento dos bancos e outros grandes grupos nacionais e estrangeiros com a instabilidade política causada pelo presidente Jair Bolsonaro e seus impactos sobre a economia, o que dificulta a aprovação de mais ataques a direitos da população – entre outros, através das reformas, corte de direitos, privatizações e sucateamento do serviço público – causando, também, problemas externos com parceiros comerciais importantes como a China.
Para Cláudia de Abreu, da Comissão Nacional de Ética dos Jornalistas, o governo Bolsonaro foi eleito para defender as mesmas pautas do interesse da grande mídia comercial: reduzir os direitos dos trabalhadores e ampliar a ofensiva neoliberal. “Mas, logo no início, ficou claro que junto disso havia um projeto autoritário pessoal de poder que não podia ser controlado. As ações do governo estão acelerando a fuga de capitais e acho que no custo-benefício, mesmo com a aprovação de medidas que fazem parte da pauta de grandes grupos econômicos, os prejuízos são imensos”, avaliou.
A jornalista lembrou que o mercado precisa de consumidores e que o que acontece é justamente o contrário, com a ampliação do número de pessoas que não conseguem comprar nem o que comer. “A exportação tem sustentado o lucro de alguns setores que também correm risco de boicote por conta de posturas deste governo”, afirmou. Lembrou que até a proposta de privatização da Eletrobrás foi aprovada com críticas de setores que a defendem, como o Partido Novo, que denunciou determinados pontos da proposta do governo federal.
A doutora em Economia pela UFRJ, Dione Olivera, ironizou o fato, lembrando que a burguesia quer mesmo um defensor do seu projeto de reformas e privatização, que amplie os lucros privados, mas que não cause desgaste e estardalhaço político, seguindo em busca de uma terceira via, um ultraliberal arrumadinho. Ponderou, no entanto, que, mesmo desgastado, o governo Bolsonaro segue aprovando sua pauta ultraliberal no Congresso Nacional.
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Crise aumenta
Para o cientista político Lincoln Penna, Bolsonaro está isolado e até mesmo a política econômica do seu governo caiu em desgraça, haja vista a inflação que está em alta acelerada. “Diante do atual quadro Bolsonaro desidratou-se. Perdeu por completo o apoio de setores que davam a ele um mínimo credibilidade. O caos está instalado. O futuro é incerto, mas uma coisa é certa, não vai beneficiar Bolsonaro em sua alucinada aventura”, avaliou.
O jornalista Henrique Acker, avalia que a política econômica de Paulo Guedes não conseguiu dar resposta aos problemas mais candentes do país. Acrescentou que a mídia empresarial brasileira sustentou a ilusão de que faria uma aliança com um governo de extrema-direita e, com isto, conseguiria assegurar os interesses do grande capital.
“Mas com a crise econômica que estamos vivendo isso acaba sendo impossível, inclusive pelos impactos extremamente negativos causados pelas medidas econômicas adotadas pelo governo Bolsonaro”. Disse que, apesar disto, as 311 maiores empresas de capital aberto que não são do sistema financeiro tiveram crescimento muito grande no segundo trimestre deste ano, o que pode não se sustentar devido à elevação da taxa de juros.
“Entendo que nada está definido ainda. Não se vê um pronunciamento nítido e o apoio de setores importantes das classes dominantes às oposições, à CPI da Covid, enfim, a iniciativas políticas de oposição ao governo Bolsonaro”, analisou.
Para Paulo Lindsey, da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, o comportamento de Bolsonaro não impede que os projetos do interesse do grande capital financeiro continuem a ser aprovados. “O presidente é só um fantoche nas mãos do setor financeiro e das grandes corporações que determinam o que será imposto ao país”, frisou.
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“O comportamento da mídia é apenas jogo de cena, não há ataque direto à política econômica. Continua tudo como antes, com a mídia defendendo as reformas e o corte de direitos dos servidores públicos e dos demais trabalhadores”, afirmou.
Mudança na cobertura
A mídia vem fazendo matérias, agora ocupando o devido destaque, noticiando a disparada da inflação, causada pela desvalorização do real; a fuga de capitais, não apenas do chamado capital especulativo, mas de investidores de médio e longo prazos; sobre o juro alto que não atrai mais investimentos estrangeiros e aprofunda o caos econômico; o desemprego que é alto e o governo não tem uma política para minimizar seus efeitos principalmente sobre os mais pobres e os impactos da queda cada vez maior da renda das famílias, do mercado interno, sobre toda a economia.
Esta análise vem sendo feita há mais de um ano por economistas, parlamentares e dirigentes sindicais, inclusive em entrevistas ao site do Sindsprev/RJ. Mas a mídia empresarial, por apoiar a política econômica do governo, voltada para aumentar o lucro dos grandes grupos econômicos seus anunciantes e da própria mídia, vinha se negando a mostrar de forma mais evidente esta realidade.
Economistas como Adhemar Mineiro, do Dieese, Esther Dweck e Dione Oliveira, ambas doutoras em Economia pela UFRJ, entre outros, avaliavam que a política oficial de incentivo ao desmatamento da floresta Amazônica e o modelo econômico baseado no corte de investimentos públicos e na desvalorização do real levavam a uma cada vez maior estagnação da atividade econômica. Somados à instabilidade política, estes fatores vinham gerando a intensificação da fuga de capitais.
Frisavam que a desvalorização da moeda causava, há tempos, a alta da inflação. E acrescentavam que a resposta inútil do governo para conter a disparada dos preços era subir a taxa básica de juros, a Selic – como se a inflação fosse de demanda, quando é causada pela desvalorização do real – aumentando a estagnação da economia.
O ponto divergente é que a mídia empresarial aponta os sintomas, mas não as causas indicadas por estes economistas e que levaram o país ao buraco: a política econômica contracionista, de corte de investimentos; as reformas estruturais que acabaram com direitos trabalhistas e previdenciários; o aprofundamento do teto de gastos orçamentários, medidas voltadas para aumentar o lucro dos grandes grupos econômicos.
O governo Bolsonaro ainda atende aos interesses dos grandes grupos privados.
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Mas está a cada dia mais isolado, encurralado por protestos nacionais, por evidências concretas de corrução levantadas por Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), entre outros, na compra superfaturada de vacinas e por participar de campanhas de notícias falsas em massa pelo fechamento do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e por acusações sem provas de fraude no processo eleitoral conduzido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).